Fonte da ilustração:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/livros/verdadeira-fe/historia-de-abraao-na-biblia/
“Mas o fato é que tais
pessoas procuram alcançar um lugar melhor, isto é, um lugar que pertence ao céu. Portanto, Deus não se envergonha
delas, de ser chamado seu Deus,
pois
preparou para elas uma cidade.” – Hebreus 11:16.
O contexto de Hebreus, capítulo 11, diz respeito
aos servos pré-cristãos de Jeová, tais como Abel, Enoque, Noé, Abraão, Sara,
Isaque e Jacó. – Hebreus 11:4, 5, 7, 8-11.
Será que Hebreus 11:16 indica que eles queriam ir
para o céu? Alguns criticam o modo em que a Tradução do Novo Mundo da Bíblia
Sagrada verte essa passagem. A tradução “que pertence ao céu” (usada na NM) está errada, sendo somente possível
a tradução que verte por “celestial”?
Existe diferença quanto ao significado entre esses dois modos de traduzir? Permitem
interpretações diferentes?
“celestial”
ou “pertencente ao céu”?
Nosso irmão Queruvim, professor de Hebraico e de
Grego, forneceu uma resposta em seu canal Tradução do Novo Mundo Defendida[1], a qual
tenho o prazer de transcrever abaixo:
A palavra grega ἐπουρανίου (epouraníou)
significa literalmente “uma celestial” ou “do celestial” – uma forma adjetival
genitiva. Portanto, a tradução “pertencente ao céu” [ou: “lugar
que pertence ao céu”] é bastante literal e contém
exatamente a ideia presente no grego. Por exemplo, em Hebreus 3:1, onde
encontramos a mesma palavra genitiva ἐπουρανίου, ela se refere aos
participantes da chamada “celestial” (grego: ἐπουρανίου), e poderia ser vertida
“pertencente ao céu” sem problema algum. Em Hebreus 12:22, quando lemos a
expressão “a Jerusalém celestial”, também vemos a mesma forma genitiva que
poderia ser vertida “a Jerusalém pertencente ao céu”. É apenas outra forma de
verter a palavra grega e que cai dentro da gama de significado da mesma.
Portanto, gramaticalmente, não há desvio algum. O que sempre acontece é que,
por terem um conhecimento mais avançado e exato da Palavra de Deus, as
Testemunhas de Jeová vertem a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas de
maneira mais harmoniosa, levando em conta o restante da Bíblia.
Assim, torna-se claro que a forma de a Tradução do Novo Mundo verter o adjetivo
grego ἐπουρανίου (epouraníou) está perfeitamente
coerente.
O problema é que os membros da cristandade, que em
geral creem que todos os bons irão para o céu, preferem a tradução de epouraníou por “celestial”, pois acham que isso favorece sua crença. Mas, na
realidade, um estudo do uso dessa palavra no “Novo Testamento” grego, bem como
do contexto da Bíblia sobre a esperança dos servos pré-cristãos de Deus,
mostrará que ambas as formas de verter epouraníou
não dão margem a essa crença da cristandade.
A esperança dos servos de
Deus antes de Cristo era terrestre
Lemos em Gênesis 37:35: “Todos
os seus filhos e todas as suas filhas tentavam consolá-lo, mas ele se recusava
a ser consolado e dizia: ‘Descerei para a Sepultura [“Ou: ‘o
Seol’, isto é, a sepultura comum da humanidade”, nota] chorando pelo
meu filho!’ E ele continuava a chorar por seu filho.”
O fiel Jó
declarou: “Quem dera que me escondesses na Sepultura [hebraico: Seol], que me
ocultasses até a tua ira passar, que estabelecesses um tempo e então te
lembrasses de mim! Quando um homem morre, pode ele viver novamente? Esperarei
todos os dias do meu serviço obrigatório, até vir o meu livramento. Tu
chamarás, e eu te responderei. Terás saudades do trabalho das tuas mãos.” – Jó
14:13-15.
Como se
pode ver claramente, a esperança dos servos de Deus pré-cristãos não era morrer
e ir para o céu, e sim aguardar na sepultura a ressurreição terrestre.
Então, visto que os servos pré-cristãos de Deus tinham esperança
terrestre – a esperança original oferecida ao primeiro casal humano, o que
significa a afirmação de que ‘procuravam
alcançar um lugar que pertence ao céu’, ou uma “pátria celestial” (NVI)?
Em que sentido
‘procuravam alcançar um lugar que pertence ao céu’?
Como disse outro erudito, o Professor e Ph.D. Jason David BeDuhn:
Você não pode produzir uma doutrina saudável com base em uma tradução
ruim. A falta de exatidão de uma tradução iria invalidar qualquer doutrina
erguida a partir dela. É por isso que eu digo que tradução precede
interpretação.
A interpretação das Testemunhas de Jeová é diferente da maioria, visto
que possuem um entendimento melhor devido a uma tradução melhor. E, por terem
uma tradução melhor, isso afeta todo o contexto e crítica textual, bem como a
versão das palavras das línguas originais em que a Bíblia foi escrita visando
se harmonizarem com o conhecimento exato que tanto se esforçam em obter.
Estão sempre fazendo reuniões com leituras de trechos inteiros da Palavra
de Deus e estão dispostas a mudar a qualquer momento em que entenderem que o
conhecimento anterior era falho sob algum aspecto. Isso é impensável em outros
sistemas religiosos que ficam séculos sem mudar suas doutrinas quase sempre
alicerçadas, não na Palavra de Deus, mas em ideias humanas.
O ponto é que um “lugar que pertence ao céu” não significa um lugar NO céu.
Isso é
reconhecido pelos lexicógrafos. Por exemplo, Strong define epouránios como “celestial, na esfera celestial, esfera das
atividades espirituais; Met: divino, espiritual”[2].
(Grifo acrescentado.)
Obviamente,
um lugar na “esfera das atividades espirituais” não é um lugar literalmente no
céu. Strong explica:
“epouránios (um adjetivo, derivado de … epi ”, em , … o que intensifica … Urano , o “céu”) – corretamente, celestial,
referindo-se ao impacto da influência de
Deus sobre a situação particular ou pessoa.”[3] (Grifo acrescentado.)
O que é o “lugar que pertence ao céu”
que os servos de Deus pré-cristãos procuravam alcançar?
Lemos em Hebreus 11:16: “Mas o
fato é que tais pessoas procuram alcançar um lugar melhor, isto é, um lugar que
pertence ao céu. Portanto, Deus não se envergonha delas, de ser chamado seu
Deus, pois preparou para elas uma cidade.”
O que seria essa “cidade”? Como explica o livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra:
Essa “cidade” é o reino de Deus. Mas, por que é chamada aqui de
“cidade”? É porque nos tempos antigos era comum um rei dominar sobre uma
cidade. De modo que as pessoas muitas vezes associavam uma cidade a um reino. –
1989, p. 134.
Veja os textos que fazem referência a Hebreus 11:16:
“Pois [Abraão] aguardava a cidade que tem verdadeiros alicerces,
que foi projetada e construída por Deus.” – Hebreus 11:10.
“Mas vocês se aproximaram
de um monte Sião e de uma cidade do Deus
vivente, a Jerusalém celestial, e de miríades de anjos.” – Hebreus 12:22.
A
“Jerusalém celestial” é o Reino de Deus, conforme o paralelo feito em Hebreus
12:28:
“Portanto, já que
receberemos um Reino que não pode ser
abalado, continuemos a receber bondade imerecida, por meio da qual podemos
prestar a Deus serviço sagrado de modo aceitável, com temor e reverência.”
Embora a sede do Reino de
Deus seja no céu, razão pela qual é chamado de “o Reino dos céus” (Mateus 5:3,
10), o seu domínio se estende por toda a Terra. Lemos no Salmo 72:8:
“Ele [o Messias Jesus
Cristo] terá súditos [ou: “governará”, nota]
de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra.”
Portanto, o domínio
terrestre do Reino de Deus é, de fato, um “lugar que pertence ao céu”.
Sigla
usada:
NVI:
Nova Versão Internacional.
Notas:
[1] Queruvim, 4 de outubro de 2012, nos comentários.
[2] Disponível em: <http://biblehub.com/greek/2032.htm>.
[3] Ib.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
A menos que seja indicada outra fonte, todas as publicações
citadas são produzidas pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Isso já põe em cheque qualquer credibilidade da parte de vcs, por nem conhecerem mesmo aquilo que estão criticando.
Muito obrigado pela demonstração de apreço.
Quanto à sua pergunta referente a Hebreus 1:6, veja “Perguntas dos Leitores”, na Sentinela de 15 de setembro de 1983, página 32, sobre a pergunta: “Refere-se Hebreus 1:6 à segunda vinda de Jesus?”
Grande abraço e que Jeová continue lhe abençoando. – Provérbios 10:22.
Um artigo foi composto sobre esse tema e será em breve publicado.
Abraços.
"O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele” (CIC 1026).
A Igreja nos ensina que “viver no Céu é viver com Cristo. Os eleitos vivem nele, mas lá conservam – ou melhor, lá encontram – sua verdadeira identidade, seu próprio nome” (CIC 1025). Pois, “o céu, a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para onde nos dirigimos e à qual já pertencemos” (CIC 2802).
“Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o veem “tal como Ele é” (1 Jo 3,2), face a face. […]. O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva” (CIC 1023-1024).
https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/ceu-o-que-igreja-ensina/
O Catecismo também apresenta, a partir do número 1042 até o 1050, o conceito da palingenesia, ou seja, da nova geração do universo. Haverá um novo espaço, um novo conceito de lugar, do qual não se tem experiência, portanto, dizer simplesmente que não há um lugar é inexato, da mesma forma que dizer que há um lugar já experimentado também o é. Diante do mistério a reflexão teológica pode ajudar, porém, para entender realmente o que é o céu é preciso recorrer à comunhão com Deus, com o Corpo de Cristo. Como isso se dará não é possível precisar. Na Eucaristia começa a experiência do novo lugar que é o céu e da nova terra, um novo espaço, um novo cosmos. No Pão e no Vinho eucarísticos tem-se o cosmos transformado onde o Cristo, já é agora, o tudo em todos. https://padrepauloricardo.org/episodios/o-ceu-e-um-lugar
1053 "Cremos que a multidão daquelas que estão reunidas em torno de Jesus e de Maria no paraíso forma a Igreja do Céu, onde na beatitude eterna vêem a Deus tal como Ele é, e onde estão também, em graus diversos, associadas com os santos anjos ao governo divino exercido pelo Cristo na glória, intercedendo por nós e ajudando nossa fraqueza por sua solicitude fraterna."
1048 "Ignoramos o tempo da consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a maneira de transformação do universo. Passa certamente a figura deste mundo deformada pelo pecado, mas aprendemos que Deus prepara uma nova morada e nova terra. Nela reinará a justiça, e sua felicidade irá satisfazer á e superar todos os desejos de paz que sobem aos corações dos homens."
Então todos os homens remidos por ele, tornados nele "santos e imaculados na presença de Deus no Amor", serão reunidos como o único Povo de Deus, "a Esposa do Cordeiro", "a Cidade Santa descida do Céu, de junto de Deus, com a Glória de Deus nela", e "a muralha da cidade tem doze alicerces, sobre os quais estão os nomes dos doze Apóstolos do Cordeiro" (Ap 21,14).
http://catecismo-az.tripod.com/conteudo/a-z/c/ceu.html
O artigo em consideração de sua colocação é este:
“O conceito católico sobre a futura vida na Terra”
(http://www.oapologistadaverdade.org/2018/08/o-conceito-catolico-sobre-futura-vida.html)
Abraços.