Contribuído.
Resumo Neste estudo as palavras “apostasia”, “heresia” e
“cisma” serão analisadas à luz das Escrituras e dos léxicos bíblicos e não bíblicos quanto aos seus respectivos sentidos e usos. As organizações religiosas possuem referências e
definições próprias para esses termos e, em certos casos, as definições
denominacionais não se relacionam com aquelas apresentadas nas Escrituras. A apostasia é definida de forma bastante cingida na
Escritura. Refere-se à uma atitude, não ao ensino. O apóstata é aquele que
abandona, larga, deixa de seguir o ensino das Escrituras de forma consciente;
esse termo não se refere ao ato de contestar a autoridade de homens
específicos nem a discordar de um ensino específico. A heresia se refere a criar uma
seita/partido/facção e também a ensinar falsas doutrinas que eventualmente
criarão tais seitas. Este termo não se refere a criticar homens. A heresia é
pecado de desassociação, mas precisa ser provada biblicamente de forma
incontestável. Portanto, tal acusação deve ser analisada sempre à luz das
Escrituras, jamais em comparação com livros feitos por homens. Há pelo menos
um exemplo bíblico de falsa acusação de heresia. O cisma equivale a disputas sobre líderes humanos e
pode se referir à rejeição da autoridade ou liderança da congregação. No
catolicismo, o cisma equivale a rejeitar a autoridade papal. |
Essas são palavras de cunho religioso que podem ser
erroneamente usadas como se fossem intercambiáveis ou sinônimos. Então neste
estudo analisarei esses 3 termos, suas definições lexicais, definições
denominacionais e também suas aplicações e referências nas Escrituras Sagradas.
É importante
começarmos por distinguir definição lexical de definição
denominacional.
Definição denominacional versus
definição lexical e bíblica
Às vezes alguma
denominação cristã pode usar um termo de origem bíblica, tal como “apostasia”,
e na comunidade dos crentes esse termo talvez possua uma referência diferente
das referências lexicais e até mesmo bíblicas para o termo “apostasia”. Essa
diferença pode ser ilustrada com o seguinte fato: A palavra “pioneiro” é
definida no dicionário como “aquele que primeiro abre ou descobre regiões
desconhecidas. . . desbravador”.[1]
Mas entre as Testemunhas de Jeová (TJs) esse termo é usado em referência a um
evangelizador por tempo integral. Este caso amplia nossa compreensão quanto à
diferença entre sentido lexical e definição denominacional; a definição
denominacional é diferente do sentido lexical, embora ainda exista evidente
conexão semântica.
De forma similar, o
termo “apostasia” possui um sentido bíblico e lexical que pode diferir do modo
como algumas denominações cristãs talvez o usem.
“Apostasia” – o que é?
Essa palavra é transliterada do grego ἀποστασία (apostasía) e
aparece 2 vezes no Novo Testamento (NT). Em Atos 21:21 nós lemos que os anciãos
de Jerusalém disseram a Paulo:
(Atos
21:21) “Mas eles ouviram rumores a respeito de ti, de que
tens ensinado a todos os judeus entre as nações uma apostasia
contra Moisés, dizendo-lhes que não circuncidem os seus filhos nem andem
nos costumes [solenes].” (TNM 1986)
Note que Paulo não foi
acusado de apostasia; ele foi acusado de ensinar os judeus a praticar uma
apostasia, a saber, um abandono, em relação à lei de Moisés. Em outras
palavras, Paulo estava sendo acusado de instruir os judeus a se afastar, isto
é, a renunciar a lei de Moisés em um ponto específico, embora não em totalidade.
Inclusive algumas traduções vertem apostasia com o sentido de abandono.
Então, se um judeu se afastasse ou abandonasse a lei de Moisés, isso era visto
como apostasia.
Em conexão com isso, o
dicionário Thayer’s Greek Definitions define apostasia como
“queda”; e o Mounce Cocise Greek-English Dictionary define também como
“rebelião”. Assim, um judeu que renegasse a lei de Moisés ou a abandonasse
cometeria “apostasia”.
A apostasia não se
refere ao pecado involuntário que afasta o indivíduo daquilo que é justo e
santo e que ocorre por tendências pecaminosas, como no caso de um jovem que em
sua mocidade se apaixona por uma moça e se envolve em conduta sexual imprópria
com ela antes do casamento; antes, o termo se refere a uma rejeição consciente
do caráter moral, espiritual e teológico da Escritura, como no caso de um
indivíduo (que até então era cristão) conscientemente afirmar que a lei bíblica
contra a fornicação (porneía) é errada ou inválida, e então se envolver
em conduta sexual imprópria.
Outra referência bíblica para apostasia é:
(2 Tessalonicenses 2:3) “Que ninguém vos seduza, de maneira alguma, porque não virá a menos que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem que é contra a lei, o filho da destruição.” (TNM 1986)
No
contexto profético de 2 Tessalonicenses 2:3, Paulo aparentemente se refere a
Daniel 11:32-39, e a palavra apostasia se refere a um período de
afastamento total da verdadeira fé. Essas são as duas únicas referências
bíblicas para apostasia.
Portanto, a apostasia
também se refere à queda na escuridão espiritual por parte de um grupo
religioso ou mesmo por vários indivíduos. Um exemplo disso seria um líder
político perseguir os cristãos verdadeiros e, em vista dessa perseguição,
vários desses se tornarem ateus. Isto seria apostasia.
O verbo aphistēmi não
significa necessariamente “apostatar”
O verbo ἀφίστημι (aphistēmi) significa “afastar-se”, “desviar-se”,
“partir”. E quando usado em conexão com a verdade cristã, às vezes é parafraseado[2]
por “apostatar” em algumas traduções.
(1
Timóteo 4:1) “No entanto, a pronunciação inspirada diz
definitivamente que nos períodos posteriores de tempo alguns se desviarão (aphistēmi) da fé,
prestando atenção a desencaminhantes pronunciações inspiradas e a ensinos de
demônios.” (TNM 1986)
Algumas traduções, tais como Darby
e A Faithful Version, vertem aphistēmi por “apostatar”. No entanto, aphistēmi não significa “apostatar da verdade
cristã”. Em 2 Timóteo 2:19 nós lemos que a pessoa deve renunciar, ou se afastar
da injustiça, e o verbo é aphistēmi.
(2 Timóteo
2:19) “Apesar disso, o sólido alicerce de Deus
permanece, tendo este selo: ‘Jeová conhece os que lhe pertencem’ e ‘Todo
aquele que invoca o nome de Jeová renuncie à
injustiça’”.[3] (TNM
1986)
Portanto,
o verbo aphistēmi não possui intrinsicamente conotação negativa, ao
contrário da palavra “apostatar” que é sempre aplicada negativamente. Assim,
traduzir aphistēmi por “apostatar” não é linguisticamente preciso,
embora lance luz sobre como alguns tradutores bíblicos entendem o termo
“apostatar” em inglês (apostatize), português, ou outros idiomas onde o radical
grego é mantido.
De
uma perspectiva lexical e teológica, apostatar ou cair na
apostasia refere-se à renúncia da palavra de Deus e da verdade cristã. Um
cristão que deixa de crer na Bíblia como palavra de Deus, que abandona a fé em
Cristo é culpado de apostasia. A apostasia resulta na perda da salvação. Isso é
tudo que podemos inferir com base na Bíblia.
Definições denominacionais
Nas
definições denominacionais, contudo, apostasia assume um sentido um pouco
diferente de sua aplicação na Bíblia, mesmo que certa relação semântica ainda
exista. E isso também pode variar de religião para religião. Geralmente, porém,
o termo se refere ao abandono da religião para que outra ideologia seja
seguida. Por exemplo, se um católico se converte ao protestantismo, isso é
visto como apostasia pela igreja católica, mas não pelo protestantismo; se um
muçulmano se torna cristão, isso também é visto como apostasia pelo islamismo,
e a punição é a pena de morte em países islâmicos, mas não é visto assim pela
igreja cristã. Portanto, de uma perspectiva denominacional, apostasia é
um conceito relativo e se refere ao abandono da doutrina, do ponto de vista da
religião abandonada, e a conversão para um novo conjunto de crenças, seja outra
religião ou até mesmo o ateísmo.
Em
harmonia com isso, certo dicionário define apostasia como:
“Abandono público de uma religião ou renúncia da fé;
abjuração. . . Renúncia aos vínculos religiosos ou sacerdotais.”[4]
O que não é apostasia?
Vejamos
agora o que apostasia não é. Apostasia não é definida como crítica a um
presbítero, líder ou ancião. Na Bíblia nós lemos relatos onde houve críticas
públicas da parte do apóstolo Paulo em relação a discípulos destacados,
inclusive ao apóstolo Pedro.
(Gálatas
2:11-14) “No entanto, quando Cefas [i.e.,
o apóstolo Pedro] veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara
condenado. Pois, antes da chegada de certos homens da parte de Tiago, ele
costumava comer com pessoas das nações; mas, ao chegarem, passou a retirar-se e
a separar-se, temendo os da classe circuncisa. Também os demais judeus
juntaram-se a ele neste fingimento, de modo que até
mesmo Barnabé se deixou levar por eles no seu fingimento. Quando
vi, porém, que não estavam andando direito segundo a verdade das boas novas, eu disse a Cefas na frente de todos eles: ‘Se tu,
embora sejas judeu, vives como as nações e não como os judeus, como é que
compeles as pessoas das nações a viver segundo as práticas judaicas?’” (TNM
1986)
Note
que Paulo não criticou Pedro em particular, mas “na frente de todos” os que
estavam presentes na ocasião. Pedro era um dos 12 apóstolos e, se olharmos de
uma perspectiva hierárquica para a estrutura organizacional do NT, Pedro estava
acima de Paulo. (Leia 1 Coríntios 12:28.) Os 12 apóstolos, entre
os quais Paulo não estava incluso, eram os únicos com autoridade máxima na
congregação cristã. Ainda assim, a crítica pública de Paulo a Pedro não foi
encarada como apostasia. Isso estabelece um padrão para nós: criticar
indivíduos usados por Deus ou não, não constitui apostasia. Portanto, ninguém
na congregação cristã tem o direito de se colocar acima de críticas por rotular
como apóstata aquele que o critica. Nem Pedro, nem a congregação fez isso com
Paulo. Obviamente o conceito de apostasia não possui nenhuma relação com lançar
críticas sobre homens específicos e somente instrutores desqualificados fariam
tal relação.
Vemos ainda outro exemplo que aponta para a
mesma conclusão. Paulo diz em 2 Coríntios 11:4, 5, 13:
“Pois, do modo como é, se alguém
vem e prega um Jesus diferente do que nós pregamos, ou recebeis um espírito
diferente do que recebestes, ou boas novas diferentes do que aceitastes, vós
facilmente [o] suportais. Porque eu considero que em nem uma única coisa me
mostrei inferior aos vossos superfinos apóstolos.... Porque tais homens são falsos apóstolos, trabalhadores fraudulentos,
transformando-se em apóstolos de Cristo.” (TNM 1986)
Sabemos pouco sobre esses “superfinos
apóstolos”, mas o ponto é que eles foram criticados publicamente por Paulo. Visto
que eles evidentemente se intitulavam “apóstolos”, eram anciãos (presbíteros) e
tinham, ou afirmavam ter, uma posição de ensino na congregação. As palavras do
versículo 4 indicam que eles pregavam “outro Jesus”, diferente daquele que
Paulo pregava. Além disso, o contexto mostra que eles menosprezaram Paulo e
desafiaram sua autoridade. Por causa disso, Paulo disse que eles eram “falsos
apóstolos e trabalhadores fraudulentos”.
Portanto, se criticar publicamente indivíduos
fosse apostasia, mesmo que sejam pastores ou anciãos, isso também se aplicaria
ao apóstolo Paulo, e mesmo ele não poderia ter feito o que fez. Afinal, se há
um conceito ou uma definição, isso se aplica a todos. Portanto, fica provado
que criticar publicamente indivíduos não constitui apostasia.
Apostasia também não se refere à discórdia e
desunião. Por exemplo, digamos que a congregação tenha uma interpretação
específica sobre um texto bíblico, mas alguns membros possuem opiniões
diferentes; talvez achem que o texto não se refere àquilo que a maioria da
congregação acredita que se refere; isso tampouco é apostasia. Apostasia não
significa criticar pessoas nem significa discordar sobre pontos teológicos
específicos. Portanto, evite chamar alguém de apóstata só porque essa pessoa
discorda de um sujeito específico ou porque criticou alguém. Fazer isso é
ignorância quanto ao sentido do termo apostasia.
Visto que a apostasia se refere ao abandono
da fé seguido da conversão para uma nova ideologia, não faz sentido que o
apóstata seja expulso da sua anterior religião para que saia dela; antes, ele
mesmo decide abandonar a fé e a sua religião. Portanto, apostasia não requer desassociação,
pois envolve, em essência, a saída voluntária. Em outras palavras, o apóstata
renuncia voluntariamente sua anterior religião.
O que é heresia?
A palavra grega αἵρεσις (haíresis) é traduzida por
“heresia” e também por “seita” nas Escrituras Sagradas.[5]
Em muitos casos os termos “seita/partido” e “heresia” aparecem nas traduções
para o inglês como sendo termos intercambiáveis. Ainda assim, um padrão pode
ser percebido. A seguir segue uma tabela comparativa. A palavra haíresis
aparece 4 vezes no livro de Atos e sempre se
refere a grupos de indivíduos, isto é, facções/partidos. Nisso vemos um padrão:
Tradução |
5:17 |
24:14 |
25:6 |
28:22 |
AFV |
“seita” |
“heresia” |
“seita” |
“seita” |
KJV |
“seita” |
“heresia” |
“seita” |
“seita” |
ESV |
“partido” |
“seita” |
“partido” |
“seita” |
Darby |
“seita” |
“seita” |
“seita” |
“seita” |
ASV |
“seita” |
“seita” |
“seita” |
“seita” |
DRB |
“heresia” |
“heresia” |
“seita” |
“seita” |
LEB |
“partido” |
“seita” |
“partido” |
“seita” |
Das 29 traduções analisadas para as 4 ocorrências
de haíresis
no livro de Atos, 25 vertem por “seita/partido”, e apenas 4 optam por
“heresia”. Essa palavra grega é citada em mais 3 passagens no NT, a saber, 1 Coríntios 11:19, Gálatas 5:20 e
2 Pedro 2:1. Na primeira carta aos coríntios as palavras
“haverá seitas entre vocês” podem ser entendidas, com base no contexto, como
uma referência tanto a falsas doutrinas quanto à formação de partidos, facções.
E no texto de Gálatas não há contexto imediato. Portanto, estes textos ficarão
fora de análise. Já em 2 Pedro 2:1 a referência de haíresis
é para doutrinas falsas que seriam introduzidas na congregação
cristã por “falsos profetas” e “falsos mestres”. O resultado do ensino de
falsas doutrinas é a formação de facções. E notamos um padrão nas traduções
para o inglês.
Tradução |
2 Pedro 2:1 |
AFV |
“heresias” |
KJV |
“heresias” |
ESV |
“heresias” |
Darby |
“heresias” |
ASV |
“heresias” |
DRB |
“seitas” |
LEB |
“heresias” |
O padrão percebido nas traduções em inglês é
que, quando a referência do termo grego é facções ou partidos, em geral a
tradução é “seita/partido”; tais como “a facção dos fariseus”, ou “a facção dos
saduceus”; ao passo que quando a referência é a falsa doutrina ou falso ensino,
a tradução majoritária é “heresia”. Com base nisso podemos inferir que, embora
“seita” e “heresia” sejam termos muitas vezes vistos como intercambiáveis para
o grego haíresis,
eles destacam aspectos levemente diferentes, embora interligados. A seita se
refere à facção contaminada pela heresia; a heresia se refere primariamente ao
falso ensino no qual a seita está fundamentada.
“O homem que promove uma seita”
A Bíblia usa uma vez apenas o termo αἱρετικός (aihretikós), que significa
“herege” e se refere a alguém que promove uma heresia, a saber, uma falsa
doutrina que resultará em uma seita. Se após fortes conselhos o homem herege
não retroceder, deverá ser expulso da congregação. (Tito 3:9, 10) Mas o que prega
o homem herege? Paulo cita alguns assuntos apresentados pelo herege e isso
lança luz sobre o que significa promover uma heresia/seita.
(Tito
3:9) “Esquiva-te, porém, de questões tolas e de
genealogias, e de rixas e lutas sobre a Lei, porque são sem proveito e fúteis.”
(TNM 1986)
No versículo seguinte Paulo menciona o homem
herege que deve ser expulso da congregação. Assim, 3 assuntos são citados em
relação com o homem herege:
1. questões tolas;
2. genealogias;
3. rixas
e lutas sobre a Lei;
Sobre o ponto 1, a palavra para “questões” é zētēsis, e se refere a uma disputa, um assunto
de controvérsia. Em Atos 25:20 a palavra é traduzida por “controvérsia” na TNM
e faz referência contextual para a ressurreição de Jesus Cristo; em 1 Timóteo
6:4 o contexto indica que a controvérsia é em conexão com a devoção a Deus e
com a instrução sadia que vem de Jesus Cristo. Portanto, conclui-se que as
“questões tolas” promovidas por potenciais hereges são interpretações
alternativas para o sentido claro do ensino de Cristo. Por exemplo, Paulo
escreveu a respeito de alguns nos seus dias:
(2 Timóteo
2:17, 18) “A palavra deles se espalhará como gangrena.
Himeneu e Fileto são desses. Estes mesmos se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição já ocorreu; e estão
subvertendo a fé que alguns tem.” (TNM 1986)
Não há nada que indique que Himeneu e Fileto
não cressem em Deus, na Bíblia e no sacrifício de Jesus. Entretanto, neste
único ponto básico, quanto ao que ensinavam a respeito do tempo da
ressurreição, Paulo os classificou como hereges, e eles deveriam ser
desassociados da congregação, como de fato foram. (Leia 1 Timóteo 1:20.)
Naturalmente, se uma pessoa apenas tem dúvidas ou está mal informada sobre
algum ponto, deverá ser ajudada e orientada por cristãos qualificados em vez de
ser tratada como potencial herege.
Portanto, as “questões tolas” envolvem a
propagação de sentidos alternativos e errados para o ensino da Bíblia,
mesmo que o indivíduo ainda creia na Escritura, em Deus e em Cristo.
O ponto 2 é sobre a expressão emprestada do
grego genealogia. Esta é uma palavra de fácil definição e perfeitamente
referencial. A genealogia é o rastreamento dos ancestrais. Alguns cristãos
perdiam muito tempo debatendo genealogias “intermináveis” (1 Timóteo 1:4), e o
resultado disso era desunião e brigas. Se um cristão insistisse em debater
genealogias intermináveis e isso causasse facções e partidos nas congregações,
ele deveria ser admoestado e talvez até expulso caso não retrocedesse após
admoestações fortes.
Vale salientar que Paulo não estava proibindo
o estudo ou confirmação de genealogias para fins nobres como as que são
apresentadas em Mateus capítulo 1 e em Lucas capítulo 3, e que apontam para
Jesus Cristo como descendente de Davi. Mateus faz a genealogia de Jesus com
base em José, seu pai adotivo; enquanto Lucas tem em mente os antepassados de
Maria. Essa genealogia serve para mostrar que Jesus é descendente de Davi e
mesmo de Abraão. O ponto a que Paulo chamou à atenção foi “genealogias
intermináveis” nas quais alguns cristãos perdiam muito tempo debatendo sem
propósito. Por fim, isso resultaria em partidos/seitas na congregação. Isso é
também classificado como heresia.
E o ponto 3, “rixas e lutas sobre a Lei”,
envolve insistir em debates tais quais o da circuncisão. Esses pontos da Lei já
haviam sido resolvidos pelo espírito santo e pelo concílio da congregação em
Atos 15, mas pelo visto alguns insistiam na circuncisão. (Tito 1:10) Portanto,
alguém que insiste que os cristãos sigam os costumes judaicos é um herege.
O que não é heresia?
Contudo, heresia não é fazer críticas a
homens. Heresia também não é se posicionar pela verdade bíblica quando um
ensino falso é propagado. Nós vemos um exemplo disso na congregação em Corinto.
(1
Coríntios 1:12-13) “O que eu quero dizer é que cada um de vocês diz: ‘Eu
pertenço a Paulo’, ‘mas eu a Apolo’, ‘mas eu a Cefas’, ‘mas
eu a Cristo’. 13 Por acaso o Cristo está
dividido? Será que Paulo foi morto na estaca em favor de vocês? Ou, será que
vocês foram batizados em nome de Paulo?” (TNM 2015)
A congregação em Corinto passava por divisões,
mas estas não foram chamadas de heresias. Apenas em 1 Coríntios 11:29 Paulo
menciona futuras heresias que seriam introduzidas. No capítulo 1 lemos apenas
sobre as divisões, e nada é mencionado sobre a desassociação dos
envolvidos. Mas em meio às disputas, um grupo estava dividido pelo propósito
nobre, este grupo dizia: ‘eu pertenço a Cristo’. Portanto, conclui-se que
posicionar-se em favor de Cristo, ainda que seja contra a maioria, não é
heresia do ponto de vista de Cristo e de Jeová Deus.
Em resumo, conforme apresentada na Bíblia, haíresis (heresia/seita) se
refere a duas coisas:
1. Formar
uma seita/partido/facção por discutir excessivamente genealogias irrelevantes
ou por insistir que outros sigam costumes da Lei, tais como a circuncisão;
2.
Propagar falsas doutrinas que eventualmente
resultarão na criação de seitas/partidos/facções;
Defender ensinos verdadeiros, mesmo que
contra a maioria, não é nem heresia, nem apostasia aos olhos de Deus.
Quando a verdade é taxada de heresia
Pode acontecer, contudo, de alguém se
posicionar em favor da verdade e vir a causar divisão como resultado; não que
causar divisão seja o propósito do indivíduo, mas tal divisão pode talvez ser o
resultado inevitável do firme posicionamento em favor da verdade. Assim, pode
acontecer de um cristão verdadeiro se posicionar contra a congregação em algum
ponto específico e ser taxado de “herege” sem justa causa. Ele por fim pode até
mesmo ser expulso ou desassociado sob a acusação de heresia, mas Deus não o
enxerga como herege. Vemos um exemplo disso na Escritura.
Paulo, sob acusação de sectarismo/heresia, se
defendeu perante o governador Félix:
(Atos
24:11-14) “Visto que estás em condições de descobrir que,
quanto a mim, não faz mais de doze dias desde que subi para adorar em
Jerusalém; e eles [os judeus] não me acharam no templo argumentando com alguém,
nem causando que se formasse uma turba, tampouco nas sinagogas ou em toda a
cidade. Nem podem provar-te as coisas de que me
estão agora acusando. Mas, eu admito o seguinte a ti, que, segundo o
caminho que eles chamam de ‘seita’, desta maneira eu presto serviço sagrado ao
Deus dos meus antepassados, crendo em todas as coisas expostas na Lei e
escritas nos Profetas.” (TNM 1986)
Em resumo, Paulo foi acusado de promover uma
seita, mas se defendeu por mostrar que ninguém poderia provar tais acusações,
pois Paulo mostrava na Escritura o motivo de sua crença e de sua conduta.
Ademais, Paulo não queria causar divisões e evitava circunstâncias onde turbas
poderiam ocorrer. Ainda assim, ele causava divisão por pregar a verdade. Isso
era encarado pelos judeus como sectarismo/heresia, mas não era assim que Deus o
via. De forma similar, hoje em dia alguns cristãos talvez discordem da maioria
da congregação em relação um ensino, e é possível que tal irmão na fé esteja
certo e a maioria esteja errada. Pode ser o caso também de esse irmão apontar o
erro e desejar que seja consertado. É possível que este irmão esteja até mesmo
combatendo uma heresia aceita pela esmagadora maioria. Isso poderá ser visto
pela congregação como heresia ou sectarismo, e pode ocorrer de o irmão ser desassociado;
ainda assim, ele poderia estar correto e a congregação errada. Se isto ocorrer,
os líderes que o expulsaram responderão perante Jeová e Jesus Cristo. Portanto,
acusar alguém de heresia é algo muito sério e os anciãos da congregação devem
analisar biblicamente com muita destreza e cautela todos os pontos levantados
pelo potencial herege para ver se suas alegações são realmente antibíblicas ou
verdades inconvenientes e impopulares.
Alguns talvez argumentem que verdades
inconvenientes não devam ser ditas, mas que todos devemos “ser submissos” aos
que tomam a dianteira, independentemente se estes estão certos ou errados. Não
há nada na Bíblia que incentive esse comportamento, porém. Na verdade, este raciocínio
é a tentativa de justificar uma heresia com o princípio da submissão. Isto é
imoral, para dizer o mínimo, e qualquer cristão deveria se envergonhar de sequer
propor tal absurdo. A união jamais deve estar acima da verdade, e o exemplo a
seguir esclarecerá isso.
Vejamos o caso de Martinho Lutero e da
reforma protestante. Lutero se rebelou contra a igreja católica com razão,
após a igreja ter sido informada por ele de alguns dos seus erros sérios e
ainda assim não retroceder. O ponto é que Lutero não foi um herege por causa
disso, mas agiu assim como cristãos verdadeiros devem agir, mesmo que isso
significasse deixar de ser submisso aos líderes da igreja. Se dissermos que a
submissão aos líderes é incondicional e irrestrita, só nos resta aceitar o
catolicismo como única organização abençoada por Deus, apesar dos erros
doutrinais. Quando alguns dizem: “Temos de ser submissos, mesmo que não
concordemos muito com um novo entendimento”, surge a pergunta: isso vale para
todas as religiões ou só para a minha? Porque se vale só para a minha, então eu
sou um fanático; mas se vale para todas, vale também para a igreja católica; e
todos nós deveríamos nos converter ao catolicismo e ser submissos ao papa.
Portanto, heresia, do ponto de vista de Deus
e de Cristo, não significa rebelar-se contra um sistema corrupto, embora o
próprio sistema corrupto contra o qual se rebelou entenda tal atitude como
heresia.
Se dissermos que a submissão aos líderes da
igreja/congregação deva ser incondicional, apesar de erros graves, todos nós
deveríamos ser católicos e não poderíamos fazer quaisquer críticas ao sistema
papal. |
O que é cisma?
Outra palavra de origem bíblica é “cisma”,
que vem da palavra skhí·sma em grego. O skhí·sma é
traduzido por “divisão” na TNM e aparece 3 vezes no NT em conexão com a
congregação cristã.[6]
De forma geral, o skhí·sma difere da
heresia. A heresia é baseada em um falso ensino, mas o skhí·sma não.
Veja como alguns dicionários definem o termo:
“Separação de uma pessoa ou grupo de pessoas de uma
organização, geralmente religiosa; dissidência. . . Falta de acordo diante de
um assunto; divergência.”[7]
“Acto pelo qual os sectários de uma religião cessam de reconhecer a
autoridade do seu chefe espiritual.”[8]
De uma
perspectiva puramente bíblica, entretanto, skhí·sma significa divisão,
dissenção e dispersão, e se refere a ideias antagônicas sobre indivíduos.
Nada é mencionado sobre a desassociação/expulsão de tais pessoas. Portanto, não
é pecado de desassociação em si mesmo, ao contrário da heresia.
De acordo com a Escritura, o skhí·sma ocorre
quando pessoas pensam de forma diferente sobre um assunto que geralmente
envolve pessoas, não doutrinas. (Veja João 7:43 e 9:16) A
Bíblia faz uma referência clara sobre o skhí·sma em 1 Coríntios 1:10-13,
onde cristãos tinham opiniões conflitantes sobre os líderes da congregação.
Paulo por fim explica que o líder é apenas Cristo e que ninguém deveria dizer
que pertence a um indivíduo.
No catolicismo, cisma é quando um indivíduo
ou um grupo de indivíduos rejeita a autoridade papal. O mesmo pode se aplicar a
todas as religiões. Quando um membro da religião rejeita o líder (ou líderes) da
sua igreja/congregação, ele é considerado cismático.
O que não é skhí·sma?
O skhí·sma não é a mesma coisa que
heresia e nem é apostasia. Homens são errantes e todos os membros das
congregações devem ter o direito de pensar por si mesmos. Isso significa que
todos os homens, mesmo os líderes da congregação, podem cometer erros sérios e
podem até mesmo se desviar do verdadeiro caminho trilhado e deixado por Cristo.
Portanto, rejeitar um líder ou um grupo de líderes não equivale à apostasia e
nem significa que o indivíduo se tornou um herege, embora também possa haver
casos de calúnia e rebeldia injusta contra pessoas sinceras, mas aí é outra
questão. No caso de Moisés, a rebeldia de Corá foi injusta, pois Moisés provara
publicamente ter sido escolhido por Deus. Além disso, Moisés foi um tipo
profético de Jesus Cristo. Isso indica que rejeitar a Moisés equivalia a
rejeitar a Jeová, que o havia escolhido.
Isso, entretanto, não serve de base para que
líderes humanos afirmem ter sido escolhidos por Deus sem nenhuma prova objetiva
que se assemelhe aos sinais dados por Moisés, e ainda assim exijam obediência
incondicional. Em verdade, tal glorificação pessoal é em si uma heresia. Por
exemplo, se um líder humano afirma ter sido escolhido por Deus para liderar seu
povo, será que isso pode ser provado para toda a congregação nos moldes dos
sinais desempenhados por Moisés, por Jesus ou mesmo pelos apóstolos? Esta é uma
questão que cada cristão deve levar a sério, a fim de que não conceda
obediência incondicional a homens que clamam terem sido escolhidos por Deus,
mas que não conseguem provar isso com sinais objetivos.[9]
Imagine que Moisés tivesse chegado aos
israelitas escravizados no Egito sem nenhum sinal da parte de Deus e lhes tivesse
dito: “Vocês lembram que Deus prometera a Abraão que daria a terra aos seus
descendentes? Pois é, eu fui escolhido a fim de conduzi-los até a terra da
promessa. Vocês podem confiar plenamente em mim.” Será que tal exigência teria
sido justificável? Como poderia Jeová punir os que desacreditassem em Moisés se
o próprio Jeová não desse prova irrefutável, sobrenatural, objetiva, de que Ele
o havia escolhido? Da mesma forma hoje, nós temos total direito de não
reconhecer indivíduos específicos como tendo sido escolhidos por Deus caso
estes não forneçam provas miraculosas, sobrenaturais, visíveis dessa
unção; não apenas isso, se esses indivíduos forem além das coisas que estão
escritas, criando regras extrabíblicas, temos ótimos motivos para duvidar
deles.
Portanto, o skhí·sma só é um pecado
quando alguém rejeita um indivíduo que de fato deu provas objetivas,
miraculosas, irrefutáveis de que fora escolhido por Deus, e podemos nivelar
isso pelos apóstolos. Estes deram provas de que haviam sido escolhidos pelo
Senhor Jesus, que por sua vez também forneceu provas de que fora escolhido por
Jeová. Não estou ciente de absolutamente ninguém que atualmente atenda a tais
requisitos.
Conclusão
Os 3 termos religiosos aqui estudados possuem
referências bíblicas, e com base nelas podemos vir a conceber seus campos
semânticos.
Visto que a língua é um bem social, as
palavras assumem sentidos e referências com o passar das eras; e os termos
apostasia, heresia e cisma passaram a ser definidos não apenas pela Escritura,
mas pelo uso social que por fim foi compilado no dicionário.
Apostasia na Escritura significa abandono da
palavra de Deus e se refere a uma ação ponderada, consciente, mesmo que sob
engano. Mas o sentido denominacional para este termo é o abandono de uma
religião para que se siga outro sistema de crenças, mesmo que seja o ateísmo.
Apostasia é a renegação da fé e da religião, mas não se refere a discórdias
sobre pontos teológicos nem a críticas a indivíduos e nem mesmo a propagar
ensinos falsos.
Heresia se refere a duas coisas: 1) a criar
ou seguir uma facção/partido/seita com ensinos falsos ou com base em brigas por
detalhes insignificantes; 2) propagar ensinos falsos ou irrelevantes a fim de
posteriormente causar uma divisão. Fazer críticas a homens específicos não
constitui nem apostasia, nem heresia. Defender verdades inconvenientes não
equivale a heresia, embora o defensor da verdade inconveniente possa vir a ser
tratado injustamente como herege. Causar divisões por si só tampouco significa
heresia.
O skhí·sma (cisma) é a divisão, a contenda,
a dissenção, e geralmente não está focado em doutrinas, mas em pessoas. Negar a
legitimidade de alguém que alega ter sido escolhido por Deus equivale ao cisma.
O cisma pode ser certo ou errado. Se aquele que alega ter sido escolhido por
Deus de fato puder provar isso com sinais sobrenaturais irrefutáveis e
incontestáveis, como ocorreu no caso de Moisés, Jesus e os apóstolos, o cisma é
um pecado sério. Contudo, se aquele que alega ter sido escolhido por Deus não
puder provar isso com sinais nos moldes já citados, não há motivo algum para
que o cristão seja forçado a aceitar tal pessoa como autoridade legítima
colocada por Deus e aprovada por Ele. O cisma não é apresentado na Escritura
como pecado de desassociação.
Siglas:
AFV – A Faithful Version
(2011)
ASV – American
Standard Version (1901)
Darby – Darby
Bible (1890)
DSB –
Douay-Rheims (1752)
ESV –
Easy-to-Read Version (2008);
JFAA – João Ferreira
de Almeida Atualizada (1887)
JFAC – João Ferreira
de Almeida Corrigida (1848)
KJV – King James
Version (1769)
LEB – Lexham
English Bible (2012)
TNM – Tradução do
Novo Mundo (1986 ou 2015)
Notas:
[1] Disponível em https://www.dicio.com.br/pioneiro/
[2] Parafrasear significa traduzir de forma não literal, usando termos idiomáticos imprecisos que soam mais naturais no idioma de destino.
[3] Veja também Lucas 2:37, 4:13; Atos 12:10, 15:38, 19:9, 22:29.
[4] Disponível em: <https://www.dicio.com.br/apostasia-2/>.
[5] Atos 5:17, 24:14, 26:5, 28:22; 1Co 11:19; Gal 5:20; 2 Ped 2:1.
[6] 1Co 1:10, 1Co 11:18 e 1Co 12:25
[7] Disponível em: <https://www.dicio.com.br/cisma/>.
[8] Disponível em: <https://dicionario.priberam.org/cisma>.
[9] O crescimento da congregação não é prova de que indivíduos específicos são aprovados por Deus, tampouco a permissão divina significa aprovação divina. As igrejas neopentecostais são as que mais crescem no mundo e Deus permite que pessoas más desencaminhem pessoas. Portanto, isso não é prova de unção.
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republicados, desde que seja citada a fonte: o site
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Comentários
Irei solicitar que o autor do artigo acima faça um comentário sobre essa frase específica.
Porém, quando à questão de sinais sobrenaturais, estes não têm relação unicamente com os dons do espírito, que ocorreram somente no primeiro século da Era Cristã. Antes do primeiro século, havia sinais sobrenaturais, embora não existissem os dons do espírito.
1-A razão da existência da verdadeira congregação:
O apostolo Paulo explica que a principal razão da existência da verdadeira congregação é que ela atua como “coluna e amparo da verdade”.( 1 Tim 3:15), sendo assim as igrejas da cristandade na sua maioria poderiam ser excluídas dessa razão pois persistem em ensinar doutrinas do paganismo como por exemplo a Trindade que é na verdade um atentado a soberania de Deus, doutrina essa que o apologista da verdade tanto combate e outros ensinos que admitidamente não fazem parte desse conjunto de verdades.
2-A Igreja em nossos dias:
Evidentemente escatologicamente falando, essa igreja estaria presente nos acontecimentos finais, ajudando as pessoas a adorar a Deus o pai em espírito e verdade, e levando a mensagem de que o proposito original de Deus não mudou, essa igreja não estaria perdida quanto a isso, ela entenderia muito bem o que bíblia diz sobre as duas classes de salvos.
Essa igreja seria restaurada na parte final dos dias conforme as profecias e refletindo o padrão de Deus seria organizada.
3-A igreja no passado X a igreja hoje:
Quando olhamos para o documento inspirado que traz informações sobre a primitiva igreja vemos uma estrutura que não pode ser negada.
Por exemplo em Efésios 4:11 vemos uma igreja organizada e estruturada com pessoas atuando na sua liderança e cuidando do rebanho e promovendo os interesses do reino, esses homens tomavam decisões importantes que afetava a maneira de pensar e de se comportar do rebanho.
Naquela época como seria encarado um cristão que começasse a criticar alguém da dianteira?
Realmente não seria encarado como apostata?
O que acontece com a argumentação de alguns é que tais ideias nos leva a conclusão de que o padrão primitivo se perdeu e que hoje a igreja não teria uma liderança humana ou mesmo que essa igreja mesmo se mostrando ser “coluna e amparo da verdade” possui uma liderança ilegítima, para esses o que a bíblia diz sobre respeitar a liderança “não se aplicaria hoje” e quando eu falo isso eu me refiro a liderança desse grupo que tem se mostrado ser coluna e amparo da verdade e não das igrejas da cristandade, sendo assim não adianta mencionar o papa, Joseph Smith e outros.
Eu particularmente acho estranha e confusa essa visão, ela não parece fazer sentido e fica mais parecido com os casos de rebeldia tais qual houve no primeiro século e no antigo Israel.
Olá, prezado.
O foco do artigo não está em uma organização, mas em um sistema de pensamento baseado em informações escripturísticas.
Se houver uma "mudança de entendimento", sempre poderá haver casos em que um estará certo e o outro errado. O mesmo poderá acontecer se não houver mudança de entendimento.
O foco do artigo não é dizer quem está certo e quem está errado, mas mostrar que a definição de heresia não se aplica a opiniões diferentes, tampouco a heresia é definida pela maioria, ou tem como referênciaa maioria, mas sim ao ensino contrário àquilo que está na Escritura.
Portanto, ao analisar uma acusação de heresia o que deve ser base é a Escritura, não a opinião da maioria. Este é o ponto principal do artigo.
É claro que cada acusação deve ser analisada com extrema cautela, e se os presbíteros qualificados julgarem como heresia o que o potencial herege ensina, ele deve ser expulso, mesmo que ele não seja herege e esteja falando a verdade.
O problema é que, caso isso venha a acontecer, o desfavor do Criador virá sobre a organização e aqueles que julgaram mal o caso enfrentarão o julgamento supremo, assim como a própria denominação também enfrentará julgamento adverso.
O que o autor quis dizer é que uma pessoa não peca por defender uma verdade impopular. Esta é a mensagem.
Prezado, os dons do espírito, conforme explica pelo Apologista da Verdade, existiam apenas na era apostólica. Moisés não tinha os dons do espírito e ainda assim deu sinais.
Eu concordo que ninguém consiga provar de forma sobrenatural que foi escolhido por Deus. Mas isso deveria servir como evidência de que não devemos depositar confiança cega em nenhum homem ou grupo de homens. É um sacrilégio alguém alegar que você pode confiar nele "sem pensar duas vezes" porque ele foi escolhido por Deus, mesmo que não consiga provar isso.
Se alguém exige a mesma confiança que é outorgada a Moisés, é no mínimo razoável pedir sinais semelhantes aos de Moisés. Moisés era orientado por Deus e nunca errava em sua instrução. Ninguém pode se colocar nesse patamar e ainda assim afirmar que não pode provar da mesma forma.
Você disse: "creio que seria um pecado sério caso alguém rejeitasse deliberadamente tais evidências apenas sob a alegação de que a pessoa ou grupo não faz milagre".
Quais evidências seriam essas? Veja só. Crescimento não é necessariamente evidência (as denominações que mais crescem são as neopentecostais);
Apenas deixo claro que quando falei de "evidências", não me refiro a evidências de bondade e de amor da parte do Criador. As evidências são especiais: de que um indivíduo em específico é escolhido para liderar.
Se você tem evidências de que o Senhor abençoa seu ministério, maravilha! Isso não evidencia, contudo, que o líder da sua religião foi escolhido por Deus. É este o argumento feito.
Por exemplo, se um católico foi curado após ter orado à imagem de Maria, isso pode ser entendido como evidência de que Maria o ajudou. Mas isso não prova em nada que o Papa foi escolhido por Deus. Entendeu? Se o Papa alega ter sido escolhido para ser líder, ele tem que provar isso de forma irrefutável pelo sucesso dele, não pelo seu sucesso.
Se um católico disser: "nós amamos uns aos outros." O que isso prova? Isso prova que eles demonstram o verdadeiro espírito cristão, mas não prova que o Papa foi escolhido por Deus.
Devem ser analisadas evidências opostas, que mostram o contrário. Por exemplo: aqueles que alegam ter sido escolhidos para serem líderes cometem erros que prejudicam as vidas de muitos em nome de Deus? Será que coagem outros a não fazer algo que Deus nunca ordenou não fazer, tal como cursar o ensino superior?
Eles tiveram um entendimento errado, exigindo confiança absoluta e também alegando ter a orientação de Deus e depois tiveram de voltar atrás?
Isso é prova de que não foram escolhidos por Deus para ter a posição que têm.
Esses dois lados devem ser analisados.
Hebreus 13:17
17 Sejam obedientes aos que estão na liderança entre vocês e sejam submissos, pois eles cuidam de vocês* como quem vai prestar contas, para que façam isso com alegria e não com suspiros, pois isso seria prejudicial para você.
1 Tessalonicenses 5:12, 13
12 Agora, irmãos, pedimos a vocês que respeitem aqueles que trabalham arduamente entre vocês, presidindo-os no Senhor e admoestando-os; 13 e dar-lhes extraordinária consideração no amor por causa de seu trabalho. Sejam pacíficos uns com os outros.
Atos 20:28
28 Prestai atenção a vós mesmos e a todo o rebanho, entre o qual o espírito santo vos designou superintendentes, para pastorear a congregação de Deus, que ele comprou com o sangue de seu próprio Filho.
1 Pedro 5:2, 3
2 Apascentam o rebanho de Deus sob seus cuidados, servindo como superintendentes,* não por obrigação, mas voluntariamente diante de Deus; não por amor ao ganho desonesto, mas com avidez; 3 não tendo domínio sobre os que são herança de Deus, mas tornando-se exemplos para o rebanho.