Fonte da foto: jw.org
Sobre o artigo “Deve-se optar pelo símbolo ou pela realidade? Pelo sangue ou pela vida?”,
um leitor escreveu:
Na realidade, a explicação acima é defeituosa e
carece de base sólida. Em primeiro lugar, a lei do sangue servia não para
tornar o sangue sagrado, como se de uma substância mística se tratasse, mas
para revelar que a vida representada pelo sangue era sagrada. O sangue era
apenas símbolo da vida. Assim, percebe-se que a vida e não o sangue é
sagrado.
Outro aspecto é que a questão do sangue na
Bíblia está sempre associada com a ‘morte’ ou perda da vida do animal ou
humano. E por isso, Deus exigia que a vida de um animal tirada fosse
simbolicamente devolvida a Deus ao ser derramada no chão ou ao ser usada no
serviço sagrado no tabernáculo ou mais tarde no templo. Assim, Deus
mostrava como uma vida não podia ser tirada de ânimo leve. A vida em última
instância pertence a Deus e ele demanda responsabilidade de quem TIRA UMA VIDA.
A ilustração da aliança tem toda a lógica, pois
apesar de ser símbolo humano ele não deixa de ter um símbolo religioso e até
mesmo é usado nesse contexto. É por isso que os casais, mesmo nos Salões do
Reino, usam na sua maioria uma aliança para simbolizar a sua união como “uma só
carne”. Minimizar esse símbolo é não perceber o simbolismo milenar dele.
É interessante que a pessoa que rebate a
ilustração, usa a passagem de Génesis sobre a ‘árvore do conhecimento do que é
bom e do que é mau’. Diz que “era impossível comer do fruto daquela árvore e ao
mesmo tempo respeitar a Soberania divina, representada pela árvore”. Faz
isso, associando a ideia de que usar o sangue que considera como sendo sagrado
era a mesma coisa que comer do fruto da árvore que também simbolizava a
Soberania divina.
Ora bem, se vamos usar esse argumento, então
podemos dizer que as Testemunhas de Jeová hoje em dia VIOLAM essa premissa.
Como? Por usarem o sangue na sua forma fraccionada ou total (durante o
processo cirúrgico em circuito extracorpóreo). Afinal, de onde provêm as
fracções e componentes usados, tais como a hemoglobina, albumina, factor VIII,
etc? Não é do sangue que é doado, fraccionado e coletado de milhares de
pacientes “mundanos” que altruisticamente doam de si para beneficiar outros?
Usemos então a ilustração que o apologista usou
sobre a árvore e reflitamos, usando a mesma premissa por ele apresentada: Será que seria possível Adão e Eva pegarem no fruto da
árvore proibida, usarem algum processo de fraccionamento e comerem apenas
alguns dos componentes do fruto, alegando que na realidade não estavam comendo
o fruto inteiro?
Esta reflexão ajuda-nos a entender como as TJ
violam a premissa da suposta “santidade do sangue” ao usarem-no a 100% na sua
forma fraccionada e isso coloca-as numa posição de incoerência brutal perante
aquilo que dizem defender: o sangue é sagrado e pertence apenas a Deus. Não
pode ser usado e deve ser descartado (Levítico 17).
Na verdade, a ilustração do anel é verdadeira e
revela como é errado dar mais primazia ao símbolo do que àquilo que ele
representa. O próprio Jesus Cristo condenou os líderes religiosos dos seus
dias, quando ele quis curar ao Sábado e eles o criticavam por supostamente
estar a violar a lei mosaica. Ele arrazoou que a vida das pessoas era o mais
importante e que a Lei de Deus não podia ser usada para impedir a salvação de
alguém.
Por isso usou a ilustração de animais que caíam
numa cova e que morreriam certamente se alguém não os tirasse de lá. Isso
demonstrou que para Deus, a VIDA e não a aplicação da lei com base em
interpretações erradas é o mais importante.
Se queremos ser realmente discípulos de Cristo,
deveríamos seguir a sua atitude e maneira de agir.
Resposta (com participação de A Verdade É Lógica):
Em primeiro lugar, o
artigo citado pelo leitor não afirmou que o sangue é uma “substância mística”.
Seguem abaixo algumas
considerações, por tópicos, das argumentações feitas pelo referido leitor.
O SANGUE É SAGRADO
A afirmação do leitor, de
que o sangue não é sagrado, não tem base bíblica. Lemos em Levítico 17:14: “Pois
a vida de todo tipo de criatura é seu sangue, porque a vida está no
sangue. Por isso eu disse aos israelitas: ‘Não comam o sangue de nenhuma
criatura, porque a vida de todas
as criaturas é seu sangue.’”
Assim, por representar a
vida, o sangue é equiparado à própria vida que representa, sendo sagrado. Lemos
em Êxodo 3:5 as palavras do anjo que falou com Moisés: “Não se aproxime mais. Tire as
sandálias dos pés, porque o lugar em que você está pisando é solo sagrado.” Se um mero solo foi considerado sagrado pelo fato de o anjo
de Deus estar andando sobre ele, muito mais o sangue, que representa a vida que
nele subsiste!
A ORDEM DE SE ABSTER DE
SANGUE NÃO ESTÁ LIGADA À MORTE DE UMA CRIATURA
Também, não é verdade que “a
questão do sangue na Bíblia está sempre associado com a ‘morte’ ou perda da
vida do animal ou humano”.
O leitor disse:
“Assim, Deus mostrava como
uma vida não podia ser tirada de ânimo leve. A vida em última instância
pertence a Deus e ele demanda responsabilidade de quem TIRA UMA VIDA.”
O interessante é que o
leitor não está percebendo que se pode tirar uma vida animal, mas não se pode comer sangue. Se o
sangue é menos valioso que uma vida, por que se pode tirar a vida, mas não se
pode comer o sangue? Não deveria ser o oposto, na lógica do leitor? Note que
não poderia nem mesmo haver relações sexuais durante a menstruação por causa do sangue. (Levítico 20:18) Neste exemplo, vemos a
santidade do sangue em humanos vivos,
não em animais mortos.
Sobre isso, veja o artigo “A ordem bíblica de evitar sangue se restringe ao sangue de uma criatura que foi abatida? Pode-se ingerir sangue de uma criatura que não foi morta?”,
e o artigo “A questão do sangue - Parte 6 (Final)”,
neste site.
A ILUSTRAÇÃO DA ALIANÇA DE
CASAMENTO
A ilustração da aliança
foi dispensada por ser um símbolo humano e não bíblico, e também por não ter a
mesma equivalência que há entre a vida e o sangue. Visto que a aliança de
casamento representa o casamento, o adultério seria um desrespeito tanto ao
casamento como à aliança que o representa. A diferença no que tange ao sangue é
que a vida está intrínseca ao sangue, não pode ser separada dele. Por outro
lado, nem todos os casais preferem usar uma aliança.
O leitor disse:
“A ilustração da aliança
tem toda a lógica, pois apesar de ser símbolo humano ele não deixa de ter um
símbolo religioso e até mesmo é usado nesse contexto. É por isso que os casais,
mesmo nos Salões do Reino, usam na sua maioria uma aliança para simbolizar a sua
união como ‘uma só carne’.”
Essa explicação do leitor contém alguns erros:
1)
O leitor está argumentando de uma perspectiva separatista, isto é, como se o símbolo pudesse ser separado daquilo que
simboliza – não é assim! Veja essa ilustração: Imagine que um homem casado
esteja viajando sozinho de trem. Ele está sentado no assento da janela. Nisso,
uma belíssima moça senta ao lado dele. Neste momento, ele retira a aliança do
seu dedo para paquerar a moça. Será que o ato de tirar a aliança neste momento
não é um desrespeito para com o casamento? Pela lógica do leitor, não; mas pela
lógica de toda pessoa sensata, sim.
2) A aliança serve exclusivamente para mostrar que uma pessoa não
está disponível para uma potencial aproximação romântica de alguém do sexo
oposto. Colocar a relação entre um objeto que representa algo no mesmo nível de
uma ordem divina quanto ao sangue é falta de bom senso. Seria como dizer que
não há problemas em não alimentar os filhos, já que você não cuidou direito da
foto deles – é tolice!
A QUESTÃO DAS FRAÇÕES DE SANGUE
Mesmo
que usar proteínas, fatores de coagulação e imunoglobulinas fosse uma violação
da lei quanto a abster-se do sangue, isso não muda o fato de que “era
impossível comer do fruto daquela árvore e ao mesmo tempo respeitar a Soberania
divina, representada pela árvore” e, portanto, é impossível deixar de abster-se
de sangue e ainda assim respeitar a vida que o sangue representa.
Assim, a
afirmação do leitor, de que há tal suposta violação, não passa de uma falácia
do espantalho, uma infundada tentativa de desviar do tema sem vencer a eficácia
do mesmo.
O
leitor perguntou:
“Será
que seria possível Adão e Eva pegarem no fruto da árvore proibida, usarem algum
processo de fraccionamento e comerem apenas alguns dos componentes do fruto,
alegando que na realidade não estavam comendo o fruto inteiro?”
Então,
o leitor admite que injetar sangue é errado? Se usar frações é errado, o que
dizer do sangue inteiro? Espere um pouco: O leitor afirma que as Testemunhas de
Jeová erram por recusar sangue e erram também por não rejeitar frações?
Isso é como dizer: “Minha igreja não peca por fornicar, mas as Testemunhas de
Jeová pecam por beijar na boca.” Isso era para ter sido um argumento? O leitor precisa
entender que as Testemunhas de Jeová não dizem que não é errado aceitar frações
pequenas de sangue. O que se diz é: Existem dois argumentos coerentes e que
devem ser respeitados quanto a isso:
1) Tudo é sangue, inclusive pequenas frações. Muitas Testemunhas de Jeová têm esse posicionamento – e ele
é válido.
2) Nem tudo é sangue. Neste raciocínio, muitos argumentam que Deus permitiu que se
comesse carne com vestígios de
sangue, mas ele não permitiu que se comesse nada do fruto do jardim. (Aqui está
o erro seu.) Deus sabe que é praticamente impossível que se retire qualquer
mínima fração de sangue de uma carne ao abater um animal. Mesmo assim, ele
permitiu o consumo de carne. Por esse raciocínio igualmente lógico, as Testemunhas
de Jeová entendem que mínimas frações insignificantes de sangue não constituem
um pecado.
Dessa
forma, apontar para um suposto pecado jeovista quanto às pequenas frações, mas achar que é correto receber sangue, é como ‘coar o
mosquito, mas engolir o camelo’ (Mateus 23:24). Sugerimos
ao leitor que tire a trave do seu olho antes de apontar o suposto cisco no
nosso. – Lucas 6:42.
Quanto
à questão das chamadas frações, veja o artigo “A questão do sangue - parte 5”, neste site.
A LEI DE DEUS NÃO PODE SER VIOLADA PARA
SALVAR A VIDA
Quanto
à afirmação do leitor, de que “ Lei de Deus não podia ser usada para
impedir a salvação de alguém”, isso também não tem procedência bíblica. Os
israelitas podiam salvar um animal no sábado porque isso não era violação da
lei do sábado.
Já não
é o caso da lei sobre o sangue. O decreto apostólico, registrado em Atos 15:28
e 29, equiparou abster-se de sangue como sendo tão sério quanto abster-se de
idolatria. Os três hebreus, em Babilônia, ficaram entre praticar idolatria, por
adorar a estátua feita pelo Rei Nabucodonosor, e perder a vida numa fornalha
ardente. Mas eles se recusaram a pecar por idolatria para salvar suas
vidas. (Daniel 3:16-18) E muitos cristãos foram mortos por causa de sua fé.
Nenhuma das pessoas que conhecem o cristianismo se surpreenderia com uma prova
de fé que envolvesse a perda da vida neste mundo.
Conforme
mostrou o artigo “A lei de Deus sobre o sangue inclui as transfusões?”:
Jesus
Cristo, o Fundador do cristianismo, declarou enfaticamente: “Porque aquele que
quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim
achá-la-á.” (Mateus 16:25, Al) João também registrou palavras similares de
Cristo: “Quem tem apego à sua vida, vai perdê-la; quem despreza a sua vida
neste mundo, vai conservá-la para a vida eterna.” (João 12:15, Bíblia
Pastoral.) O que essas palavras de Jesus indicam?
Que
o cristão pode ficar numa situação entre a vida e a lei de Deus. Nesse caso,
ele terá de optar por apenas uma delas. Meditar desde agora nas palavras do
Senhor Jesus ajudará àquele que quer ser fiel a Deus a tomar a decisão
acertada, tendo em vista a eternidade prometida por Deus.
Felizmente,
não é o caso que ocorre na questão do sangue. Hoje a Medicina tem demonstrado
os malefícios da transfusão de sangue alogênico (de outra pessoa), e que qualquer
procedimento médico pode ser feito sem o uso de sangue alogênico.
Veja a
série de artigos “A questão do sangue”, partes 1 a 6.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados,
desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Me parece também que para o leitor é errado a transfusão, menos se for para salvar uma vida (cheguei a essa conclusão com o argumento sobre Jesus e a lei do sábado). Mas as palavras de Mateus 16:25 eu considero lindas de mais, para explicar que esse tipo de pensamento é errado.
Com os anos cheguei a conclusão sobre o sangue que aceitar o sangue de outra pessoa para é o mesmo que rejeita automaticamente o sangue de quem morreu e deu o seu próprio
para salvar muitas vidas de uma vez.