Contribuído por Cristão Antitípico.
Certo leitor
que chamarei de Ricardo fez o seguinte comentário:
Olá,
prezado Cristão Antitípico.
No
artigo Resposta a um leitor sobre os motivos bíblicos para a excomunhão
(desassociação) – Parte 2, você afirmou: “Veja, por
exemplo, o caso dos habitantes de Sodoma e Gomorra. Eles foram executados por
Deus, mas Jesus disse que eles estarão vivos ‘no dia do julgamento’. (Mateus
11:20-24) Isso significa que serão ressuscitados, mesmo tendo sido punidos por
Deus com a morte.”
Você
se importaria em fazer uma postagem explicando esta sua visão/interpretação que
contradiz a passagem de Judas 7? Grato.[1]
Resposta:
Olá, Ricardo. Antes de mais nada, agradeço a você
por sua bela e relevante pergunta. É justo informar-lhe de que a organização
Torre de Vigia já defendeu belamente esta visão no passado, mas o Corpo
Governante (CG) dessa organização, sabe-se lá por quê, passou a negar o evidente sentido das
palavras de Jesus em Mateus
11:20-24. Eu aceito as claras palavras de Jesus.
Judas 7
não contradiz as palavras de Jesus
Sobre a passagem de Judas 7, queira ler a própria
explicação da Torre de Vigia abaixo. Destaco em vermelho
os argumentos mais relevantes.
Citação de A Sentinela
de 1 de maio de 1966 Perguntas
dos Leitores Visto que Judas 7 mostra que
Sodoma e Gomorra se tornaram “exemplo de aviso por sofrerem a punição
judicial do fogo eterno”, não impede isso que os habitantes daquelas cidades
tenham ressurreição? — A. C., E. U. A. Lendo apenas esse versículo, sem levarmos em consideração o que o
restante da Bíblia tem a dizer sobre o assunto, a pessoa talvez tire tal
conclusão. Mas, outros textos apresentam fatos adicionais que não podem ser
ignorados, se havemos de chegar a uma conclusão razoável. Por exemplo, em Mateus 11:23, está escrito: “Se as obras poderosas que
ocorreram em ti tivessem ocorrido em Sodoma, ela teria permanecido até o dia
de hoje.” Obviamente, isto não significa que as mesmas pessoas que viviam em
Sodoma, naquele tempo de sua destruição, teriam permanecido vivas por mais de
1.900 anos, até o tempo em que Jesus proferiu tais palavras, mas que a
cidade teria permanecido como área habitada. Então, o versículo seguinte se refere ao Dia de Juízo, dizendo:
“Conseqüentemente, eu vos digo: No Dia do Juízo será mais suportável para a
terra de Sodoma do que para ti.” (Mat. 11:24) Semelhantemente, em Mateus
10:15, acham-se registradas as palavras de Jesus: “Deveras, eu vos digo: No
Dia do Juízo será mais suportável para a terra de Sodoma e Gomorra do que
para essa cidade”, em que as pessoas rejeitariam a mensagem levada pelos
discípulos de Jesus. Para que fosse “mais suportável para a terra de
Sodoma e Gomorra” do que para outros, seria mister que os anteriores
habitantes daquela terra estivessem presentes no Dia de Juízo. Não é a terra literal, o solo, que há de ser julgado. Revelação,
capitulo 20, mostra que serão as pessoas levantadas dentre os mortos que
ficarão “diante do trono”. Nem será proferido o julgamento sobre elas como
grupos, como anteriores habitantes de certas terras, mas serão ‘julgadas
individualmente segundo as suas ações’ durante o tempo de julgamento.
Portanto, aparentemente, as pessoas que costumavam viver naquela terra serão
ressuscitadas. — Rev. 20:12, 13. O que é,
então, que sofreu “a punição judicial do fogo eterno”? Ao passo que os
habitantes das cidades foram certamente destruídos, aparentemente não foram
as pessoas, mas as próprias cidades que foram eternamente destruídas. Não foram reconstruídas até os dias atuais. De forma notável,
J. Penrose Harland escreveu: “Tem-se demonstrado que Sodoma, Gomorra,
Admá e Zeboim estavam situadas, sem dúvida, na área agora coberta pelas águas
da parte meridional do Mar Morto.” — The Biblical Archaeologist Reader
(1981), página 59; veja-se também Isaías 13:19, 20. O que aconteceu aos habitantes de Sodoma e Gomorra, no tempo em que
Jeová fez chover fogo e enxofre sobre eles desde o céu, se destaca como aviso
a todos, para que evitem a conduta imoral, tal como a levada a efeito
naquelas cidades. |
A explicação feita no quadro acima é correta e eu
concordo com ela. Na década de 1980-1990, sabe-se lá por que razão, o CG mudou
de opinião e passou a limitar a abrangência do sacrifício de Jesus, excluindo
os mortos no dilúvio e os habitantes de Sodoma e Gomorra da ressurreição.[2]
As palavras de Jesus em Mateus
11:20-24 são incontestáveis. Se
entendermos que o “Dia de Julgamento” é o milênio, e de fato a Bíblia faz
relação entre essas expressões, (leia 2 Pedro 3:7-9) então os habitantes de Sodoma e
Gomorra devem estar presentes no milênio, e será mais fácil para eles a
conquista da vida eterna do que será para os habitantes de Cafarnaum – foi isso
que Jesus ensinou.
Não há “hipérbole” nisso, conforme defende o atual
CG. (Vide a nota na Tradução do Novo Mundo 2015.) A tese
da “hipérbole” foi tirada do vento, pois hipérboles não são usadas no sentido
que Jesus usou a comparação entre Cafarnaum e Sodoma. Hipérboles são exageros
óbvios, cômicos/engraçados; não é este o caso do contexto do Dia do Julgamento
de Sodoma, Corazim, Betsaida, Tiro e Sídon, em Mateus
11:20-24. Leia com atenção o texto em pauta e verá que não há nenhuma
hipérbole nem margem para tal hipérbole; Jesus apresenta um raciocínio básico,
sólido, não uma hipérbole tal qual defende o atual CG.
A conclusão é que as palavras de Jesus implicam
que os habitantes de Sodoma, e por extensão, de Gomorra, serão ressuscitados.
Negar isso é negar o ensino do Senhor.
Notas:
[1] As palavras foram
reformuladas para fins de concordância gramatical e nível acadêmico.
[2] A revista A Sentinela de
1 de abril de 1955, página 200, em inglês, havia declarado o seguinte:
“Portanto, aqueles que
morrerem no Armagedom sofrerão a mesma punição que os habitantes de Sodoma;
isto é, não terão uma ‘ressurreição de julgamento’ durante o dia do juízo, de
1.000 anos; ficarão mortos para sempre.”
Entretanto, tal frase solta na revista evidentemente não representava o pensamento da liderança da Torre de Vigia naquela época visto que nenhuma análise textual é feita na revista na tentativa de explicar o dilema; e também porque o conceito não é apresentado como um “ajuste de entendimento”, é apenas uma frase solta que retrata o conceito do editor individual, pois havia certa independência na produção de conteúdo escrito. Portanto, não há base suficiente para afirmar que a declaração de A Sentinela de 1955 tenha sido um entendimento oficial das TJs (Testemunhas de Jeová) que foi alterado; parece mais um conceito errado do redator que não fora escrutinado antes de ser publicado. Quando a liderança das TJs anula um entendimento, isso é feito oficialmente, mas não é o caso da citação de A Sentinela de 1955.
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Comentários
Entretanto, se você ler o relato de Mateus 11, verá que Jesus relaciona a destruição de Sodoma com a presença dos habitantes no milênio.
Leia e reflita sobre o texto. Abraço.