Apologista, me tira uma dúvida. Em que sentido nós não estamos debaixo da Lei, ou seja, não seguimos a Lei mosaica, visto que os pecados contidos nela são proibidos totalmente hoje em dia também? Coisas como furtar, cobiçar, adorar imagens etc. Isso que não entendo. Não são os Dez Mandamentos válidos totalmente hoje? Então em que sentido não seguimos essas leis? Obrigado.
Prezado
leitor:
Essa argumentação, que é produto de sua
dúvida, é usada pelos atuais sabatistas na afirmação de que o Decálogo (os Dez
Mandamentos) permanece para os servos cristãos de Deus. É comum levantarem a
seguinte questão: ‘Se os Dez Mandamentos não são mais válidos, então podemos
pecar? Então podemos matar, adulterar, furtar, dar falso testemunho, cobiçar?’
O apóstolo Paulo, o maior expositor nas
cartas do “Novo Testamento” de que a inteira Lei dada a Israel findou
(incluindo os Dez Mandamentos), pelo visto tinha que lidar com tal argumentação
em seus dias, pois ele disse:
“Pois o
pecado não deve dominar sobre vocês, visto que vocês não estão debaixo de lei, mas
debaixo de bondade imerecida.” – Romanos 6:14.
Por que Paulo afirma que os cristãos não estão
“debaixo DE lei”, e não “debaixo da lei” (ARC, IBB, NVI, SBB)? A palavra “lei” (nómos em grego) neste texto é um substantivo anartro (sem artigo)
e, por isso, a NM traduz por “de
lei”. Portanto, Paulo faz referência à lei num sentido genérico, mostrando que
o cristianismo, ao contrário do judaísmo antigo, não possui um código de leis.
Ao judaísmo pré-cristão, Deus forneceu, mediante Moisés, um código elaborado de
leis – ao todo mais de seiscentas – incluindo o Decálogo. Embora não fosse um
código segundo os moldes atuais, continha prescrições e proibições.
Por outro lado, o cristianismo não contém um
conjunto codificado de leis. Não, o cristianismo é essencialmente
principiológico: suas normas são expressas em forma de princípios. Portanto, a
argumentação paulina é clara em mostrar que os cristãos não estão sujeitos à
Lei dada a Israel, o que inclui não estarem sujeitos os Dez Mandamentos.
Todavia, assim como acontece hoje, a exposição
dessa verdade gerava nos dias de Paulo uma contra-argumentação como expressa
acima, no sentido de que, então, os cristãos poderiam pecar à vontade, visto
inexistir para tais um conjunto de leis codificadas.
Lidando com tal contra-argumentaçao, Paulo replica,
em Romanos 6:15:
“O que concluímos então? Cometeremos pecado, já que
não estamos debaixo de lei, mas debaixo de bondade imerecida?”
A resposta do apóstolo? “Certamente que não!”
Ele continua sua argumentação:
“Não sabem que, se vocês se apresentam a alguém como escravos, para lhe obedecer, são escravos daquele a quem obedecem —
quer do pecado,
que
leva à morte,
quer
da obediência, que leva à justiça?”
– Romanos 6:16.
Mas, perguntamos: Visto que os cristãos não estão
sujeitos a nenhum código de leis, eles devem obediência a quê?
Paulo não nos deixa sem informação. Ele explica:
“Mas graças sejam dadas a Deus, pois, embora no
passado vocês tenham sido escravos do pecado, tornaram-se obedientes de coração [não à Lei dada a Israel, mas] ao padrão
de ensinamento a que foram entregues.” – Romanos 6:17.
Visto que o cristianismo não possui nenhum código
de leis, mas sim princípios, ele possui um “padrão de ensinamento” – normas em
forma de princípios, conselhos, admoestações etc.
Por isso, Paulo podia afirmar que, mesmo os cristãos
não estando debaixo de lei, não há justificativa para cometer pecados, pois
possuem um padrão de ensinamento – um conjunto de crenças que condena ações
pecaminosas. Embora a Lei dada a Israel não tenha permanecido no cristianismo,
muitos de seus princípios (alguns dos quais anteriores à própria Lei) foram
perpetuados no cristianismo.
Para um conhecimento desses princípios, veja o
artigo Os “Dez
Mandamentos” com seu sábado semanal devem ser guardados pelos cristãos? – Parte
7.
Assim, é perfeitamente coerente os cristãos não
estarem sujeitos à Lei dada a Israel e, ao mesmo tempo, não praticarem muitas
coisas proibidas naquele código de leis, visto
que o cristianismo possui normas em forma de princípios que também
albergam essas proibições.
Explicação das siglas usadas:
ACRF: Almeida Corrigida e Revisada
Fiel.
ARC: Almeida Revista e Corrigida.
IBB: Almeida da Imprensa Bíblica Brasileira.
IBB: Almeida da Imprensa Bíblica Brasileira.
NM: Tradução do Novo Mundo.
NVI: Nova Versão Internacional.
NVI: Nova Versão Internacional.
SBB: Bíblia da Sociedade Bíblica
Britânica.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada, publicada pelas Testemunhas de Jeová.
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fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
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