Contribuído
por A Verdade É Lógica.
O artigo anterior trouxe à luz a base filosófica do conceito de Filo
sobre o Logos. Este artigo analisará as passagens bíblicas em que ele se
baseou para fundamentar suas ideias.
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A obra
Philo traz a lume as
palavras de Filo:
Eu ouvi também um oráculo dos
lábios de um dos discípulos de Moisés, o qual decorre desse modo: “Eis o homem
cujo nome é renovo” (Zacarias 6:12), certamente o mais estranho dos títulos, se
você supor que um ser composto de alma e corpo é descrito aqui. Mas se você
supor que é um ser Incorpóreo, que não difere uma mínima parte da imagem
divina, você concordará que o nome “renovo” que é atribuído a ele certamente o
descreve. Pois tal homem é o filho mais
velho, a quem o Pai de todos levantou, e em outro lugar o chama de Seu primogênito, e de fato o Filho, portanto, produzido [ou gerado, criado], seguiu os caminhos de seu Pai, e moldou os diferentes tipos, olhando
para o modelo ideal o qual o Pai fornecia.” (PHILO, Volume IV, On the Confusion of Tongues, XVI, §§
61-63) [Os grifos são nossos.]
A
passagem bíblica sob ponto de análise de Filo na citação anterior é Zacarias
6:12.
“E diga-lhe: “‘Assim diz Jeová dos
exércitos: “Eis o homem cujo nome é Renovo. Ele brotará do seu próprio lugar e
construirá o templo de Jeová.” – Zacarias 6:12.
Filo faz aqui uma referência ao
Logos, um ser que ele chama de “Incorpóreo”, chamado de Filho de Deus, e que,
nas palavras de Filo, é, de alguma forma que difere das demais criações, criado ou produzido. Na obra Estudo
Perspicaz das Escrituras (Volume
3, página 377), comenta-se sobre essa passagem de Zacarias.
Em Zacarias 6:12, 13, “o homem cujo nome é Renovo” é descrito como
edificando o templo de Jeová e sentando-se como sacerdote sobre seu trono. Isto
não se pode aplicar a outrem senão a Jesus Cristo, visto que somente ele pode
ocupar os cargos de Rei e Sacerdote sob o arranjo de Deus. Promete-se Jesus
Cristo como o justo “renovo” suscitado a Davi. Este executará a justiça e o
juízo.”
Ligando ao comentário citado, veja
o que diz Jeremias 23:5:
“‘Vejam! Estão chegando os dias’,
diz Jeová, ‘em que farei surgir para Davi um renovo justo. E um rei
reinará; ele mostrará entendimento e defenderá a justiça e a retidão no país.’”
[Os grifo são nossos.]
Sobre a referência angélica e a
deidade secundária do Logos, veja o comentário da obra O Novo dicionário da Bíblia:
Notamos
que, para Filo (Filon), o Logos era o “Anjo do Senhor”, o “Sumo Sacerdote”, o
“Filho de Deus”, assim, portanto, uma espécie de subdivindade, ou um segundo
Deus/deus. Dos filósofos que usaram o termo filosófico em respeito ao Logos,
nenhum deles transmitiu tantas similaridades com o Logos neotestamentário
quando Filo.
Prossigamos
com a análise dos escritos de Filo no livro “A History of the Christian church”
[Uma história da igreja Cristã], de Williston Walker (1921), página 17:
Em Alexandria, também, as ideias
religiosas do Antigo Testamento foram combinadas com os conceitos filosóficos
gregos, notavelmente platônicos e estoicos, com um sincretismo [i.e. uma fusão
multicultural] memorável. O mais influente destes intérpretes foi Filo de
Alexandria (20? a.C. – 42? d.C.). Para Filo, o Velho Testamento é o mais sábio
dos livros, uma verdadeira revelação divina, e Moisés, o maior dos professores;
mas por interpretação alegórica Filo acha o Velho Testamento em harmonia com o
melhor do platonismo e estoicismo. A crença de que o Antigo Testamento e a
filosofia grega estavam de acordo na essência foi um dos significados mais
abrangentes para o desenvolvimento da teologia Cristã. Este método alegórico de
explicação bíblica influenciaria grandemente os posteriores estudos Cristãos
das Escrituras. Para Filo, o Deus único fez o mundo como uma expressão de Sua
bondade para Sua criação; mas, entre
Deus e o mundo, os elos são um grupo de poderes divinos, vistos até certo ponto
como seres pessoais. Destes o maior é o Logos (λόγος), o qual emana do próprio Deus, e é seu agente, não
meramente através de quem Deus criou o mundo, mas a partir de quem todos os
poderes emanam. Através do Logos Deus criou o homem ideal, de quem o homem real
é uma cópia inferior, o trabalho de
poderes espirituais menores, bem como o do Logos. Mesmo de seu estado
caído, o homem pode erguer-se para se conectar com Deus através do Logos, o
agente da revelação divina. Todavia, o conceito de Filo sobre o Logos é muito
mais filosófico do que o da “sabedoria” de Provérbios
[...].” (Página 17) [Os grifos são
nossos.]
O
autor da obra referida acima explica que Filo cria que, entre o Deus Supremo e
o nosso mundo físico, havia vários seres intermediários,
e dentre – não à parte de – tais seres,
o maior era o Logos. De tal modo,
para Filo, o Logos não era uma
“segunda pessoa” eterna e coigual a Deus, numa suposta doutrina trina. (É
importante destacar que Filo, como judeu, não era trinitário.) Para Filo, o Logos era um ser intermediário, não o Ser
supremo. O Logos era participante
do grupo dos intermediários, não uma
segunda consciência acima ou fora do grupo dos intermediários angélicos. Dentre
os anjos, o Logos era, para Filo, o mesmo que é para as Testemunhas de Jeová e
demais unitaristas: O mais destacado dos
seres intermediários celestiais. É interessante salientar que, no
pensamento judaico, tais seres, por vezes, eram referidos como “deuses”. – Cf.
Salmo 86:8, 97:7.
No
próximo artigo veremos aquele que talvez seja o ponto mais interessante na
visão de Filo de Alexandria sobre o Logos.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
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fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
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