Contribuído por A
Verdade É Lógica.
O artigo anterior analisou as passagens bíblicas em que Filo de
Alexandria se baseou para fundamentar suas ideias sobre o Logos. Neste artigo
veremos aquele que talvez seja o ponto mais interessante na visão de Filo de Alexandria
sobre o Logos.
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Lemos
na obra The Works of Philo Judaeus (“As Obras do Judeu Filo”):
(203) E eu fico ainda mais
maravilhado. Quando ouço as profecias sagradas eu aprendo delas sobre qual
maneira “a nuvem veio até o Meio-Termo” {68} {Êxodo 14:19.} entre o exército
dos egípcios e o grupo dos filhos de Israel; pois a nuvem não mais permitia que o povo, que era meigo e amado por
Deus, fosse perseguido por aquilo que foi devotado às paixões e [era] um
inimigo de Deus; sendo uma cobertura e uma proteção para seus amigos, mas uma
arma de vingança e castigo contra seus inimigos; (204) Pois gentilmente derrama
sabedoria sobre as mentes que estudam a virtude - sabedoria que não pode ser
castigada por nenhum mal. Mas em tais
mentes malignas e improdutivas de conhecimento, derrama um corpo inteiro de
punições, trazendo sobre eles a mais lamentável destruição da inundação. (205)
E o Pai que criou o universo tem dado à sua
mais antiga e arqueangélica Palavra [claramente “o Logos”] um presente superior: estar no limite de ambos, e separou aquilo
que fora criado do Criador. E esta
mesma Palavra [o Logos] é continuamente um suplicante ao Deus imortal em
prol da raça mortal, a qual está exposta à aflição e à miséria; e é também o embaixador, enviado pelo Governante de tudo, até à raça subordinada. (206) E a Palavra [o Logos] se alegra neste
presente, e, exultando nisso, ela o anuncia e se gaba, dizendo: “E eu estive no
meio, entre o Senhor e vós;” {69}
{Números 16:48.} não é incriada igual a
Deus, tampouco criada igual a vós, mas é um meio-termo entre estas duas
extremidades, como um refém, por
assim dizer, de ambos os lados: um refém para o Criador, igual a um
juramento e [uma] segurança [de] que a inteira raça jamais abandonaria ou se
revoltaria inteiramente, escolhendo a desordem ao invés da ordem. E à criação, para levá-la a receber a esperança segura
de que o Deus misericordioso não negligenciaria sua própria obra. Pois eu
proclamarei inteligência cheia de paz à
criação da parte dele, que tem decidido destruir as guerras, isto é, Deus,
que é eternamente o guardião da paz. (PHILO, subtítulo Who is the Heir of Divine things?,
203-206.) [Os grifos são nossos.]
É
impossível ler esse relato e não relacioná-lo com a descrição bíblica de Jesus
Cristo. João declara que o Logos é o
“deus unigênito”. (João 1:18) Em contraste com o ‘Deus que ninguém jamais viu’,
João menciona o “deus unigênito”. Este “deus unigênito” não é o ‘Deus
invisível’, nem o ‘Deus invisível’ é o “deus unigênito”. São dois seres divinos
ontologicamente distintos apresentados no prólogo, não duas hipóstases de uma
mesma “ousia” ou Ser. Definitivamente, a
descrição do “apóstolo amado” no v. 18 é incompatível com a ideia de duas
pessoas num único Deus. A característica que o Logos possui de ser o deus
“unigênito” é, pelo que tudo aponta, quer por coincidência, quer por
providência, idêntica à descrição
mencionada anteriormente por Filo. O Logos
é unigênito tanto para João quanto para Filo. O Logos não é uma criação igual
às demais, tampouco é incriado igual ao Deus Supremo: ele é unigênito, o único produzido ou gerado
diretamente pelo Deus supremo sem a ação
de intermediários, pois todas as coisas foram criadas por intermédio do Logos.

Alguns trinitários, seja por brincadeira, por falta de argumentos ou por doutrinação, argumentam que “o Logos foi gerado, não criado”. Confesso que nas primeiras vezes eu pensava que era uma brincadeira, mas à medida que essa objeção se repetia, passei a perceber que eles falavam sério.
A expressão hebraica usada em Provérbios 8:24 para a Sabedoria personificada é esta:
“chûl chíyl”/khool, kheel/
Ela
não é usada para um suposto ser “gerado
mas não criado”. Essa expressão traz
o sentido de “gerar como que com dores de
parto”. Veja a análise a seguir:
“Não é ele seu Pai, que o trouxe à existência.” – Deuteronômio 32:6.
“Você se esqueceu da Rocha que o gerou [yâlad, /yaw-lad’/ - gerar,
parir, nascer], e não se lembrou do Deus que o deu à luz. [chûl chíyl, /khool, kheel/ - gerar com dores].”
– Deuteronômio 32:18.
Veja
analisemos mais passagens similares:
“Será que você foi o primeiro homem a nascer, [yâlad, /yaw-lad’/ - gerar, parir, nascer] Ou foi dado à luz [chûl chíyl, /khool,
kheel/ - gerar com dores] antes das
colinas?” – Jó 15:7, compare
com Provérbios 8:22-30.
“Antes de nascerem
[yâlad, /yaw-lad’/ - gerar, parir,
nascer] os montes, ou de teres formado
[chûl chíyl, /khool, kheel/ - gerar com dores] a terra e o solo produtivo.” – Salmo
90:2.
Com
essa análise breve, vemos que simplesmente não há diferença na essência da
mensagem entre ser gerado e ser criado, pois ambas as formas trazem a
ideia de algo/alguém que passa a ser
ou existir.
Alguns
talvez aleguem que, visto que o Logos
foi gerado como “o primeiro”, então nunca houve um tempo em que o Logos não
existia (pois o tempo começa com o Logos), e que, por tal razão, ele é eterno e
igual a Deus. Esse pensamento, porém, contém três erros, os quais serão
expostos no próximo artigo.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
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fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
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