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Os judeus tentaram apedrejar Jesus porque entenderam que ele afirmou ser Jeová?


Fonte: jw.org


Lemos em João 8:57, 58 na versão NTLH: “— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: antes de Abraão nascer, ‘Eu Sou’! — respondeu Jesus. Então eles pegaram pedras para atirar em Jesus, mas ele se escondeu e saiu do pátio do Templo.”

É comum os trinitaristas afirmarem que a razão de os judeus ouvintes de Jesus tentarem apedrejá-lo é porque supostamente Jesus afirmou indiretamente ser o próprio Jeová do Velho Testamento.

Inclusive, diversas traduções, a exemplo da tradução acima, colocam a expressão ego eimí (“eu sou” em grego) com iniciais maiúsculas, como se fosse um título indicando Jeová. No texto grego, porém, não há tal distinção.


Fonte: The Emphatic Diaglott


Diversos artigos já consideraram essa expressão grega e se ela indica ou não a identificação de Jesus Cristo com Jeová. Poderá ler clicando nos temas abaixo:







Por outro lado, este artigo focalizará se o motivo de os judeus tentarem apedrejar Jesus tem a ver com a suposta afirmação de Jesus de ser o Deus Jeová.

Os judeus entenderam que Jesus se identificou com Jeová por ter usado a expressão “eu sou”?

Se a resposta a essa pergunta fosse “sim”, eles já teriam tentado apedrejá-lo antes. Por que podemos dizer isso? Porque no mesmo capítulo, ele já havia usado essa expressão. Vejamos os versículos 21 a 24:

Outra vez Jesus lhes falou, dizendo: — Eu vou embora, e vocês vão me procurar, mas perecerão no seu pecado. Para onde eu vou vocês não podem ir. Então os judeus diziam: — Será que ele tem a intenção de se suicidar? Porque diz: ‘Para onde eu vou vocês não podem ir.’ Jesus lhes disse: — Vocês são daqui de baixo, eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo, eu deste mundo não sou. Por isso, eu lhes disse que vocês morrerão em seus pecados. Porque, se não crerem que Eu Sou, vocês morrerão nos seus pecados.” – João 8:21-24, NAA.

Observe que Jesus fez sérias e polêmicas afirmações, tais como “eu sou dos domínios de cima” e “eu não sou deste mundo” (NM), e depois usou para si mesmo a expressão ego eimí (“eu sou”), afirmando que, se os judeus não cressem nele, morreriam nos seus pecados. Apesar de todas essas afirmações, tais judeus não tentaram apedrejá-lo. É óbvio que, para aqueles judeus, o uso da expressão “eu sou” por parte de Jesus não era uma afirmação de que ele era Jeová.

Ao contrário, tais judeus ainda tinham dúvidas sobre quem Jesus afirmava ser, pois prosseguiram perguntando a ele: “Quem és tu?” (Joao 8:25, ARA) Após isso, Jesus usa novamente a expressão “eu sou”:

“Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que Eu Sou e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.” – João 8:28, 29, ARA.

Note que Jesus usa para si a expressão ego eimí (“eu sou”) num contexto em que mostrou sua distinção em relação ao Pai, o qual o “enviou”. Após a resposta de Jesus nos versículos 25 a 29, “muitos depositaram fé nele”. – João 8:30.

Jesus torna claro que ele não é Jeová

Em sua conversa com os judeus, no relato de João capítulo 8, Jesus usou diversas expressões que tornavam claro aos seus ouvintes que ele não afirmava ser Jeová. Observe abaixo algumas delas:

“Lhes falei a verdade que ouvi de Deus.” – João 8:40, NAA.

“Eu vim de Deus e aqui estou”. – João 8:40, ARA.

“Quem me glorifica é meu Pai, aquele que vós dizeis ser vosso Deus.” – João 8:54, TB.

Note que Jesus afirmou que o Deus dos israelitas era, não Jesus, mas o Pai de Jesus! Jesus ainda acrescentou a respeito de seu Pai: “Vocês não o conhecem; eu, porém, o conheço.” (Verso 55) Portanto, Jesus tornou extremamente claro por diversas vezes que ele não era Jeová. Então, por que os judeus tentaram apedrejá-lo?

Por que os judeus tentaram apedrejar Jesus?

Num primeiro exame, vemos que o motivo tem a ver com o que Jesus afirmou sobre seu tempo de existência – sua idade, e não sua identidade. Isto se torna claro lendo o contexto imediato:

“Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se. Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou. Então, pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.” – João 8:56-59, ARC.

Pela consideração das afirmações de Jesus no contexto de João capítulo 8, os judeus não tinham razão para presumir que Jesus afirmou ser Jeová no versículo 58. O estopim da discórdia que deu origem à tentativa de apedrejamento foi a afirmação de Jesus, de que existia antes de Abraão ter existido.

Porém, quando analisamos mais a fundo o contexto, percebemos que a discussão que levou a esse ponto tem a ver com a questão da paternidade. Primeiro, Jesus afirmou que seus contemporâneos judeus eram escravos do pecado e não filhos. (João 8:32-36) Após isso, Jesus desmentiu a afirmação dos judeus, de serem filhos de Abraão. (João 8:37-40) Depois, desmentiu a afirmação deles, de que Deus era o Pai deles. (João 8:41-43) Por fim, identificou-os aberta e francamente como sendo filhos do Diabo. (João 8:44-47) Após tal exposição franca, os judeus começaram a injuriar Jesus, chamando-o pejorativamente de “samaritano” e afirmando que ele tinha demônio. – Verso 48.

Em seguida, Jesus fez uma extraordinária declaração, que aumentou o fogo da discórdia. Ele disse: “Se alguém obedecer às minhas palavras, nunca jamais verá a morte.” (João 8:51) A reação dos contemporâneos de Jesus foi fulminante. Eles disseram: “Agora sabemos que você tem demônio. Abraão morreu, os profetas também, mas você diz: ‘Se alguém obedecer às minhas palavras, nunca jamais provará a morte.’ Será que você é maior do que nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram. Quem você pensa que é?” (João 8:52, 53) Após isso, Jesus identifica o seu Pai como sendo Aquele a quem os judeus afirmavam ter como Deus. – Verso 54.

Chegamos então ao ponto em que Jesus afirma ter existido antes de Abraão, e os judeus procuram apedrejá-lo.

De todo o exame acima, podemos tirar algumas conclusões:

1)  Jesus tornou claro que ele não era Jeová;
2)  Assim, os judeus não tinham nenhum motivo para pensar que Jesus afirmava ser Jeová;
3) O que levou à tentativa de apedrejamento não parece ter sido apenas a afirmação de Jesus, de ter existido antes de Abraão. Parece que o conjunto de afirmações causticantes de Jesus somaram à sua afirmação de ter existido antes de Abraão e levaram à tentativa homicida dos judeus. Ou seja, os judeus já estavam extremamente irritados com a exposição de Jesus, e sua afirmação de ter existido antes de Abraão apenas parece ter sido a gota d´água.
4) Os judeus não tinham nenhum motivo dentro dos moldes da Lei mosaica para tentar matar Jesus. Jesus obedeceu à Lei perfeitamente enquanto ela vigorava. – Mateus 5:17.
                                  
Portanto, a tentativa homicida dos judeus contra Jesus Cristo e os motivos para isso são irrelevantes no quesito de tentar provar a suposta identidade de Jesus com Jeová. O que importa é o que o próprio Jesus falou sobre si mesmo e a distinção que ele mesmo fez de si mesmo em relação ao seu Deus e Pai, Jeová.   



Este artigo foi produzido com base em parte do artigo “Joao 8:58 e Êxodo 3:14 na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas” do site “Tradução do Novo Mundo Defendida!” Poderá acessar o referido artigo neste link: https://traducaodonovomundodefendida.wordpress.com



Explicação das siglas usadas:
ARA: Almeida Revista e Atualizada.
ARC: Almeida Revista e Corrigida.
NAA: Nova Almeida Atualizada.
NM: Tradução do Novo Mundo.
NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje.



A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.



Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org




Comentários

Anônimo disse…
Outro ponto interessante é que se os judeus realmente entendiam é acusavam que Jesus se fazia igual ou o próprio DEUS, eles teriam apedrejado seus discípulos por idolatria.

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