“E há três que dão testemunho [no céu: o Pai,
a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam
na terra]: o Espírito, a água, e o sangue, e os três são unânimes num só
propósito.” – 1 João 5:7, 8, Almeida
Revista e Atualizada [ARA].
Desde o tempo de Sir Isaac Newton, vários artigos e
ensaios têm sido escritos, demonstrando por evidência documental que as palavras
entre colchetes acima foram inseridas posteriormente à escrita da Primeira carta do
apóstolo João.
Surpreendentemente, ainda são
encontrados artigos na internet que defendem a suposta genuinidade do
acréscimo!
O objetivo deste artigo não é
seguir a recorrente evidência documental, mas sim demonstrar racionalmente,
numa análise textual, porque a parte entre colchetes é de fato espúria.
Os pressupostos para a autenticidade textual
Uma vez que a inteira Bíblia foi
inspirada por Deus (2 Timóteo 3:16), ela possui a Ele como seu único Autor,
levando-nos a inferir que toda passagem bíblica precisa seguir pelo menos dois
critérios:
1- Ser racional, estar em harmonia com a “faculdade
de raciocínio”. – Romanos 12:1.
2- Estar em harmonia com o “restante das Escrituras”.
– 2 Pedro 3:16.
Dois grupos de testemunhas
Em primeira instância, vale
ressaltar que, sem a parte entre colchetes, encontramos apenas um grupo de
testemunhas: “o Espírito, a água, e o sangue”. Mas, com a inserção entre
colchetes, há dois grupos de testemunhas: um no céu, e outro na Terra.
Sem os colchetes o texto fica
assim:
Texto recebido, 1550.
Observe que o versículo 8 inicia
com a conjunção aditiva “E”.
A conjunção aditiva expressa a
ideia de adição, de soma, de acrescentamento. Isso indica que há uma distinção
entre os que dão testemunho no céu e os que dão testemunho, ou testificam, na
Terra. Ou seja, os que testificam no céu não são os mesmos que testificam na
Terra.
Contudo, isso gera um problema insolúvel
aos defensores da parte entre colchetes – a existência de dois ‘Espíritos
Santos’!
Note que o primeiro “Espírito
Santo” testifica no céu junto com o Pai e a Palavra (Jesus Cristo), ao passo
que o segundo – aludido apenas como “Espírito”, mas colocado com inicial
maiúscula pelos tradutores, evidentemente se referindo ao “Espírito Santo” –
testifica junto com a água e o sangue.
Lemos em 1 João 5:6b: “E o
Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.” (Almeida Corrigida e Revisada Fiel) A nota de
rodapé da versão Almeida da Imprensa Bíblica Brasileira remete o leitor para
João 15:26, onde lemos: “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai
vos hei de enviar, aquele Espírito
de verdade, que procede do Pai, ele testificará
de mim.” (ACF) Até mesmo os trinitaristas reconhecem que a palavra “Espírito”
no versículo 8 é o “Espírito Santo”.
Como todo acréscimo a uma
substância pura corrompe, ou adultera, tal substância, pode-se ver claramente
que o acréscimo à pureza textual de 1 João 5:7, 8 criou uma aberração ilógica e
antibíblica.
Alguém poderia argumentar: ‘Mas o
Espírito Santo é onipresente. Ele pode testemunhar ao mesmo tempo tanto no céu
quanto na Terra.’ Em primeiro lugar, o mesmo poderia ser dito do Pai e da
Palavra (Jesus Cristo), ambos onipresentes segundo o conceito trinitário. Por
que o Pai e a Palavra também não dão testemunho em ambos os lugares?
Mas a questão não é essa. O ponto
é que há dois grupos distintos de testemunhas, o que é comprovado pela conjunção aditiva “e” que ocorre entre os dois grupos. Assim, os que
testificam no céu não são os mesmos que testificam na Terra. O Pai e a Palavra
são distintos da água e do sangue. Seguindo a mesma coerência, o “Espírito
Santo” que testifica no céu é igualmente distinto do “Espírito Santo” que
testifica na Terra.
Esse breve exame textual revela
claramente a impossibilidade de a parte entre colchetes pertencer à inspirada
Palavra de Deus, por ferir a racionalidade com a qual devemos entendê-la
(Romanos 12:1) e, consequentemente, não estar em harmonia com o “restante das
Escrituras”. – 2 Pedro 3:16.
A coerência de 1 João 5:7, 8 sem o acréscimo
O objetivo do apóstolo João, em
sua dissertação no capítulo 5, é provar que “Jesus é o Cristo” (versículo 1) e
que Ele é “o Filho de Deus” (versículo 5). João passa então a reunir “testemunhas”
que forneçam tal evidência. Vejamos os versículo 6-8:
“Este [Jesus Cristo] é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus
Cristo; não só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Porque
três são os que dão testemunho: o Espírito, e a água, e o sangue; e
estes três concordam.” – Almeida Revisada
Imprensa Bíblica.
João alude a três evidências
circunstanciais que testificam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus:
1- O espírito
santo visto por João Batista em forma de pomba, descendo sobre Jesus por
ocasião do seu batismo e o ungindo para realizar a vontade de Deus. – João
1:29-34; Atos 10:38.
2- A água
do seu batismo, ocasião em que o próprio Deus disse aos ouvidos de João
Batista: “Este é meu Filho, o amado, a quem eu aprovo.” – Mateus 3:17.
3- O sangue,
ou vida, que Jesus entregou como resgate pela humanidade, e que ele verteu
quando estava no madeiro. – 1 Timóteo 2:5, 6; João 19:34.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
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ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
O texto recebido foi feito às pressas com objetivos comerciais. Já o Texto Crítico possui mais embasamento.
Quando Jesus disse que iria para o Pai, ele estava falando em sentido literal, pois ele estava na Terra ao passo que seu Pai estava no céu. (Mateus 6:9; Isaías 66:1) Porém, quando Jesus disse que estaria com seus discípulos todos os dias, ele falou em sentido figurado, no sentido de estar apoiando seus discípulos. (Mateus 28:20) Por exemplo, quando alguém diz: “Eu estou com você nesse assunto”, significa que tal pessoa está nos apoiando e nos defendendo em tal assunto, mesmo que não esteja literalmente junto de nós.