A ordem bíblica de evitar sangue se restringe ao sangue de uma criatura que foi abatida? Pode-se ingerir sangue de uma criatura que não foi morta?
Fonte da ilustração:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/livros/historias-biblicas/2/10-pragas/
Artigo contribuído.
O povo de Deus recebeu a seguinte ordem
clara: “Se algum homem da casa de
Israel ou algum estrangeiro que mora entre vocês comer o sangue de qualquer criatura, eu certamente me
voltarei contra aquele que comer o sangue, e o eliminarei
dentre seu povo. – Levítico 17:10.
Porque Jeová Deus fez essa proibição? Ele
mesmo explica: "Pois a vida da carne está no sangue, e eu o dei a
vocês para fazerem propiciação por si mesmos no altar; é o sangue que faz
propiciação pela vida". – Levítico 17:11, Nova Versão Internacional (NVI).
O único uso que Jeová Deus permitia do sangue,
como vemos claramente no texto, era para perdão de pecados, sendo esse sangue
derramado no altar. Não se podia o usar o sangue de outra maneira, muito menos
comê-lo, como vimos nos versos acima.
Então o que deveria fazer o israelita que
fosse se alimentar de um animal? A Bíblia diz: "Qualquer israelita ou
estrangeiro residente que caçar um animal ou ave que se pode comer, derramará
o sangue e o cobrirá com terra, porque a vida de toda carne é o seu sangue.
Por isso eu disse aos israelitas: vocês não poderão comer o sangue de nenhum
animal, porque a vida de toda carne é o seu sangue; todo aquele que o comer
será eliminado." – Levítico 17:13,14, NVI.
Como vemos bem nitidamente, o sangue dos
animais usados para consumo alimentício deveria ser derramado na terra e ser
coberto com terra.
Mas os israelitas receberam também outra
instrução: “Não deveis comer nenhum corpo já morto. Podes dá-lo ao
residente forasteiro que está dentro dos teus portões, e ele tem de comê-lo; ou
pode ser vendido a um estrangeiro, porque és um povo santo para Jeová, teu
Deus.” – Deuteronômio 14:21.
Como vemos claramente nesse texto, as carcaças
desses animais mortos poderiam ser usadas para consumo ou para qualquer outra
utilidade, embora não sangrados, por residentes forasteiros ou estrangeiros.
Algumas pessoas chegam a dizer que esse texto contradiz o outro texto de
Levítico 17. Mas o que tem a ver isso com transfusões de sangue?
Baseado nesse verso, algumas pessoas raciocinam
que não seria errado aceitar uma transfusão de sangue de um doador
vivo. Ao defenderem essa tese, alguns têm proposto que Deuteronômio 14:21
permitia ao forasteiro comer carne não sangrada, desde que essa carne fosse de
um animal que não tivesse sido abatido por homem para consumo alimentício, pois
dessa forma o homem não precisaria devolver o sangue do animal (que
representava a vida desse animal) a Deus.
Essas pessoas ainda usam outro texto para
chegar nessa conclusão. O seguinte texto diz: "Todo aquele que,
natural da terra ou estrangeiro, comer um animal encontrado morto ou
despedaçado por animais selvagens, lavará suas roupas e se banhará com água, e
ficará impuro até à tarde; então estará puro." – Levítico 17:15, NVI.
Ao utilizarem os dois versos em conjunto,
chegam a dizer que não há culpa em se comer o sangue, desde que a vítima não
seja abatida pelo homem. Assim, concluem que não seria errado tirar sangue duma
criatura e usá-la para alimento ou para transfusões, desde que a criatura
esteja VIVA.
Esse raciocínio pode parecer correto, mas o
exame detido dos textos usados e de outros textos ligados ao assunto indica que
Jeová Deus espera que seu povo evite tomar sangue e sustentar a vida com
sangue, quer de uma criatura viva, quer de uma morta. Passemos a analisar.
Estudemos com cuidado Levítico 17:10. O
texto diz que nenhum “homem da casa de Israel ou algum residente forasteiro”
devia comer sangue. Podemos dizer que o texto se refere, exclusivamente, ao
animal que havia sido abatido por um humano para alimento e, portanto, tendo o
sangue de ser devolvido a Deus?
Afirmar isso seria ler no versículo mais do
que ele mesmo diz. E como diz a Bíblia que ‘não devemos ir além do que
está escrito’ (1 Coríntios 4:6), então julgue o leitor sincero o que o texto
quer dizer.
Mesmo se o texto se referisse a um animal
abatido para alimento, então Deuteronômio 14:21 não teria proibido os
israelitas de comerem um animal achado morto, visto que esse não teria sido
abatido para consumo.
A lei de Jeová era clara quanto ao assunto.
Mesmo antes, Jeová já havia ordenado:
"Vocês serão meu povo santo. Não comam a
carne de nenhum animal despedaçado por feras no campo; joguem-na aos
cães." (Êxodo
22:3, NVI) Portanto, nenhum adorador
de Deus podia comer sangue, quer procedesse dum animal que morreu por si só ou
por uma fera, quer dum que tivesse sido abatido por homem.
Alguns então se perguntam: Por que então diz
Levítico 17:15 que comer a carne não sangrada de um animal, que morrera por si
só ou que fora morto por uma fera, resultava simplesmente em impureza?
Vejamos um indício em outro texto da Palavra
de Deus. Lemos: "Se alguém tocar qualquer coisa impura, seja um
cadáver de animal selvagem ou de animal do rebanho ou de uma das pequenas
criaturas que povoam a terra, ainda que não tenha consciência disso,
ele se tornará impuro e será culpado. Se alguém tocar impureza humana, qualquer
coisa que o torne impuro, sem ter consciência disso, quando o
souber será culpado." – Levítico 5:2, 3, NVI.
Jeová Deus reconhecia que um israelita poderia
errar sem saber. Portanto, podemos entender Levítico 17:15 como provisão para
tal erro sem a consciência do mesmo. Por exemplo, se um israelita comesse carne
que lhe fosse servida, e depois descobrisse que esta não tinha sido sangrada,
ele era culpado de pecado. Mas, por isso ter sido sem má intenção, ou ter sido
feito sem querer, o israelita podia tomar medidas para se
purificar.
Mas e se ele não se purificasse? A Bíblia
diz: "Mas, se não lavar as suas roupas nem se banhar, sofrerá as
consequências da sua iniquidade". (Levítico 17:16, NVI) Em outras palavras, seria
morto.
Portanto, comer carne não sangrada não era
assunto trivial. Como vimos, podia até mesmo resultar em morte. Nenhum adorador
verdadeiro (israelita ou forasteiro plenamente prosélito [convertido]) podia comer
intencionalmente carne não sangrada, não importava se fosse de um animal que
morreu por si só, ou morto por outro animal, ou ainda que fosse abatido por um
humano.
Isso está de acordo com a seguinte lei bíblica: "Mas
todo aquele que pecar com atitude desafiadora, seja natural da terra, seja
estrangeiro residente, insulta ao Senhor, e será eliminado do meio do seu
povo". (Números 15:30, NVI) O
conselho apostólico confirmou isso. Em Atos 21:25 lemos que Deus ordena
os cristãos a "abster-se de comida sacrificada aos ídolos, do
sangue, da carne de animais estrangulados e da imoralidade
sexual".
Se aqueles cristãos não podiam consumir sangue
na carne duma criatura estrangulada, certamente não podiam ingerir sangue duma
criatura viva. Hoje, os servos de Deus não poderiam aceitar a prática
médica de coletar unidades de sangue humano e usá-las para transfusões, com o
objetivo de prolongar a vida. Tais práticas violam aquilo que acabamos de
considerar na Bíblia.
Como vimos também, o sangue deveria ser usado
somente para uso de perdão de pecados, caso contrário, deveria ser derramado.
Será que o sangue ARMAZENADO numa bolsa não contradiz diretamente essa ordem
bíblica?
Assim, a Bíblia mostra claramente que não
podemos ingerir sangue, seja de animal vivo ou morto.
Resta então uma última pergunta: Por
que Deuteronômio 14:21 diz que se podia vender ao “residente forasteiro”
carne não sangrada, ao passo que Levítico 17:10 proíbe ao “residente
forasteiro” comer sangue?
A revista A
Sentinela de 15 de setembro de 2004 responde:
Na Bíblia, o termo
“residente forasteiro” podia referir-se a alguém que não era israelita e que se
tornara prosélito, ou a um residente que vivia segundo as leis básicas do país,
mas que não se tornara adorador de Jeová. O estrangeiro e o residente
forasteiro que não se tornavam prosélitos não estavam sob a Lei e podiam usar
animais mortos não sangrados, de várias formas. Os israelitas tinham permissão
de lhes dar ou vender tais animais. Por outro lado, o prosélito estava sujeito
ao pacto da Lei. Conforme indica Levítico 17:10, proibia-se a tal pessoa
ingerir o sangue de animal.
Outras fontes também concordam com essa
explicação. Como
exemplo, The Pentateuch and Haftorahs, editado pelo Dr. J. Hertz[1],
observa:
De acordo com Lev. XVII,
15, tocar ou comer a carne dum nevelah [corpo morto] avilta tanto o israelita como o
‘estrangeiro [ou residente forasteiro]’. Em Lev[ítico], o ‘estrangeiro’
referia-se ao não-israelita que se tornar prosélito no pleno sentido da
palavra, um ger tzedek. Aqui [em Deuteronômio 14:21], o ‘estrangeiro que está
dentro dos teus portões’ refere-se à época em que o Israel estaria estabelecido
em sua Terra e teria em seu meio não só prosélitos, mas também homens que,
embora tivessem abandonado a idolatria, não teriam adotado completamente para
si a vida e as práticas religiosas do israelita. Os Rabinos chamam essa classe de
residentes forasteiros, ger toshav: e [Deuteronômio 14:21] refere-se a essa
classe, que não eram israelitas, quer por nascença, quer por conversão, nem
‘estranhos’.” Em contraste com isso, essa obra explica que o ‘estrangeiro’
(forasteiro) de Levítico 17:15 era “um pleno prosélito. . . . do
contrário não era impedido de comê-la”.
A obra Estudo
Perspicaz das Escrituras, no verbete “Sangue”, na subcategoria “Sob a Lei
Mosaica", diz também:
Em Deuteronômio 14:21
fez-se a concessão de se vender ao residente forasteiro ou ao estrangeiro o
animal que morresse por si mesmo ou que fosse dilacerado por uma fera. Fazia-se
assim uma distinção entre o sangue de animais assim e o de animais abatidos para
alimento. (Veja Le 17:14-16.) Os israelitas, bem como os residentes forasteiros
que adotaram a adoração verdadeira e passaram a estar sob o pacto da Lei, eram
obrigados a cumprir todos os elevados requisitos desta Lei. Pessoas de todas as
nações estavam sob a obrigação do requisito de Gênesis 9:3, 4, mas os que
estavam sob a Lei eram obrigados por Deus a seguir uma norma mais elevada
na aderência a este requisito do que os
estrangeiros e os residentes forasteiros que não se tornaram adoradores de
Jeová. - Grifo acrescentado.
Isso é bem atestado na Bíblia. Quem precisa
manter algo como sagrado são os que aderem à adoração verdadeira e às leis de
Jeová. Temos vários exemplos bíblicos que comprovam isso.
Por exemplo, a arca do pacto foi tocada
por mãos estrangeiras, pois certamente eles não conheciam o modo de
transportá-la e não foram punidos. Mas Uzá, um israelita da tribo de Levi,
conhecia a lei e morreu ao tocar na arca. (2 Samuel 6:6,7) O templo
também era sagrado, no entanto, Jeová permitiu que fosse pisado por estrangeiros
e sua “coisa repugnante”. – Daniel 11:31; Mateus 24:15.
As leis foram dadas somente a Israel, não para
outro povo. (Salmo 147:19 20) Portanto, não é uma contradição Jeová permitir
que se vendesse o animal morto a um não prosélito. Também não significava que
Jeová o mandasse comer sangue. Ele é quem tinha que decidir ser ou não um
devoto de Deus.
Como vimos, os verdadeiros adoradores de
Deus não comem carne não sangrada, quer seja dum animal abatido por um homem,
quer duma criatura que tenha morrido de outra maneira. Também não sustentarão
sua vida por receber sangue procedente de criaturas vivas – animais ou humanas.
Os verdadeiros cristãos reconhecem a Jeová como seu Dador da Vida e estão
resolvidos a obedecê-lo em todos os sentidos.
(Artigo baseado em A Sentinela de 15 de Outubro de 1983, pp. 30-32, seção “Perguntas
dos Leitores".)
A menos que haja uma
indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia
Sagrada.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
[1] Citado em A Sentinela de 15 de outubro de 1983, p.
31, nota de rodapé.
Comentários
Ruborizai-vos por vossos vis costumes perante os cristãos, que não têm
sequer o sangue de animais entre seus alimentos, alimentos que são
simples e naturais, que se abstêm de animais estrangulados. OU QUE
MORREM DE MORTE NATURAL. E isso pela única razão de que eles não
querem se contaminar, nem mesmo de sangue contido nas vísceras.
Essa explicação caiu como um gelo nas argumentações dele. Depois, sem sabendo o que dizer, falou que Tertualiano estava doido e que os tjs não podiam acreditar nele, porque ele ensinava a trindade e o inferno de fogo, etc... bem, mostrei contexto que Tertualino não está ensinando uma doutrina, mas apenas relatando um fato histórico. Enfim, até hoje ele não acredita