Fonte da ilustração:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/revistas/w20121215/residentes-temporarios-unidos-na-adoracao-verdadeira/
Na tentativa de identifica Jeová com Jesus Cristo, os trinitários
procuram associar expressões semelhantes usadas para com ambos como alegada
prova de que os dois são o mesmo ser.[1]
Um dos exemplos dessa tentativa é a expressão “Deus Poderoso” (Hebraico: El Gibor; “Deus
forte”, Almeida Revista e Corrigida), usada tanto para Jeová
como para Jesus Cristo. Veja os textos abaixo:
Uso da expressão para Jesus Cristo:
Isaías 9:6: “Porque um menino
nos nasceu, um filho nos foi dado; e
o reinado estará sobre os seus ombros. Ele receberá o nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.”
Uso da expressão para Jeová Deus:
Jeremias 32:18: “Aquele que demonstra amor leal a milhares, mas traz
a retribuição dos erros dos pais sobre os filhos. Tu és o verdadeiro Deus, o Grande e Poderoso, cujo nome é Jeová dos exércitos.”
Com base nos textos acima, os trinitaristas
afirmam que Jeová e Jesus Cristo são o mesmo ser. Mas, será que o uso bíblico dessa
expressão para ambos prova mesmo que sejam o mesmo ser?
Uma mesma expressão
não pode ser aplicada a pessoas diferentes?
1. O termo “apóstolo”
foi aplicado tanto a cada um dos 12 discípulos escolhidos por Cristo como ao
próprio Jesus:
2. O termo “sumo sacerdote”
foi aplicado a Arão e a seus descendentes, mas também a Jesus Cristo:
Hebreus 3:1: “Portanto, santos irmãos, participantes da chamada celestial, considerem aquele que reconhecemos como apóstolo e sumo
sacerdote — Jesus. ”
2 Reis 22:4: “Vá a Hilquias, o sumo
sacerdote, e que ele recolha todo o dinheiro trazido à casa de Jeová, que os porteiros recolheram do povo. ”
Neemias 3:1: “Eliasibe, o sumo
sacerdote, e seus irmãos, os sacerdotes, começaram a reconstruir o Portão
das Ovelhas. Eles o santificaram e colocaram suas portas; santificaram o trecho até
a Torre de Meá e até a Torre de Hananel. ”
Ageu 1:12: “O sumo sacerdote
Josué, filho de Jeozadaque.”
3. Tanto Jesus como seus
discípulos foram chamados de “a luz do
mundo”:
João 8:12: “Então Jesus se dirigiu novamente a eles e disse: ‘Eu
sou a luz do mundo. Quem me segue de modo algum
andará na escuridão, mas terá a luz da vida.’”
Portanto, a princípio já podemos afirmar com
fundamentação bíblica que o fato de a Bíblia usar a mesma expressão ou termo
para com personagens distintos não faz com que eles sejam a mesma pessoa, ou o
mesmo ser.
A expressão “Deus Poderoso”
não prova que Jeová e Jesus Cristo sejam o mesmo ser
O título “Deus”, num sentido positivo, além de identificar o
Criador, Jeová Deus, foi usado para Jesus, para os anjos, e para Moisés.
“Tu o
fizeste um pouco menor do que os seres
celestiais e o coroaste de glória e de honra.” – Nova Versão Internacional.
“Pois pouco
menor o fizeste do que os anjos, e
de glória e de honra o coroaste.” – Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
Êxodo 4:16: “E
ele [Arão] falará por ti ao povo; e acontecerá que ele [Arão] te será por boca,
e tu [Moisés] lhe serás por Deus.”– ACRF.
Êxodo 7:1: Então
disse o Senhor a Moisés: Eis que te tenho posto como Deus a Faraó, e Arão, teu irmão, será o teu profeta. – IBB.
Obviamente,
nem Moisés nem os anjos podem ser identificados com Jeová, nem podemos reputar
a eles qualquer coigualdade com Jeová. São chamados de “Deus”, ou Elohim, por serem representantes de
Deus, por terem recebido poder e autoridade da parte de Deus e, no caso dos
anjos, por possuírem natureza divina. Jesus Cristo é o maior representante de
Deus e possui natureza divina. Por isso, ele pode, com muito mais propriedade,
ser chamado de Deus na Bíblia, SEM SER, CONTUDO, o Deus Criador e
Todo-Poderoso, Jeová.[2]
Além de tudo
isso, somente Jeová é chamado de “Deus TODO-PODEROSO” (Hebraico: El Shadday). – Gênesis 17:1.
Mas por que ambos são chamados de “Deus Poderoso”?
Um exemplo
bíblico poderá ajudar a entendermos isso. No tabernáculo construído no deserto
pelos israelitas às ordens de Jeová, havia dois compartimentos interiores – o “Santo”
e o “Santíssimo”:
Hebreus 9:3,
4, 6, 7: “Pois
construiu-se um primeiro compartimento de tenda, em que havia o candelabro, a mesa e os pães da
apresentação; esse é chamado Lugar Santo. Mas
atrás da segunda cortina havia o compartimento de
tenda chamado Santíssimo. Estando essas coisas
construídas desse modo, os sacerdotes entram regularmente no primeiro
compartimento da tenda para realizar os serviços sagrados; mas no
segundo compartimento [o Santíssimo] só o sumo sacerdote entra, uma vez por ano, não sem levar sangue, que ele oferece por si mesmo e pelos pecados que o povo cometeu em ignorância. ”
Será que o fato de tanto o “Santo” como o “Santíssimo” terem sido
chamados de “lugar santo” prova que ambos eram um só lugar – que eram o mesmo compartimento? Obviamente
que não.
Então, por que o escritor de Hebreus chama o
Santíssimo de “lugar santo”?
Embora possa parecer algo enigmático, é simples de se
explicar. “Santíssimo” significa “muito santo”, “extremamente santo”. Gramaticalmente,
“santíssimo” é superlativo absoluto sintético de “santo” (santo + íssimo).
Assim, santíssimo engloba a ideia de santo. Um lugar santíssimo é,
primeiramente, um lugar santo. O contrário não é verdadeiro: um lugar santo não
é, necessariamente, santíssimo.
No caso de Jeová ser chamado de “Deus Poderoso”: ele pode
assim ser chamado; pois, sendo o “Deus TODO-PODEROSO”, ele é, a princípio, “Poderoso”,
pois a palavra “Todo-Poderoso” engloba a palavra “Poderoso”. O contrário não é,
necessariamente, verdadeiro: alguém “poderoso” não é, em si mesmo,
Todo-Poderoso. É o caso do Filho de Deus, o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é um
“Deus Poderoso”, mas não é o “Deus Todo-Poderoso”, Jeová.
Veja também o artigo:
[1] Para comprovar que essa regra não tem respaldo bíblico, veja o artigo neste site “Duas regras – uma falsa e uma verdadeira”.
[2] Veja o artigo “Destaques da Leitura da Bíblia: 2 Crônicas 6-9”, no subtópico “O conceito de divindade na Bíblia”.
A menos que seja indicada outra fonte, todas as publicações citadas são produzidas pelas Testemunhas de Jeová.
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Bom dia
De fato, Deus Pai e Deus Filho que é Jesus são seres pessoais distintos ou seja são pessoas diferentes. Entendo que a visão teológica unitariana faz a distinção deles e isso está correto.
Um abraço
Luiz
Att Roney Antos
Ezequiel 31:11 usa a mesma expressão (de Isaías 9:6) referente a governantes mortos, eles eram "deuses fortes" ou "poderosos valentes". Em geral aqui as traduções que conheço não tomam o plural de El como "deuses" neste versículo.