Fonte: http://bloodless.com.br/opcoesalternativas-transfusoes-de-sangue/
Em relação ao artigo “A questão do sangue - parte 5”, um
leitor fez o seguinte comentário:
E quem fornece o sangue para que possa ser “fracionado”? Já que as
testemunhas de Jeová não são doadores de sangue, usam “as frações de sangue” de
pessoas que doaram sangue? Não é uma contradição? Não dou o sangue para salvar
a vida de outros, mas posso pegar as frações de outros que doaram?
Resposta:
Em Atos 15:29, os cristãos são
admoestados: “Que persistam em se abster de coisas sacrificadas a ídolos, de sangue, do que foi estrangulado e de
imoralidade sexual. Se vocês se guardarem cuidadosamente dessas coisas, tudo
irá bem com vocês. Saudações!”
Portanto, os que querem agradar
a Deus devem se abster de (ou seja, evitar) sangue.
Quanto ao comentário do referido leitor, vale
ressaltar que, em primeiro lugar, a expressão “doar
sangue para salvar a vida” é uma falácia, pois não tem embasamento científico.
Gimenes (2013, p. 37) explica:
Há evidências
de transfusões desnecessárias, pois
dois estudos na Europa, o Sanguis e o
Biomed, constataram que, nos hospitais
onde as transfusões de sangue foram reduzidas não houve aumento da mortalidade; quanto à recuperação dos pacientes, essa se tornou até mais rápida, reduzindo os custos. [1]
(Negrito acrescentado.)
O guia de Medicina intitulado “Atualização
em Medicina Interna” (2005, p. 6) afirma:
INTRODUÇÃO: Uma proporção
elevada de doentes submetidos a artroplastia de quadril e joelho recebe transfusões desnecessárias,
apesar de preocupações quanto à segurança e `a pouca disponibilidade de
derivados de sangue.[2]
(Negrito acrescentado.)
O hemoterapeuta médico
supervisor Dário Eduardo de Lima Brum afirma:
Verificam-se percentuais elevados de transfusões
desnecessárias ou com indicação duvidosa.
[…]
Outros trabalhos revelam
dados mais alarmantes, considerando as indicações
de transfusão discutíveis ou desnecessárias, variando de 70,7% a 96,2% para
plasma fresco e 57,5% para concentrados de hemácias.[3] (Negrito acrescentado.)
O Doutor Brum ainda mencionou “o
maior número de infecções e maior tempo de hospitalização que podem estar
associadas à transfusão de componentes sanguíneos”.
Portanto, a falaciosa expressão “doar
sangue para salvar a vida” não tem nenhum respaldo médico-científico.
Se o referido leitor tivesse lido
o artigo “A questão do sangue - parte 3”,
teria entendido esse assunto.
Não doar, mas aceitar – contradição?
Os que fazem esse questionamento
não entendem que os cristãos e o mundo possuem valores diferentes e, por consequência,
tratos diferentes entre si.
Para ilustrar isso, podemos
considerar uma situação inversa à supracitada, em que servos de Deus foram
orientados a doar, mas não a receber: a passagem de Deuteronômio 14:21.
Reza o texto: “Não comam nenhum animal encontrado
morto. Você pode dá-lo ao residente
estrangeiro que mora nas suas cidades, e ele pode comê-lo; ou você pode vendê-lo a um estrangeiro. Pois você é
um povo santo para Jeová, seu Deus.”
Observe que a mesma acusação de “contradição”
poderia ser feita com respeito à situação acima. Contudo, a explicação dada no próprio
texto esclarece a questão: a nação de Israel era “um povo santo para Jeová”. Por
outro lado, o “estrangeiro” mencionado no texto, que não havia se tornado um
adorador de Jeová, não estava em tal situação.
De modo similar, os cristãos que
desejam se sujeitar aos elevados padrões morais da Bíblia agem individualmente conforme
sua consciência treinada pela Bíblia. Por outro lado, respeitam o fato de que
os que não desejam se sujeitar a tais padrões tomem suas próprias decisões. Assim
como os estrangeiros não sujeitos à lei de Deus podiam se beneficiar das
restrições colocadas aos que estavam sujeitos a tal Lei, os servos atuais de
Deus podem se beneficiar da falta de sujeição às normas bíblicas daqueles que voluntariamente
assim desejam agir.
Notas:
[1] GIMENES, Nilson Roberto da Silva. Direito de objeção de consciência às transfusões de sangue. Salvador: EDUFBA & EDUNEB, 2013
[2]CAVALCANTI, Euclides Furtado de Albuquerque; VELASCO, Irineu Tadeu; SCALABRINI NETO, Augusto. Atualizações em Medicina Interna. Editora Manole Ltda, 2005. 283 páginas. Especialistas de diversas áreas do maior Hospital Escola da América Latina, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, revisaram sistematicamente cerca de 500 periódicos, extraindo estudos da maior importância para o médico generalista. Em cada estudo, uma abordagem padronizada foi realizada com o intuito de se buscar verdadeiros resultados encontrados. Em uma única obra, o médico terá em mãos tudo de mais importante que foi publicado recentemente. A obra busca os verdadeiros resultados dos estudos, sem que houvesse qualquer interferência externa, especialmente econômica, funcionando como formulador de novas hipóteses clínicas. Disponível em: <https://books.google.com.br/books>.
[3] Mestrado. Médico Supervisor. Hemoterapeuta, supervisor do Serviço de Hemoterapia da Santa Casa de Porto Alegre. Racionalizar a transfusão de hemocomponentes: benefícios a pacientes, instituições e operadoras de planos de saúde. Disponível em: <http://www.amrigs.com.br>.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os
artigos deste site podem ser citados
ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
não entendi direito a partes conclusivas no finar do artigo, poderia me explicar esta passagem:
“De modo similar, os cristãos que desejam se sujeitar aos elevados padrões morais da Bíblia agem individualmente conforme sua consciência treinada pela Bíblia. Por outro lado, respeitam o fato de que os que não desejam se sujeitar a tais padrões tomem suas próprias decisões. Assim como os estrangeiros não sujeitos à lei de Deus podiam se beneficiar das restrições colocadas aos que estavam sujeitos a tal Lei, os servos atuais de Deus podem se beneficiar da falta de sujeição às normas bíblicas daqueles que voluntariamente assim desejam agir.”
Este site apenas apresenta o que parece ser a base bíblica para determinados procedimentos, conforme o artigo acima. Abraços.
O artigo mostrou que, a bem da justiça, podem somente haver um peso e uma medida. Ou seja, se os que não se sujeitavam às normas bíblicas no tempo da nação do Israel antigo podiam aparentemente se beneficiar das restrições impostas pela Lei mosaica, de modo similar os cristãos podem se beneficiar da falta de sujeição às normas bíblicas dos que agem assim.
Abraços.
Igualmente, entendo que se uma não TJ quer usufruir de sangue, que o faça, mas não espere que médicos TJs façam o procedimento pra elas.
Boa resposta Apolo.
Igualmente, o médico TJ não vai ajudar uma pessoa a pecar, mesma que essa queira.
No meu entendimento e no de vários outros cristãos, é um assunto de decisão pessoal do médico cristão decidir se irá ou não aplicar uma transfusão de sangue a um paciente que a solicitar. Pois o israelita dar carne não sangrada (carne com sangue) ao estrangeiro parece permitir esse entendimento.
A sua opinião sobre este assunto deve ser respeitada. Se você for da área médica, ou ser vir a ser, provavelmente se pautará por essa forma de pensar.
Por outro lado, há cristãos que entendem que dar carne não sangrada envolve dar sangue, e que isso não seria diferente de aplicar uma transfusão de sangue. A opinião deles também precisa ser respeitada. Em ambos os casos, penso ser apropriado aplicar o princípio de Romanos 14:3-5.
Abraços.
Não acredito que eu li realmente o que está ai em cima.
Seguindo esse rasciocínio baseado exclusivamente na lei do antigo testamento posso me beneficiar de absolutamente tudo que outras pessoas que não cumprem regras de Bíblia desde que eu não seja o ator/causador do ato.
Posso comprar celular roubado (roubar é pecado) mas quem não obedeceu a lei foi quem roubou e me vendeu, então Não estou fazendo nada de errado, apenas me "beneficiando do ato errado dele ".
Posso receber doações de um traficante para viajar ou consertar minha casa pois não sou eu quem trafica é O traficante que não obedece a lei de Deus então "posso me beneficiar das ações do traficante".
Afinal "COMO CRISTÃO POSSO ME BENEFICIAR DA FALTA DE SUJEIÇÃO AS NORMAS BÍBLICAS DO TRAFICANTE, DO VENDEDOR DE CELULAR QUE ROUBOU,ETC,ETC,"
Devo entender então que com base nesse argumento podemos aplicar qualquer principio estabelecido na lei mosaica?
Impressionante essa lógica que foi argumentada aqui,ops essa falta de lógica
A frase “os servos atuais de Deus podem se beneficiar da falta de sujeição às normas bíblicas daqueles que voluntariamente assim desejam agir” está dentro do contexto do assunto em pauta. Portanto, não se admite uma aplicação ampliada ou generalizada dela.