Ela padecia de um sangramento
uterino anormal. Já estava buscando tratamento e cura havia 12 longos e
agonizantes anos. Por ser uma doença que envolvia o órgão genital, isso causava
consequências psicológicas e sociais especialmente dolorosas.
Durante 12 anos, ela precisou
expor-se num assunto bastante íntimo a terapeutas. Durante 12 anos, sua
capacidade de gerar filhos ficou comprometida. Levando em conta que ela vivia
numa sociedade que prezava altamente a fertilidade e a geração de prole, e que
considerava uma mulher em tal condição não apenas fisicamente – mas também
religiosamente – impura, os efeitos traumatizantes em sua vida social foram
profundos e além do que alguém possa dimensionar. Além de tudo isso, ela havia
gastado todos os seus recursos financeiros, tendo ficado totalmente
empobrecida.
Mas, um belo dia, ela soube a
respeito de Jesus de Nazaré, alguém que realizava curas milagrosas de todos os
tipos. Embora esgotada pela vida penosa que estava levando, um raio de
esperança a envolveu. Poderia finalmente ser
curada!
Porém, sendo israelita, ela sabia
da Lei dada àquela nação, de que uma pessoa com tal impureza deveria evitar ter
contato físico com outras pessoas. (Levítico 15:25-30) No entanto, o homem de
quem ela esperava receber a cura vivia rodeado por pessoas. Era simplesmente
impossível chegar até ele sem esbarrar em pessoas. Então, o que ela resolveu
fazer?
Lemos no relato de Marcos 5:27,
28:
“Tendo ouvido falar de
Jesus, ela se aproximou por trás dele, na multidão, e tocou na sua roupa, pois
dizia: ‘Se eu apenas tocar na sua roupa, ficarei boa.’”
Podemos imaginar que ela
fez o possível para evitar contato físico com as pessoas por quem passava. Mas,
no caso de Jesus, ela estava decidida a
tocar na roupa dele.
Observe também que dois
relatos dos evangelistas, ao descrever os pensamentos de tal mulher, usam o
verbo “dizer” no modo indicativo imperfeito: “Dizia”. (Compare Marcos 5:27, 28 com Mateus 9:21.) No grego também
está no imperfeito: ἔλεγεν (élegen). O que isso indica? Que ela
não disse a si mesma apenas uma vez, mas que ficava continuamente reafirmando
para si a certeza de que receberia a cura assim que tocasse na roupa de Jesus. À
medida que dava cada passo em direção de Cristo, ela alimentava sua fé no poder
de cura de Jesus.
Qual foi o desfecho dessa ação motivada por intensa fé?
O evangelista Marcos descreve vividamente: “E
o seu fluxo de sangue secou imediatamente,
e ela sentiu no corpo que tinha sido
curada daquela doença aflitiva.” – Marcos 5:29.
Será que conseguimos
imaginar a profunda emoção e alívio sentidos por aquela mulher? Ela finalmente estava curada! E isso por
meio de um procedimento simples – sem dor, sem sofrimento!
Uma cura feita diretamente por
Jeová
Em seguida àquele milagre
espantoso, o escritor evangelístico descreve o que aconteceu:
“Imediatamente, Jesus percebeu que havia saído poder dele, e
ele se virou na multidão e perguntou: ‘Quem tocou na minha roupa?’ Seus discípulos
lhe disseram: ‘O senhor está vendo que a multidão o aperta, e ainda pergunta:
‘Quem me tocou?’” Mas ele estava olhando em volta para ver quem tinha feito
isso.” – Marcos 5:30-33.
Jesus sentiu que alguém o
tocou de forma especial – de modo a poder milagroso ter saído dele. Mas, a
princípio, não sabe quem é tal pessoa. Jesus sabia que tal poder só poderia ter saído por ação
de seu Pai, Jeová. De modo que Jesus ficou profundamente interessado em
saber quem era a pessoa por quem Deus retirou poder dele. Quem era tal pessoa digna e
privilegiada pelo Deus Todo-Poderoso?
O evangelizador Lucas
prossegue então com o relato do que ocorreu:
“Vendo que não havia
passado despercebida, a mulher se aproximou trêmula, se prostrou diante dele e
declarou perante todos por que o
havia tocado e como tinha sido
curada imediatamente.” – Lucas 8:47.
Note que, primeiro, ela
declarou “por que” havia tocado Jesus. Visto que sua doença exigia abstenção de
contato físico, seria necessária tal explicação. Não sabemos o que ela disse
naquela ocasião. Mas, somando os fatos de que ela havia exercido profunda fé e
de que Jeová atendeu o desejo íntimo dela de ser curada, não parece apropriado
concluirmos que ela usou sua doença penosa para justificar uma possível
violação da Lei dada pelo próprio Deus que a curou. Em vez disso, parece
coerente concluirmos que aquela singela mulher entendeu que não se tratava de
uma violação da Lei divina, e sim de uma exceção a ela.
Pois a Lei mosaica proibia tal contato pelo resultado óbvio
de tornar outros também impuros. (Levítico 15:26, 27) Mas, ela sabia que, no caso de Jesus, ele não
ficaria impuro; ao contrário, ele removeria
a impureza dela!
Jeová, o Supremo Deus, colocou essa coerência na
racionalidade do ser humano, de entender quando uma lei se aplica e quando não
se aplica. Óbvio que, naquela ocasião, só haveria aquela exceção para tal lei.
Pois, com exceção de Jesus Cristo, todos os outros humanos seriam contaminados
pela impureza dela.
Mas, que dizer das pessoas em quem ela obviamente tocou ao se
dirigir a Jesus? Tal contato era inevitável, pois os Evangelhos descrevem que “uma
grande multidão o seguia [a Jesus] e [o] apertava”, e que “as multidões se
apertavam em volta dele”. (Marcos 5:24; Lucas 8:42)
Um Deus que olha para o todo
Tecnicamente falando, ao
tocar nas pessoas da multidão, tal mulher violou a Lei divina que então
vigorava. Mas, ao fazermos uma avaliação da natureza de tal violação, tenhamos
presente os seguintes fatos:
1- O objetivo e a motivação da mulher não eram transgredir a lei
divina. Portanto, ela não era mal motivada
– pelo contrário, era bem motivada;
2- O efeito negativo do contato físico era temporário: os
contatados ficariam impuros “até o anoitecer” (Levítico 15:27);
3- O profundo sofrimento dela por mais de uma década por certo
merecia a misericórdia e a compaixão divinas;
4- A fé que ela
exerceu em alguém enviado por Deus por certo é muito meritória.
Assim, com
base nos fatores acima, qualquer violação da lei divina seria evidentemente
perdoada pelo compassivo e misericordioso Deus, o qual é maravilhosamente
descrito na Bíblia como “Deus misericordioso e compassivo,
paciente e cheio de amor leal e de verdade, que demonstra amor leal a milhares,
perdoando o erro, a transgressão e o pecado”, que ‘não desvia a sua face aos
que se voltam a Ele’. – Êxodo 34:6, 7; 2 Crônicas 30:9.
O glorioso
desfecho de uma história emocionante
Após ouvir o tocante depoimento da mulher, o maior
Imitador de Deus na Terra, o Senhor Jesus Cristo, disse a consoladora
declaração: “Coragem, filha! A sua fé fez você ficar boa.” – Mateus 9:22.
Primeiro, Jesus instilou nela coragem, ânimo,
alegria. Em momento algum a condenou por qualquer ação da parte dela. Segundo,
chamou-a acalentadoramente de “filha”. Não poderíamos esperar menos daquele que
se tornaria o “Pai eterno” da inteira raça humana! – Isaías 9:6.
Em seguida, Jesus ressaltou que a atitude que ela
havia tomado, de se dirigir a ele com a convicção de que seria curada, era um
ato de fé. E essa fé forneceu a base para Jeová retirar poder de Jesus e curar
aquela mulher antes mesmo que Jesus percebesse isso.
Concluindo seu encorajamento, o Filho de Deus disse
a ela: “Vá em paz e fique curada da sua doença aflitiva.” Por meio dessa
declaração, Jesus garantiu que aquela cura havia sido plena e irreversível. Ela
nunca mais padeceria daquela
enfermidade horrível!
Um
momento para ponderada reflexão
Você já refletiu assim tão profundamente sobre quão
maravilhoso Jeová e Jesus Cristo são? Gostaria de aprofundar sua amizade com
eles? Por certo, são os melhores amigos que alguém poderia ter!
Poderá fazer isso pelo estudo da Palavra de Deus
feito com prolongada meditação em o que ela nos ensina sobre Jeová e sobre
Jesus Cristo. Poderá fazer isso por orar com profundos sentimentos a Jeová,
conversando com ele como se conversa com um pai amoroso e apreciativo, ou com
um amigo de verdade. Todo assunto que
seja de sua preocupação é relevante para Jeová.
Certamente, não há palavras que possam descrever a
magnitude da personalidade do Deus Altíssimo, Jeová, e de Seu Filho unigênito,
Jesus Cristo!
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os
artigos deste site podem ser citados
ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Ao ler o texto duas coisas me vieram à cabeça:
1. A oração de Jonas:
“Eu sabia que tu és Deus que tem compaixão e misericórdia. Sabia que tu és sempre paciente e bondoso e que estás sempre pronto a mudar de ideia e não castigar."
2. O seguinte vídeo de um julgamento que mostra em uma situação moderna a mesma reação que Jesus teve! Assistam! Só não vale chorar! rsrsrs… : https://youtu.be/SjRVZ9PyOmA