Fonte da ilustração:
http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/2014404
Certo leitor enviou um e-mail trazendo à atenção um argumento
usado por um defensor da doutrina do tormento eterno. Esse leitor escreveu:
“Ao considerar Números 14:34, ele [o defensor do tormento eterno] afirmou
que, se Jeová pôde sem nenhuma injustiça multiplicar o sofrimento do povo de
Israel no deserto por fazer 40 dias se tornarem 40 anos, o que impediria ele de
fazer um ser humano que viveu no máximo seus 100 anos ficar sofrendo no inferno
por 10.000 anos ou mais?? Segundo ele, esse precedente dá legitimidade! O ponto
então não seria o lugar chamado inferno, mas o exagero de uma punição sem
injustiça! Ele falou isso porque eu havia dito que seria injusto Deus causar
sofrimento num inferno por milhares de anos, sendo que um homem só pode pecar
por no máximo uns 100 anos!
“Como resolver???”
Resposta:
Esse defensor da doutrina do
tormento eterno mostra que desconhece as Escrituras e também a justiça de Deus.
A passagem a que ele se referiu
declara: “Vocês responderão pelos seus erros por 40 anos, de acordo com o
número dos dias que espionaram a terra, 40 dias — para cada dia um ano,
para cada dia um ano —, pois vocês saberão o que significa se opor a mim.”
– Números 14:34.
Para início de conversa, mesmo
antes de considerarmos o que significa a expressão ‘responder pelos erros’, vale
ressaltar que o texto diz respeito a uma punição FINITA, ao passo que a infame
doutrina do inferno de fogo conceitua uma punição ETERNA, INFINITA. Apenas esse
aspecto já demonstra a injustiça da punição
no inferno de fogo. Afinal, jamais um comportamento pecaminoso finito
poderia demandar uma punição infinita.
Diante disso, o mau uso do relato
de Números 14:34 perde totalmente a força.
Além disso, a doutrina do inferno de fogo
constitui um odioso ataque à personalidade de Deus.
Sobre uma característica essencial
da punição divina, lemos:
“Jeová é misericordioso
e compassivo, paciente e cheio de amor leal. Não nos repreende sem
cessar, nem fica ressentido para sempre. Ele não nos trata
conforme os nossos pecados, nem nos retribui o que merecemos pelos
nossos erros.” – Salmo 103:8-10.
Diametralmente oposto à
personalidade de Deus, o inferno é uma punição incessante, eterna.
Além disso, é extraordinariamente além do que alguém possa merecer. Diz a
passagem acima que Jeová não retribui nem o que o pecador merece. Por outro
lado, haveria possibilidade de alguém merecer mais do que uma punição eterna?! O
castigo eterno é algo muito além do que qualquer pecador possa merecer.
Ademais, lemos nas Escrituras qual será a punição máxima dos
incorrigíveis:
“‘Por acaso eu tenho algum prazer
na morte de uma pessoa má?’ diz o Soberano Senhor Jeová. ‘Não prefiro que ele
abandone os seus caminhos e continue vivo?’” – Ezequiel 18:23.
Jeová não deseja nem a morte de
uma pessoa incorrigível. Logo, como poderia ele desejar o sofrimento eterno dessa pessoa?
Os incorrigíveis serão destruídos
para sempre:
“Quando os maus brotam como erva,
e todos os malfeitores florescem, é para serem aniquilados para sempre [“destruídos perpetuamente”, Almeida Corrigida e Revisada Fiel; “destruídos
para sempre”, Almeida Revisada Imprensa Bíblica,
Sociedade Bíblica Britânica].” – Salmo 92:7.
Mas, resta a pergunta:
O que significa a expressão ‘responder pelos erros’ em Números 14:34?
Vejamos como a Palavra de Deus
descreve tal punição e aponta seu objetivo:
“Jeová, seu Deus, esteve com você estes 40 anos, e não lhe faltou nada.” – Deuteronômio 2:7b.
Será que, no caso dos que vão para
o suposto inferno de fogo, pode-se dizer que Deus está com eles e que não lhes
falta nada?
“Lembre-se do longo caminho pelo
qual Jeová, seu Deus, o fez andar estes 40 anos no deserto, para torná-lo humilde e pô-lo à prova,
a fim de saber o que havia no seu coração, se você guardaria ou não os seus
mandamentos. A roupa que você usava não
se gastou, e os seus pés não ficaram inchados nestes 40 anos. Você bem sabe
no seu coração que Jeová, seu Deus, o corrigia
assim como um homem corrige seu filho.” – Deuteronômio 8:2, 4, 5.
A punição dos 40 anos tinha um
propósito nobre: produzir humildade visando o arrependimento. Será que, no
inferno de fogo, os que para lá vão se tornam humildes e se arrependem? Se assim
for, eles teriam de ser tirados de lá, por terem se convertido. Mas isso iria
contra a eternidade de tal punição!
Além do mais, a correção dos 40
anos foi descrita como semelhante a de um pai amoroso corrigindo seu filho. Visto
que jamais passaria pela nossa mente um pai amoroso tentar corrigir seu filho
por colocar a mão desse filho no fogo, quanto mais fazê-lo sofrer eternamente!
“Enquanto eu os guiava por 40 anos no deserto, as roupas que vocês usavam não se
gastaram, e as suas sandálias não se gastaram nos seus pés.” – Deuteronômio 29:5.
É, pois, evidente que a punição
dos 40 anos no deserto era restaurativa. Jeová não deixou de guiá-los,
orientá-los, protegê-los e alimentá-los. É, portanto, infinita a diferença
entre essa punição e a punição doentia de um tormento eterno.
Espero que os comentários acima
possam ter sido de ajuda ao leitor que me enviou o e-mail, bem como a todos os leitores sinceros dos artigos deste site.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
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