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Daniel 12:2 prova que haverá “tormento eterno”?



Certo leitor solicitou o seguinte esclarecimento:

Eu entendo perfeitamente que a alma morre e que os mortos estão inconscientes. Lendo o cap. 12 de Daniel isso fica mais claro ainda, principalmente no vers. 13, que declara que Daniel descansaria e apenas após a ressurreição receberia sua recompensa, o que significa que ele está inconsciente e ainda não recebeu recompensa nenhuma, certo? A minha dúvida está no vers. 2 do mesmo cap. 12, que diz que muitos ressuscitados terão vida de duração indefinida e outros terão vitupérios de duração indefinida. Esse texto não dá a entender que alguns ressuscitados passariam a viver, já que estavam mortos, e outros seriam punidos com tormentos eternos? Isso seria possível se entendermos 1Co 15:44 como mostrando que a ressurreição de todos será em um corpo espiritual? Por favor, me ajude a esclarecer isso.

Resposta:

A doutrina do tormento eterno é um subproduto da doutrina da imortalidade da alma, e depende dessa doutrina. Contudo, as Escrituras são claras em mostrar que a alma é física, tangível e mortal. (Gênesis 1:20; 2:7; Ezequiel 18:4) Ademais, o espírito que existe nas criaturas físicas (animais e humanos) é uma força impessoal sem individualidade. (Eclesiastes 3:19, 20; Salmo 146:4)[1] Assim, o espírito, ou força de vida, também não pode sofrer tormento. Isso por si só prova que nenhum ressuscitado para a vida terrestre estará sujeito a um tormento eterno.

Com respeito à ressurreição física, como ser humano, temos o fato de que, das nove ressurreições relatadas na Bíblia, oito foram físicas. (1 Reis 17:17-24; 2 Reis 4:32-37; 13:20, 21; Mateus 28:5-7; Lucas 7:11-17; 8:40-56; Atos 9:36-42 e 20:7-12) Apenas a ressurreição de Jesus Cristo foi como ser espiritual, tendo em vista que ele já havia sido um ser espiritual no céu antes de ter vindo à Terra. (1 Pedro 3:18; João 3:13) Assim, a ressurreição é predominantemente terrestre. Apenas os chamados para governar com Cristo terão uma ressurreição celestial, espiritual. (2 Timóteo 2:12; Apocalipse 20:4) A respeito dos ressuscitados para a vida espiritual, a Bíblia diz: “Sobre estes a segunda morte não tem autoridade.” (Apocalipse 20:6) Isso indica que não haverá punição para os que recebem tal ressurreição. Não serão submetidos à “segunda morte” (a destruição eterna), muito menos a um tormento eterno. Em outras palavras, não haverá injustos na ressurreição espiritual.

Também, para haver um tormento eterno, TODOS os que já morreram teriam de ser ressuscitados – uns para a salvação e outros para o tormento eterno. Mas não é isso o que a Bíblia ensina. A Palavra de Deus diz o seguinte a respeito daqueles que são ímpios incorrigíveis: “Morrendo eles, NÃO TORNARÃO A VIVER; falecendo, NÃO RESSUSCITARÃO; por isso os visitaste e destruíste, e apagaste toda a sua memória.” (Isaías 26:14, Almeida Corrigida e Revisada Fiel) Por isso é que Jesus falou dos “CONTADOS DIGNOS DE GANHAR aquele sistema de coisas e A RESSURREIÇÃO dentre os mortos”. (Lucas 20:35) Não seria assim se todos os que morrem fossem ressuscitados. 

Mas que dizer de Daniel 12:2? Prova esse texto que TODOS serão ressuscitados? Não! Note a fraseologia usada no texto: “E MUITOS [não diz “todos”] dos adormecidos no solo de pó acordarão, estes para a vida de duração indefinida e aqueles para vitupérios e para abominação de duração indefinida.”



     Uma vez que a ressurreição é para os que têm oportunidade de se corrigir (Isaías 26:14; Lucas 20:35), e uma vez que a vida eterna dos ressuscitados dependerá do que FIZEREM após sua ressurreição (Romanos 6:7, 23; Apocalipse 20:12), esses “MUITOS” só podem ser pessoas com potencial de herdar a vida eterna na Terra. Então, por que é que se diz que alguns “acordarão … para vitupérios e para abominação de duração indefinida”? 

    Uma pergunta que faz refletir ...
     
     Evidentemente, porque não aproveitarão a oportunidade que lhes será concedida. Mesmo nas melhores das condições, decidirão se rebelar contra a Soberania de Jeová. Como diz Isaías 26:10: “Ainda que se mostre favor ao iníquo, ele simplesmente não aprenderá a justiça. Na terra da direiteza ele agirá injustamente e não verá a alteza de Jeová.” Assim, a ressurreição de tais mostrará ter sido “para vitupérios e para abominação de duração indefinida”, uma vez que serão submetidos à “segunda morte” – a morte eterna. – Apocalipse 20:14, 15.


Nota:

[1] Veja o artigo, neste site, intitulado “Estudo sobre Pneumatologia – Parte 1”. 


A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada pelas Testemunhas de Jeová.




Os artigos deste blog podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site oapologistadaverdade.org

Comentários

Saga disse…
É o vitupério, a vergonha e abominação que é por tempo indefinido e não a pessoa envergonhada, isso quer dizer que a vergonha -vexame, vitupério- deles será eterna, quer dizer que serão amaldiçoados diante de Deus, os seus nomes não serão benditos para todo o sempre, ao contrário, ter sido ressuscitado durante o reinado milenar e terminar sendo destruído junto com Satanás e seus demônios de fato é um vitupério eterno. Era considerado um vitupério para o nome da pessoa ser indigno de um enterro, pois bem, aí entra a figura de linguagem da Geena, que antigamente incluia criminosos que não tinham direito a um túmulo honroso, em vez disso eram cremados junto com LIXO no Vale de Hinom!

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