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João 1:1 e a regra de Colwell (Parte 3)


Emphatic Diaglott, 1864.

Que dizer de João 1:1?

Os dois artigos anteriores mostraram as limitações e exceções da chamada “regra de Colwell” e, inclusive, o questionamento legítimo sobre se é uma regra ou exceção.

Com relação a João 1:1, que dizer do predicativo nominativo substantivo anartro theós que precede o verbo e se refere ao Logos (“a Palavra”)? É definido ou não? O que o contexto aponta?

Como já retroexposto, se fosse definido, a ideia seria de que ‘a Palavra era [o] Deus’. Mas isso não poderia ser, visto que se diz anteriormente, na mesma passagem:

Ho lógos ên        prós ton theón
O Logos estava com   o    Deus

No texto grego, o primeiro substantivo “Deus” é articulado (tem artigo). Assim, visto que o Logos (“Palavra”, ou “Verbo”) estava com “O Deus”, o Logos não poderia ser “O Deus”. Visto que os próprios trinitaristas reconhecem que o Deus com quem o Verbo estava é o Pai, afirmar que o Verbo era o Deus seria dizer que o Filho é o próprio Pai, algo que nega a própria Trindade!

A Trindade afirma a distinção de Pessoas. Portanto, se o théos anartro aplicado ao Verbo fosse definido, isso seria um golpe na doutrina da Trindade, contradizendo a fórmula trinitarista. O Pai e o Filho seriam uma só Pessoa que, somada à suposta Pessoa do “Espírito Santo”, resultaria em duas Pessoas, fazendo de Deus uma dualidade, e não uma Trindade.

Mesmo sendo admitida a tradução “o Verbo era Deus” (com inicial maiúscula), ainda assim tal “Deus” não tem a distinção de ser “O Deus” – expressão usada apenas em relação ao Pai nessa passagem. Isso é um golpe incurável na Trindade, pois ela exige a coigualdade entre as “Pessoas” que a compõem. Mas, como comprovado pelo texto grego de João 1:1, o Pai como Deus é superior ao Filho.

Théos só recebe o artigo em relação ao Logos (o “Verbo”) quando a passagem acrescenta um adjetivo para explicar que espécie de théos o Logos é. Assim, João 1:18 reza, nos manuscritos mais antigos:

Nenhum homem jamais viu a Deus; o deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem O revelou.”

Assim, o Verbo é descrito como “deus unigênito” (monogenés theós) – alguém que teve princípio. (Veja a série de artigos “Deus unigênito – um dilema para os trinitaristas”.)

Similarmente, nas Escrituras Hebraicas (“Velho Testamento”), o Logos é referido como “Deus Poderoso” (hebraico: El Gibor) em Isaías 9:6. Por outro lado, Aquele com quem o Verbo estava no princípio (descrito em João 1:1 como sendo “Deus”) é descrito na Bíblia como “o Deus Todo-Poderoso” (hebraico: El Shaddai). – Veja Gênesis 17:1.

De modo que, na inteira Bíblia Sagrada, o Logos (“Palavra” ou “Verbo”) não é coigual ao Pai. E essa ausência de coigualdade aplica um golpe mortal à doutrina da Trindade, tornando-a uma doutrina defunta desde que nasceu, um ‘natimorto’ ou ‘aborto doutrinal’.

A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.


Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org



Comentários

Silva Vagner disse…
Excelente, como sempre é! ��������
Unknown disse…
Irmão você poderia postar aquele artigo que você escreveu a respeito das limitações da gramática na interpretação bíblica, se não é mais ou menos isso, eu não estou conseguindo encontra-lo
Unknown disse…
Irmão você poderia postar aquele artigo que você escreveu a respeito das limitações da gramática na interpretação bíblica, se não me engano é mais ou menos isso, eu não estou conseguindo encontra-lo
Carlos, seguem abaixo dois artigos que mencionam mais de perto o que você solicitou:

A gramática ajuda na compreensão da Bíblia?

A Palavra era “um deus” ou “divina”?

Abraços.

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