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Contribuído.
A parte anterior considerou a questão dos textos e
histórias acrescentados ao texto bíblico da versão Almeida Revista e Corrigida
[ARC], bem como a questão da coerência na tradução. Este artigo continuará a
analisar a questão da coerência.
Leia Mateus
11:12 na ARC: “...
se faz violência ao
reino dos céus, e os violentos pela força
se apoderam dele.” Ou, como dizem
outras versões, “os violentos o tomam
por assalto”.
A incoerência desta tradução na ARC deixa o leitor
no mínimo confuso, podendo levá-lo a acreditar que o reino de Deus deve ser
defendido por ações violentas, que os violentos se apoderam do reino de Deus
pela violência, como que, tomando-o por assalto. Como fica então o ensino de
sermos pacificadores (Mateus 5:9)? E o ensino de que devemos AMAR até mesmo
nossos inimigos? (Nossa luta não é contra carne e sangue; Efésios 6:12.)
Biázomai e biastaí são
os termos gregos usados nesta passagem. Sobre o verbo grego bi·á·zo·mai empregado
neste texto, o Dicionário
Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento, de Vine (1981, Vol.
3, p. 208) diz: “O verbo sugere
um esforço vigoroso.” A respeito de Mateus 11:12, o perito
alemão Heinrich Meyer declara: “Deste modo, descreve-se aquele esforço e aquela
luta entusiásticos, irresistíveis, para alcançar o reino messiânico que se
acercava . . . Tão entusiástico e enérgico (não mais calmo e
expectante) é o interesse no que tange ao reino. Os [bi·a·staí] são, por
conseguinte, crentes [e
não atacantes inimigos] que se empenham arduamente para possuí-lo.” — Critical and Exegetical Hand-Book to the
Gospel of Matthew (Manual Crítico e Exegético do Evangelho de
Mateus), de Meyer, 1884, p. 225.
Veja a coerência da TNM ao traduzir esse
versículo:
Mateus 11:12: “...O
reino dos céus é o alvo para o qual os homens avançam
vigorosamente, e os que avançam
vigorosamente se apoderam dele.
Empenhar-se, esforçar-se e avançar vigorosamente
são alternativas para uma tradução mais coerente em conformidade aos ensinos do
nosso Senhor Jesus Cristo. Desta forma, a TNM ressalta que Jesus está nos
ensinando uma grande e importante lição: Que, para herdar o reino de Deus, se
requer um grande esforço para que continuemos a avançar vigorosamente na busca
da vida eterna.
Na ARC, em 2 Crônicas 22:1-2, lemos que Acazias era o filho mais moço de Jeorão, e que Acazias começou
a reinar com a idade de 42 anos. Observe agora que, em 2 Crônicas 21:20 (apenas
um versículo anterior ao capitulo 22), fala que Jeorão, pai de Acazias, tinha
40 anos quando morreu.
Percebeu a contradição? Como é que pode Acazias
ser o filho mais moço de Jeorão e ao mesmo tempo ser dois anos mais velho que o
seu próprio pai?
Faça a leitura dos mesmos textos na TNM, compare e
veja a exatidão, a coerência e a seriedade que os seus editores tiveram ao
traduzir a Palavra de Deus, tornando-a harmoniosa.
Gênesis 6:6 na ARC: “Então, arrependeu-se o
Senhor de haver feito o homem ...”
As Escrituras atestam firmemente que Deus não
erra, pois Ele é perfeito. (Deuteronômio 32:4) Não é correto dizer que Deus se arrepende porque Ele não é humano e sim Divino. (Números 23:19) Então, por
que muitos tradutores bíblicos insistem em dizer em suas edições que Deus “se
arrepende”?
No hebraico quando a palavra arrependimento está
relacionada ao homem é “Shübh” e a Deus é “Nãham”. Os tradutores bíblicos não os diferenciam, e por este motivo
a palavra “arrependimento” tem sido traduzido tanto para designar ações humanas
como atitudes divinas.
Nãham significa basicamente “sentir pesar,
entristecer-se, lastimar, deplorar”. Podendo significar “sentir pena, ter
compaixão, mudança de ideia, mudança de atitude”.
Shübh significa basicamente “retornar,
converter-se” e é aplicada
ao homem arrependido que reconhece seus erros e pecados e retorna a Deus. Está
relacionado ao arrependimento moral.
Podemos entender melhor essa diferença ao ler
Jonas 3:9-10, no relato sobre os ninivitas que se arrependeram dos seus pecados
e voltaram-se para Deus, fazendo com que Deus reconsiderasse a calamidade que
tinha dito que traria sobre eles. Jonas 4:2 em diante revela a essência de
Deus.
A forma “Nãhan” sempre será usada para Deus.
Enquanto “Shubh” nunca será usada para Deus.
Para o homem pode ser usada as duas formas, afinal
de contas, o homem não se arrepende só moralmente [Shübh], mas
também “sente
pesar, tristeza, lastima” [Nãhan], não pelos seus erros, mas pelos erros de outra pessoa. Como, por
exemplo, o fim do laço matrimonial (divórcio), situação na qual o cônjuge sente
tristeza, lástima, de ter se casado com uma pessoa indigna de confiança. Veja
que foi o erro da outra pessoa que provocou o arrependimento do casamento.
Leia Gênesis 6:6 e todos os versículos citados
acima na TNM e veja a coerência e a exatidão da mesma.
Gênesis 37:20 na ARC: “... e lancemo-lo
numa dessas covas...”
Mais uma vez a falta de perícia fez o tradutor da
ARC verter a palavra hebraica “BOR” por cova. Obviamente uma escolha
atrapalhada, uma vez que o dicionário de Strong verte
“Bor” por cisterna. Mas, se o tradutor tivesse lido com atenção o versículo 24
do mesmo capítulo, teria observado que a “cova” estava vazia porque não havia água
nela. Então, não se tratava simplesmente de uma “cova”, mas de uma
cisterna.
Leia Gênesis 37:20 na TNM, e veja mais uma vez a
competência e o zelo com que a TNM traduziu este versículo.
No artigo seguinte e último desta série será
analisado o mais importante quesito na avaliação da qualidade de uma tradução –
o uso do Nome divino, Jeová.
A menos que haja uma
indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia
Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
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