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Como se libertar dos falsos argumentos

Fonte: jw.org

“As armas que usamos na nossa luta não são do mundo; são armas poderosas de Deus, capazes de destruir fortalezas. E assim destruímos ideias falsas e também todo orgulho humano que não deixa que as pessoas conheçam a Deus. Dominamos todo pensamento humano e fazemos com que ele obedeça a Cristo.” – 2 Coríntios 10:4, 5, NTLH.

Um leitor fez um interessante comentário sobre a questão da personificação do espírito santo. Ele disse:

Em Atos, capitulo 13, versículo 2, lemos: “o espírito santo disse: ‘Dentre todas as pessoas, separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os chamei.’” Mostra aqui que o espirito santo dá ordem e envia pessoas; e, embora pareça uma prova irrefutável da personalidade do espirito, vemos que isso não procede, se comparado com Lucas 11.49, onde diz: “Por esta razão, a sabedoria de Deus também disse: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e eles matarão e perseguirão a alguns deles.” Aqui mostra que, de modo similar, a sabedoria também ‘fala’ e ‘envia’. Então, com isso deveríamos entender? Que a sabedoria é uma pessoa? Óbvio que não. Portanto, de fato, personificação não prova personalidade.

Do comentário acima podemos depreender que, quando alguém não está preso a ideias preconcebidas, fica muito fácil entender que as atribuições de características pessoais ao espírito santo não passam de mera personificação, um recurso linguístico empregado naturalmente, inclusive no dia a dia. Logo, não são argumentos bíblicos, e sim conceitos preconcebidos, que levam pessoas a crer em doutrinas antibíblicas, como a da personalidade do espírito santo.

Na realidade, a pessoa aprendeu a crer dessa maneira, talvez desde a infância, e com isso formou um paradigma. E os paradigmas, especialmente os ligados a conceitos religiosos, podem ser tão difíceis de remover, que o apóstolo Paulo os compara a “coisas fortemente entrincheiradas”. – 2 Coríntios 10:4; NM nota.

A palavra grega usada para esta expressão éχύρωμα (okhýroma). Veja como certa fonte a define:

χύρωμα , n [substantivo]
  
1) um castelo, fortaleza, forte, solidez;
2) qualquer coisa em que sirva de base 2a) para argumentos e raciocínios pelos quais um disputante esforça-se para fortalecer sua opinião e defendê-la contra o seu adversário.[1] 

HELPS Word-studies comenta o seguinte sobre este vocábulo:

Aqui 3794 / oxýrōma (“uma contenção fortemente fortificada”) é usado figurativamente para um falso argumento em que uma pessoa procura “abrigo” (“um lugar seguro”) para escapar da realidade.


3794 (oxýrōma) é também usado para uma prisão na antiguidade ( BAGD). A palavra não é comum no grego clássico, mas ocorre com frequência nos apócrifos. No seu uso aqui pode haver uma reminiscência dos fortes de rocha na costa da Cilícia nativa de Paulo, que foram derrubados pelos romanos em seus ataques contra os piratas cilicianos Pompeu infligiu uma derrota esmagadora sobre sua marinha ao largo da fortaleza rochosa do Coracesium nos confins da Cilícia e da Pisídia” ( WS, 833).[2]

A Septuaginta usa este vocábulo em sua tradução do “Velho Testamento” para o grego, conforme os exemplos:

“Derrubaste todos os seus muros de pedras, reduziste a ruínas as suas fortificações [τὰ ὀχυρώματα; tà okhyrómata, LXX, Salmo 88:41].” – Salmo 89:40.

 “O sábio pode escalar a muralha da cidade dos valentes e minar a força [“fortaleza”, NAA; τὸ ὀχύρωμα; tò okhýroma, LXX] em que eles confiam.” – Provérbios 21:22.




Pelo texto de Provérbios 21:22, observamos que não basta o uso da força, mas também é necessário ter sabedoria estratégica para derrubar fortalezas, sejam elas literais ou figurativas (argumentos falaciosos).

Os argumentos usados para defender doutrinas antibíblicas, como a Trindade, a imortalidade da alma, o inferno de fogo e a destruição do planeta Terra podem parecer, num primeiro momento, “fortalezas”, devido à sua construção aparentemente indestrutível. Mas, uma análise mais ponderada demonstrará que eles não possuem alicerce sólido. São tão frágeis como as fortalezas mencionadas pelo profeta Naum, que escreveu: “Todas as suas fortificações [τὰ ὀχυρώματά; tà okhyrómata, LXX] são como figueiras com os primeiros frutos maduros; basta sacudi-las, e os frutos caem na boca dos devoradores.” – Naum 3:12.

O que as pessoas que acreditam nessas falsas “fortalezas” precisam é estar dispostas a abrir a mente, a considerar sem preconceito os argumentos baseados verdadeiramente na Palavra de Deus. Lembre-se de que Paulo mencionou que o ‘orgulho humano não deixa que as pessoas conheçam a Deus’. Assim, é necessário despojar-se do orgulho indevido, e dar sincera atenção ao que a Bíblia realmente ensina.




Explicação das siglas usadas:

LXX: Versão grega Septuaginta.
NAA: Nova Almeida Atualizada.
NM: Tradução do Novo Mundo Revisada 2015.
NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje.


Referências:

Ochuróma. Bible Hub. Disponível em: <https://biblehub.com/greek/3794.htm>.

______. Bible Lexicons Old / New Testament Greek Lexical Dictionary.
Sociedade Bíblica do Brasil. Pesquisa da Bíblia. Disponível em: < http://www.sbb.org.br/conteudo-interativo/pesquisa-da-biblia/>.




A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.



Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org





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