Jesus condena os judeus por seguirem tradições em vez de a Palavra de Deus.
Fonte: jw.org
A Bíblia de Jerusalém contém
a seguinte nota de rodapé a respeito de Mateus 28:19:
É possível que, em sua forma
precisa, essa fórmula [“em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”]
reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade
primitiva. Sabe-se que o livro de Atos fala em batizar “no nome de Jesus”
(cf. At 1,5+; 2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do
batizado às três pessoas da Trindade. Quaisquer que tenham sido as
variações nesse ponto, a realidade profunda permanece a mesma. O batismo une à
pessoa de Jesus Salvador; ora, toda a sua obra salvífica procede do amor do Pai e se completa pela
efusão do Espírito. (Negrito acrescentado.)
O comentário desta nota de rodapé
sugere que a chamada fórmula batismal encontrada em Mateus 28:19 é uma
interpolação, uma adição de escribas posteriores à escrita da Bíblia. O motivo
exposto no comentário acima é da suposta contradição entre essa fórmula batismal
e o batismo “em nome de Jesus” apresentado no livro de Atos dos Apóstolos.
Porém, o artigo “Batismo em nome de quem?” mostrou bíblica e logicamente que não há contradição entre as duas formas de
mencionar o batismo cristão. (Queira ler.)
Sobre a referida nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém, um leitor teceu um interessante comentário, que segue abaixo:
As fontes usadas pelos críticos de
Mateus 28:19, como as notas da Bíblia de Jerusalém, ignoram que a BJ acredita
numa evolução doutrinal e litúrgica dos primeiros cristãos, bem como na Teoria Documental
a respeito da autoria e escrita bíblica.
Os autores das notas da BJ supõe
que o autor (ou autores) do evangelho de Mateus (que nem seria o apóstolo com
esse nome) transcreveram o texto em sua época (80 d.C), conforme era a liturgia
batismal comum naquele ponto da história cristã, batizar em nome “do Pai, do
Filho e do Espírito Santo” (conforme também o Didaquê instrui).
Aí a nota supõe que Atos está
citando um costume mais antigo, que era apenas batizar “em nome de Jesus”
(entre 30-50 d.C). Afinal, Atos teria sido escrito antes de Mateus (por volta
de 60 d.C), então houve uma evolução das crenças, fraseados, liturgias e
formulas cristãs.
Os acadêmicos católicos não
costumam ter muito problema com isso, pois defendem que seus Papados,
Concílios, Credos e Magistério tenham tal autoridade, inclusive se gabam de
terem sido eles a editarem o conteúdo e o cânon bíblico, sendo a Bíblia um
produto católico, escrito por católicos, para leitores católicos. e tendo
direitos de autoria pertencentes à Igreja Católica.
Sendo assim, não importa se Judite
não é histórico, se Tobias não é cronologicamente exato, se não foi Salomão
quem escreveu o livro de “Sabedoria de Salomão” – pois a autoridade
eclesiástica da Igreja Romana os declarou canônicos, então são. Não se importam
com os adendos a Daniel, com a suposta escrita tardia de Jó ou se por acaso a
história de Jonas é fictícia, independente disso a Igreja os determinou como
livros canônicos, que podem ser lidos nas missas e usados pelos católicos.
Também não os interessa se a Perícope da Adultera [João 7:53 a 8:11] não fazia
parte do Evangelho de João, mas sim uma lenda da Tradição Católica, e nem que a
conclusão longa de Marcos (16:9-20) tenha sido posteriormente acrescida por
piedosos copistas que acharam o final do evangelho original muito abrupto, pois
a Igreja Católica homologou tais versículos também como sendo canônicos e
dignos de fé. Afinal, São Jerônimo os pôs na Vulgata; sendo assim, a Bíblia
Oficial da Igreja Romana por decreto dos “infalíveis” Papas inclui tais
passagens.
Que a Comma Joanina [1 João 5:7, 8] não é algo que foi originalmente escrito por João em sua primeira epístola, os eruditos, biblistas e teólogos católicos não têm dúvida; mesmo assim não veem nada na Comma que seja problemático, afinal esta está em plena consonância com a trinitária Tradição Patrística da Igreja e surgiu dela.
Então a elite acadêmica do catolicismo não vê muita diferença entre o que é biblicamente original e o que é tradição católica. Para ela Escritura e Tradição têm o mesmo valor e ambas estão sujeitas ao crivo da Santa Sé, que é guiada pelo “Sucessor de Pedro” e pelo Santo Magistério. Se Roma diz que algo é canônico, então pronto, é e ponto final; as questões de crítica textual, acuidade cientifica e de historicidade ficam em segundo ou terceiro plano, pois o conteúdo católico verdadeiramente bíblico (Existência de Deus, Jesus Cristo, Anjos, Diabo, Vida Eterna, Nascimento Virginal) e o conteúdo provindo da Tradição (Trindade, Purgatório, Imaculada Conceição, Cruz, Missa, Domingo, Natal, Apócrifos, Patrística) teriam o mesmo valor.
[Fim do comentário do referido
leitor.]
Os judeus dos dias de Jesus Cristo também colocavam a tradição em pé de igualdade com a Palavra de Deus e até acima dela. Jesus condenou esta atitude ao dizer a eles: “Vocês abandonam o mandamento de Deus e se apegam à tradição de homens. […] Vocês sabem muito bem como pôr de lado o mandamento de Deus, a fim de manter a sua tradição.” (Marcos 7:8, 9) E o apóstolo Pedro fala de os cristãos terem sido “livrados da vossa forma infrutífera de conduta, recebida por tradição de vossos antepassados”. (1 Pedro 1:18) Assim, os verdadeiros cristãos levam a sério a sábia admoestação inspirada: “Tenham cuidado para que ninguém os escravize por meio de filosofia e vão engano, que são baseados em tradições humanas, nas coisas elementares do mundo, e não em Cristo.” – Colossenses 2:8.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.
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