Contribuído por Cristão Antitípico.
Em sua carta aos gálatas, Paulo, sob inspiração do espírito santo,
menciona várias obras da carne cujo o praticante se torna inelegível para o
reino de Deus. (i.e., terá a salvação anulada.)
Uma dessas
obras da carne é akatharsía, a saber, “impureza”. Lemos:
(Gálatas 5:19-21) 19 Ora, as obras da carne são
manifestas, as quais são fornicação, impureza.
. . os que praticam tais coisas não herdarão o reino de Deus.
Afinal, na prática, o que é “impureza”? Será
que se refere a ações ou a sentimentos? Podemos saber a quais ações concretas
tal palavra se refere? Neste artigo analisarei as referências desse termo no
Novo Testamento e mostrarei seu real sentido e aplicação nas Escrituras
Sagradas.
Dissertação Definição versus referência As palavras possuem definições, que são
explicações dos sentidos que podem ser lidas em dicionários, e também possuem
referências, que são aquilo a que, na prática, a palavra está fazendo a
alusão. Na hora de traduzir para o idioma alvo,
o tradutor deverá escolher entre usar o sentido ou a referência para uma
palavra ou expressão. O problema de traduzir tudo de forma sempre literal (com
base no sentido) é que muitas palavras e expressões não farão sentido no
idioma alvo. Um exemplo disto é o uso de metáforas. São frequentes os casos
em que uma palavra é usada com referência distinta do sentido, embora não
plenamente; o problema de traduzir pela referência é que a opinião do autor
influenciará a compreensão do leitor quanto ao sentido original da mensagem.
Pode-se dizer que o sentido do signo linguístico é encontrado no léxico, mas
a referência é encontrada no contexto. Vejamos um exemplo disso. A palavra
grega κοίτη (koitē) significa literalmente “cama” ou “sofá”. Este é
o sentido da palavra. No entanto, em Hebreus 13:4 o
escritor usa κοίτη para se
referir a “relação sexual”, como no caso do adultério. Esta é a referência
da palavra. O termo “cama” é usado para se referir às relações sexuais
devido à conexão entre cama e as intimidades do matrimônio. Já em Romanos
13:13, o termo “cama” é usado como referência à “emissão de sêmen”. Algumas palavras gregas são bastante
abstratas, e isso dificulta a tradução porque não sabemos a referência original
na mente do escritor, não sabemos a que exatamente o escritor se referia a
menos que o contexto venha a esclarecer. Uma palavra abstrata pode ser usada
de forma muito ampla, mas se for usada muitas vezes e em muitos contextos,
será mais fácil de compreender sua raiz semântica por ver o sentido básico em
comum. Quanto mais próximos da raiz semântica forem os usos da palavra, mais
identificável ela será, mas o termo se torna mais obscuro à medida que seus usos
se afastam da raiz semântica. E se a palavra é usada poucas vezes, fica bem
mais difícil entender seu sentido básico. Esses exemplos esclarecem a diferença
entre sentido e referência. Na palavra akatharsía, temos
o sentido que é “impureza”, mas mostrarei que não encontramos referências
claras no Novo Testamento, isto é, não sabemos com certeza absoluta a que akatharsía
faz referência, quais ações, quais sentimentos, quais situações. |
A definição
do Mounce Concise Greek-English Dictionary para esse termo é: “impureza,
lascívia [desejo sexual exagerado], impureza de motivo”. Destaquei
em negrito a última expressão “impureza de motivo” porque a obra Thayer’s
Greek Definitions usa também a mesma expressão e porque é a referência
semântica mais objetiva que pode ser encontrada nas Escrituras Gregas Cristãs
para akatharsía.
Em todas as 10 (dez) ocorrências de akatharsía no NT, nenhuma ação concreta é relacionada ao termo, e as referências mais claras que encontramos é em conexão com sentimentos impuros e porneía, ilegalidade e também o estado de impureza/sujeira em sentido moral. Em outras palavras, na Bíblia, akatharsía não possui aplicação muito clara, mas pode se referir aos sentimentos impuros que acompanham ações impuras e também ao estado de impureza após ter-se cometido sexo ilícito (porneía).
De todas as
referências para akatharsía no Novo Testamento, nenhuma ação concreta
é atribuída ao termo. |
Na tabela a
seguir pode-se observar todas as ocorrências de akatharsía no NT. Leia
atenciosamente cada texto e perceberá que a palavra nunca se refere a ações
concretas; mas as referências mais perceptíveis são:
1) A sujeira
literal (Mat 23:27), o que pode ser usado como metáfora para uma aplicação
moral;
2) Sentimentos
impuros (1Tes 2:3, 4);
3) O estado de impureza em contraste com o estado de santidade. (1Tes 4:7)
Isso ocorre após o pecado ter sido cometido;
Texto |
Citação (TNM15) |
Referência |
Mat 23:27 |
“Ai de
vocês, escribas e fariseus, hipócritas! Porque são como sepulcros caiados,
que por fora realmente parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de
mortos e de todo tipo de impureza.” |
Aquilo que é podre,
fétido, que está dentro de uma sepultura. |
Rom 1:24 |
“Portanto Deus, em harmonia com os desejos do coração deles, os
entregou à impureza, para que desonrassem
o seu próprio corpo.” |
Relacionada a atos
homossexuais, mas não se sabe a que exatamente. |
Rom 6:19 |
“Estou falando em termos
humanos por causa da fraqueza da sua carne; pois, assim como vocês
apresentaram os seus membros como escravos à impureza
e ao que é contra a lei, resultando no que é contra a lei, apresentem
agora os seus membros como escravos à justiça, o que levará à santidade.” |
Está conectada com
“aquilo que é contra a lei”. Mas não se sabe exatamente o que seria isso. |
2Co 12:21 |
“Talvez, quando eu for
novamente, meu Deus me humilhe diante de vocês, e eu tenha de chorar por
muitos que anteriormente pecaram e não se arrependeram da impureza, da imoralidade sexual e da conduta
insolente que praticaram.” |
Parece estar
relacionada a desejos imorais. |
Ef 4:19 |
“Tendo perdido todo o senso
moral, entregaram-se à conduta insolente para praticar com ganância [lucro monetário injusto] todo tipo de impureza.” |
Aparenta estar relacionada
a algo sexualmente imoral. |
Ef 5:3 |
“A imoralidade sexual, todo
tipo de impureza e a ganância [lucro monetário injusto] não sejam nem mesmo
mencionadas entre vocês, assim como é próprio de pessoas santas. . .” |
Não há referências
claras. |
Gál 5:19 |
“As obras da carne são
claramente vistas. Elas são: imoralidade sexual, impureza,
conduta insolente. . .” |
Relacionada à
sexualidade, mas não se sabe a que exatamente. |
Col 3:5 |
“Façam morrer, portanto, os
membros do seu corpo com respeito a imoralidade sexual, impureza, paixão desenfreada, desejos
prejudiciais e ganância, que é idolatria.” |
Relacionada a algo
sexualmente imoral, aparentemente desejos. |
1Tes 2:3, 4 |
“Pois a exortação que damos não
vem de erro nem de impureza, nem é
enganosa. . . o nosso coração.” |
Certamente
relacionada a sentimentos. |
1Tes 4:7 |
“Pois Deus nos chamou, não para
a impureza, mas para a santidade.” |
Relacionada ao estado
de estar impuro em contraste com o estado de ser santo. |
Essa
exposição objetiva mostra que nenhuma ação específica é atribuída à akatharsía
(impureza) no NT; também mostra que o termo, quando há uma referência um
pouco mais clara, conecta-se a sentimentos/desejos
impuros, ou mesmo àquilo que é sujo de forma genérica, e também ao
estado de impureza resultante de um pecado sério (como porneía) em
contraste com o proceder de santidade, mas nunca a ações concretas. Nesta
última referência, poderíamos dizer que se um sujeito pratica sexo ilícito, ele
está em um estado de impureza. Logo, a raiz semântica de impureza não é uma
ação. Neste ponto, impureza seria o resultado moral de porneía. Em
outras palavras, “impureza” não é o que a pessoa faz, mas é o estado moral que
passa a ter por causa dos pecados que comete.
Será que
poderíamos inventar ações e dizer que os que praticam tais ações são culpados
de “impureza” segundo o uso escriturístico do termo, e assim excomungá-los/desassociá-los
da congregação? Reflitamos sobre a seguinte situação hipotética. Dois namorados
se beijam apaixonadamente e ficam sexualmente estimulados, mas não fazem nada
além disso; eles são solteiros e desimpedidos. Será que poderíamos dizer que cometeram
“impureza”? Não há uma resposta objetiva com base na Bíblia para isso, pois,
conforme a lista anterior atesta, a Bíblia não apresenta quaisquer ações para a
palavra akatharsía. Portanto, ninguém poderá dizer que as pessoas
envolvidas neste exemplo hipotético são culpadas de cometer “impureza” em seu
sentido bíblico. E há ainda outro motivo lógico que reitera essa conclusão,
conforme mostrarei a seguir.
Jeová Deus
criou o homem para a mulher e a mulher para o homem. Se dois jovens
desimpedidos estão namorando e pretendem se casar, é não apenas natural como
também excelente que tenham forte atração sexual um pelo outro. Deus nos criou
dessa forma – isso procede do Criador. Portanto, ninguém poderá dizer que a
“forte atração sexual” entre um homem e uma mulher que pretendem se casar é
“impureza”.
As relações
sexuais são apenas para os casados segundo a moralidade cristã. O sexo
pré-marital corresponde à porneía, que é uma ação pecaminosa. (1
Coríntios 7:1-3) Portanto, é obviamente impróprio que um casal de namorados
acaricie os seios – no caso, o rapaz para com a moça – ou que acariciem por
cima ou por baixo da roupa os órgãos sexuais um do outro, pois normalmente as
relações sexuais entre casados começam dessa forma e, visto que duas pessoas
ainda não casadas não podem ter relações sexuais, não devem estimular os
desejos uma da outra de tais formas.
Entretanto,
se um casal de namorados fizer isso uma, duas ou mesmo várias vezes, mas não
forem além disso, são eles culpados de cometer “impureza”, segundo a
Bíblia? A resposta é: ninguém pode afirmar isso. Parece absurdo? Se você acha
que sim, peço que aguente firme e reflita comigo sobre os 3 pontos a seguir:
1)
A Bíblia
não atribui nenhuma ação concreta a akatharsía. Assim, não há base
bíblica objetiva ou mesmo comparativa para afirmar que tal ação equivale a
impureza;
2)
Impureza é apresentada
como sentimento/desejo, e não sabemos julgar os sentimentos dos envolvidos para
determinar de forma objetiva se são culpados de impureza. Só Deus poderá
condenar pessoas pela “impureza de motivo” no íntimo delas;
3) Não há nada
de impuro em um casal de jovens que têm forte atração/desejo sexual um pelo
outro, pois Jeová nos criou assim. Eles continuarão tendo o mesmo desejo um bom
tempo depois de casados, apenas o que mudará é o fato de estarem casados, não o
desejo em si. Portanto, o desejo que sentem um pelo outro não é pecado;
É evidente
que dois jovens que praticam isso se colocam em sério risco no que tange a
potenciais pecados mais graves. O senso comum sugere que provavelmente, embora
não necessariamente, tais jovens se envolverão em conduta sexual pecaminosa, a
saber, fornicação/imoralidade sexual. (Leia Provérbios 6:27) Se
eles se tornarem fornicadores, eles se tornam impuros perante Deus, e deverão
ser expulsos da congregação, não por terem “praticado impureza”, mas por terem
se tornado fornicadores. A impureza é o resultado disso.
A que akatharsía não se refere?
Conforme já
dissertei, no NT não há ações concretas atribuídas a akatharsía, mas o
termo, quando a referência é mais claramente identificável, refere-se a
sentimentos/desejos impuros, sentimentos de caráter sexual que não deveriam ser
nutridos, ao estado de impureza em contraste com o proceder de santidade e
também à sujeira/impureza de modo geral, que é um estado, não uma ação. Ao que
tudo indica, é por isso que o termo muitas vezes aparece junto de porneía (sexo
ilícito). Portanto, a seguir enfatizo ações às quais akatharsía, no seu
uso bíblico, não se refere:
a. Não se refere à ação de
viver em “extrema falta de limpeza (física)”, como no caso de uma pessoa ser
bastante suja, talvez por não escovar os dentes frequentemente, banhar-se
raramente, expelir odores indesejáveis, mesmo porque padrões de limpeza variam
muito do Brasil para a África, por exemplo. A Bíblia não apresenta níveis de
impureza que seriam supostamente toleráveis e além dali não mais seriam
toleráveis.
b. Não se refere à ação de
usar tabaco, noz de bétele ou mesmo drogas intoxicantes como maconha, cocaína,
morfina, nem ao abuso de remédios. Obviamente, se a pessoa ficar
propositalmente intoxicada, ela se torna impura como resultado do
pecado;
c.
Não se
refere à ação de fazer sexting (falar sobre coisas imorais
pelo telefone) mandar fotos sensuais pelo computador ou smartphones,
embora, evidentemente, tais ações sejam motivadas por desejos impuros;
d. Não se refere à ação de assistir
pornografia ou mesmo “formas repulsivas de pornografia”, como vídeos de estupro
em grupo, sexo grupal, ou qualquer outra coisa tão repugnante quanto; embora,
evidentemente, tais práticas sejam motivadas por desejos impuros;
Todas as
ações acima são certamente erradas e algumas delas repugnantes para alguém que
leva o nome de Cristo e de Jeová Deus. Contudo, as ações mencionadas não
são akatharsía no sentido bíblico do termo, pois akatharsía não
se refere a ações. Não me entenda mal, prezado leitor, é claro que eu concordo
que todas essas ações são péssimas para qualquer pessoa, ainda pior para
aqueles que portam o nome do Senhor. Não há dúvidas de que um cristão viciado
em pornografia está nutrindo desejos impuros que o tornam inelegível para o
reino de Deus. O foco deste estudo que apresentei aqui é apenas apresentar o
sentido e aplicação na Bíblia do termo “impureza” (akatharsía).
O que são “sentimentos impuros”?
Sentimentos
impuros (akatharsía) tornam a pessoa inelegível para a salvação. Visto
que não podemos julgar sentimentos, tal impureza só pode ser julgada pelo
Criador, que examina nossos corações, nunca pela congregação. (1 Crônicas 28:9)
Em outras palavras, a congregação julga ações; as motivações, sentimentos,
desejos são julgados apenas pelo Criador. (1 Coríntios 6:1-6)
Todo o cristão, entretanto, tem em si o dever de lutar contra desejos impuros.
Vejamos alguns desejos impuros que os cristãos devem repudiar ou contra os
quais todo cristão deve lutar:
a) Desejos
sexuais por pessoas casadas; (Êxodo 20:17; Mateus 5:28)
b) Desejos
sexuais por pessoas sem roupa (refiro-me à pornografia); (Jó 31:1)
c) Desejos
sexuais por qualquer coisa que vá contra a natureza da sexualidade pura criada
por Jeová, tal como por pessoas do mesmo sexo, por crianças, ou até mesmo por animais;
(Romanos 1:24, Judas 7)
d) Desejos de
ódio, assassinato, agressão, tortura ou outras coisas moralmente repulsivas;
Sem dúvida,
pode haver casos em que o modo como um menino ou menina foi criado (a), talvez
sem a presença de um pai ou mãe exemplar, ou mesmo casos de abuso sexual
infantil, ou ainda fatores hormonais, façam um jovem sentir atração por pessoas
do mesmo sexo, ou outros desejos impróprios segundo os conceitos de Deus
apresentados nas Escrituras Sagradas.
Há
obviamente desejos que não pedimos para ter, mas simplesmente temos e não
podemos apagá-los totalmente. Contudo, lembremo-nos de uma bela ilustração: você
não pode impedir que um pássaro sobrevoe sua cabeça, mas pode impedi-lo de
fazer um ninho ali. O mundo apartado de Deus tem ensinado que não há
desejos sexuais errados, mas que todo o desejo sexual é puro e deve ser
extravasado. Isso evidentemente não se harmoniza com o conceito bíblico de um
homem virtuoso. O homem virtuoso tem autodomínio (autocontrole), trata as
mulheres com dignidade, como damas a serem amadas, protegidas e honradas, não
como objetos de prazer ou pedaços de carne com os quais seus desejos impuros
poderão ser satisfeitos.
Mulheres
virtuosas respeitam os homens e agem como pessoas dignas de respeito por eles,
esperam deles força moral, masculinidade e virilidade, gentileza, determinação
e atitude, esperam que os homens sejam bons trabalhadores e provedores, não os
encaram como objetos sexuais nem se permitem serem vistas dessa forma por eles.
Há muitos
desejos impuros que habitam os corações das pessoas no mundo apartado do
Soberano Senhor Jeová. É imperativo que nós, cristãos, lutemos contra tais
desejos e evitemos situações que poderiam despertá-los em nós, como assistir
pornografia, participar de conversas onde o sexo é abordado de modo vulgar, ou
mesmo frequentar locais onde mulheres e homens praticam lap dancing e
coisas semelhantes a estas. Aqueles que nutrem desejos impuros não herdarão
reino de Deus e aqueles que praticam o pecado se tornam impuros.
Conclusão
A palavra akatharsía
é traduzida por “impureza” e significa “impureza de motivo”. Nenhuma ação
concreta é atribuída a tal termo nas Escrituras, mas sempre que há uma
referência clara, akatharsía alude aos desejos
impuros, à ilegalidade, à sujeira e ao estado de impureza em contraste com o
proceder de santidade. A Bíblia ensina que os que nutrem sentimentos
impuros não herdarão o reino de Deus.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
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republicados, desde que seja citada a fonte: o site
www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Una pregunta:
Existe la palabra " biblia" en la Biblia?
Saludos !
Se 2 pessoas que se masturbam não é porneía, tampouco é impureza, que classificação de pecado recebe?
Entretanto, se tuas pessoas cometem isto, elas estão pecando contra Deus por duas razões:
1) Elas não estão 'amortecendo os membros dos seus respectivos corpos', mas excitando-os de forma imprópria. Isso é pecado. (Col 3:5);
2) Elas não demonstram amor ao próximo nem a si mesmas porque estão se expondo a um pecado sério. Muito provavelmente elas se envolverão em porneía.
Tudo bem ser autocrática, só não minta para as outras pessoas dizendo que é "teocrática" e depois que a pessoa entrou para a religião, as vocês dizem: "Ah, mas não é bem assim, temos que obedecer a tudo que vem da organização". Isso não é ser "teocrático", mas autocrático.
Concluindo: tudo bem ser autocratico, desde que você não minta para a pessoa por dizer que esta é uma religião que segue ou se guia pela Bíblia, porque isso não é verdade.
Dentro do contexto bíblico, o uso de tabaco é sem dúvidas uma prática de desrespeito ao próprio corpo, e a pessoa que usa o tabaco não mostra que ama a Deus mais que aos prazeres.
Entretanto, não há base bíblica para desassociar uma pessoa pelo uso de tabaco, pois a Bíblia não diz que quem usa tabaco (ou algo equivalente) deva ser desassociado.
Tanto é verdade que foi apenas em 1974 que o Corpo Governante das TJs transformou o uso de tabaco em pecado de desassociação. Até aquele ano, embora já fosse claro que o uso do tabaco era algo impróprio para cristãos, quem usava tabaco poderia se batizar e ser uma TJ, apenas não poderia ser representante da Sociedade.