Fonte da ilustração:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/revistas/ws201410/um-reino-de-sacerdotes/
Os cristãos não estão sujeitos ao Decálogo
Jesus guardou o Decálogo e incentivou sua guarda enquanto ela vigorava,
do mesmo modo que incentivou a cumprir outras particularidades da Lei, como
ofertas e sacrifícios. (Lucas 4:16; Mateus 5;23, 24; Lucas 5:14; 17:14; compare
com Levítico 14:2.) Mas, com a morte de Cristo, a inteira Lei dada a Israel
teve fim.
Romanos 7:6: “Mas agora
fomos exonerados [“libertos”, IBB] da Lei, porque
morremos para com aquilo que nos segurava, para que fôssemos escravos num novo
sentido, pelo espírito, e não no velho sentido, pelo código escrito.”
Será que é apenas da chamada “lei
cerimonial” que os servos de Deus foram libertados? Paulo explica no versículo
seguinte de que lei ele estava falando:
Romanos 7:7b: “Eu não
teria chegado a conhecer o pecado, se não fosse a Lei; e, por exemplo, eu não
teria conhecido a cobiça, se a Lei não dissesse: ‘Não deves cobiçar.’”
Paulo citou o décimo dos “Dez
Mandamentos” como exemplo da Lei de que ele estava falando, da Lei da qual ele
disse: “Agora temos sido libertados da lei.” (Al) Assim,
os servos de Deus convertidos ao cristianismo não estão sujeitos à inteira Lei dada por Jeová mediante
Moisés à nação de Israel, inclusive ao Decálogo. Portanto, no
arranjo do cristianismo não há provisão para se guardar um sábado semanal.
Razões pelas
quais a Lei como um todo teve de findar
Para que os
servos cristãos de Deus pudessem ser justificados
Romanos 10:4: “Cristo é o fim da
Lei, para que todo aquele que exercer fé possa ter justiça.”
Alguns proponentes do Decálogo argumentam
que aqui a palavra “fim” (télos, em grego) tem o sentido de
finalidade, alvo ou objetivo. Assim, arguem que o texto está dizendo que a Lei
tinha por objetivo conduzir a Cristo. No entanto, a continuação do versículo
mostra claramente que a referência é ao término, ou cessação, da Lei como um
todo, incluindo o Decálogo. Diz: “Para que todo aquele que exercer fé POSSA TER JUSTIÇA [“para justificar a todo aquele que crê”, IBB] .”
Assim, a justificação dos servos
de Deus estava subordinada ao término da Lei. A Lei constituía um impedimento à
justificação dos fiéis. Como assim? Acontece que o pacto da Lei trazia um
requisito: “Maldito todo aquele que não
permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da
lei, para fazê-las.” (Gálatas 3:10b, ACRF) Como afirmou
o discípulo Tiago: “Pois, quem observar toda a Lei, mas der um passo em
falso num só ponto, tem-se tornado ofensor contra todos eles.” (Tiago
2:10)[1] Assim, o povo judeu, que havia recebido a Lei, por constituir
parte da humanidade imperfeita, recebeu a maldição imposta como penalidade pelo
pacto da Lei. Como explicou Paulo: “Todos
aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição.” (Gálatas
3:10a, ACRF) Mas, por que Deus daria um conjunto de leis seguido
desse requisito de cumprir “todas as coisas” dessa lei, sob a pena de maldição?
Esse requisito
cumpriria pelo menos três objetivos. Primeiro, mostraria aos servos de Deus
pré-cristãos a plena pecaminosidade deles, conscientizando-os da necessidade de
um Redentor. Como Paulo explicou: “Por que, então, a Lei? Ela foi
acrescentada para tornar manifestas as transgressões.” (Gálatas 3:19a) Mas, até
quando tal “Lei” permaneceria? O mesmo versículo responde: “ATÉ QUE CHEGASSE O DESCENDENTE a
quem se fizera a promessa.” (Gálatas 3:19b) Quem é esse “descendente”? Paulo
responde: “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e a seu descendente. Não
diz: ‘E a descendentes’, como no caso de muitos, mas como no caso de um só: E a
teu descendente’, QUE É CRISTO.”
– Gálatas 3:16.
Isso se daria desse modo devido
ao segundo objetivo da Lei: identificar o Messias, Jesus Cristo. Paulo afirmou:
“A Lei, por conseguinte, tornou-se o nosso tutor, conduzindo a Cristo, para que
fôssemos declarados justos devido à fé.” (Gálatas 3:24) Por ter nascido como
humano perfeito, Jesus cumpriu perfeitamente todos os requisitos da Lei,
podendo assim ter sido identificado pelos sinceros observadores como sendo
realmente o prometido Messias.
Terceiro: a Lei também proveu
“sombras”, ou modelos ilustrativos, de realidades celestiais. (Hebreus 10:1)
Tendo cumprido tais objetivos, não havia mais necessidade de tal Lei. Como
disse Paulo: “Mas AGORA QUE CHEGOU
A FÉ [representando Cristo], NÃO
ESTAMOS MAIS DEBAIXO DUM TUTOR [a Lei].” (Gálatas 3:25) A
comparação da Lei como sendo um “tutor” também aponta para o término dela, pois
um tutor não mantém a tutela de uma criança para sempre.
Portanto, para que os servos de
Deus pudessem ser justificados, ou declarados justos, a Lei precisava findar.
Para que os
servos cristãos de Deus pudessem ser adotados como “filhos de Deus” e pudessem
ser herdeiros da promessa abraâmica
Outra razão de a Lei ter de
findar era para que os servos de Deus que abraçaram o cristianismo pudessem ser
adotados como “filhos de Deus”. Notamos isso na consideração de Gálatas 4:1-7:
“Ora, digo
que, enquanto o herdeiro é pequenino, não difere em nada dum escravo, embora
seja senhor de todas as coisas, mas está debaixo de encarregados e mordomos,
até o dia designado de antemão pelo seu pai. Igualmente também nós [israelitas
e prosélitos], quando éramos pequeninos, continuávamos escravizados pelas coisas
elementares, pertencentes ao mundo. Mas, quando chegou o pleno limite do tempo, DEUS ENVIOU O SEU FILHO, que veio a
proceder duma mulher e que veio a estar debaixo de lei, PARA LIVRAR POR MEIO DUMA COMPRA OS DEBAIXO DE
LEI, PARA QUE NÓS, DA NOSSA PARTE, RECEBÊSSEMOS A ADOÇÃO COMO FILHOS.
Ora, visto que sois filhos, Deus enviou o espírito do seu Filho aos nossos
corações, e ele clama: ‘Aba, Pai!’ De modo que não és mais
escravo, mas filho; e, se filho, também herdeiro por intermédio de Deus.”
Assim, os israelitas e prosélitos
judaicos que aceitaram o Messias foram ‘livrados’ daquele conjunto de leis para
poderem ser adotados como “filhos” de Deus e ‘herdeiros’.
Paulo ilustrou essa verdade de
outro modo no mesmo capítulo 4 de Gálatas:
“Dizei-me, VÓS OS QUE QUEREIS ESTAR DEBAIXO DE LEI:
Não dais ouvidos à Lei? Por exemplo, está escrito que Abraão adquiriu dois
filhos, um por meio da serva e outro por meio da livre; mas aquele por meio da
serva nasceu realmente na maneira da carne, o outro, por meio da livre, por
intermédio duma promessa. Estas coisas são como que um drama simbólico; pois
estas mulheres significam dois pactos, um do monte Sinai, que dá à luz filhos
para a escravidão, e que é Agar. Ora, esta Agar significa Sinai, um monte na
Arábia, e ela corresponde à Jerusalém atual, pois está em escravidão com os
seus filhos. Mas a Jerusalém de cima é livre, e ela é a nossa mãe. Não
obstante, o que diz a Escritura? ‘Expulsa a serva e o filho dela, pois de modo
algum será o filho da serva herdeiro junto com o filho da livre.’ Por
conseguinte, irmãos, somos filhos, não duma serva, mas da livre.” – Gálatas
4:21-26, 30, 31.
Observe que Paulo inicia
repreendendo os que insistiam na guarda da Lei. Usando as mesmas Escrituras nas
quais os proponentes da continuidade da Lei afirmavam se basear, Paulo mostra
que personagens bíblicos representaram realidades espirituais. Abraão
representou Jeová. A esposa de Abraão, Sara, representa a “Jerusalém de cima” –
a organização celestial de Jeová semelhante a uma fiel esposa. Agar, a escrava
egípcia de Abraão, representa a Jerusalém terrestre, capital do reino de
Israel, cuja nação estivera numa relação com Jeová mediante o pacto da Lei,
feito no monte “Sinai”. (Gálatas 4:24) Paulo mostra que os que insistiam na
guarda da Lei eram como Ismael, o filho de Agar, a escrava. Estavam igualmente
em escravidão, e na maldição imputada pelo pacto da Lei. O resultado para tais
obstinados seria o cumprimento das palavras de Sara em Gênesis 21:10: “Expulsa
essa escrava e o filho dela, pois o filho desta escrava não vai ser herdeiro
com o meu filho, com Isaque!” A insistência na aderência à Lei levaria tais
obstinados a não receberem a herança pertencente aos filhos legítimos – os
semelhantes a Isaque. Como disse Paulo, os cristãos são ‘filhos da livre’.
Então Paulo dá a seguinte admoestação:
“Para tal liberdade é que Cristo
nos libertou. Portanto, ficai firmes e não vos deixeis restringir novamente num
jugo de escravidão.” – Gálatas 5:1.
Assim, pelas razões acima,
biblicamente pautadas, os cristãos não estão sujeitos à inteira Lei dada a
Israel, a qual incluía os Dez Mandamentos com o seu sábado semanal.
A continuação desta série
considerará mais questões envolvendo este tema.
Sigla das traduções
usadas:
Al: Almeida Revista e
Corrigida
ACRF: Almeida Corrigida
e Revista Fiel.
IBB: Almeida da Imprensa
Bíblica Brasileira.
Notas:
[1] Para uma consideração mais detalhada de Tiago 2:10, leia o
artigo, neste site, intitulado “Tiagoincentiva a guarda dos Dez Mandamentos?”.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
Os
artigos deste site podem ser citados
ou republicados, desde que seja citada a fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Nilson Rocha.
Espero que esses comentários possam ter sido de ajuda. Mas, o mais importante em tudo isso é reatar a boa relação com Jeová.