Fonte da ilustração:
http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1102014735
ἀπεκρίθη Θωμᾶς καὶ εἶπεν αὐτῷ, Ὁ κύριός μου καὶ ὁ θεός μου.
Respondeu
Tomé e disse a ele: “O Senhor meu e o Deus meu.” – João 20:28.
Muitas narrativas bíblicas visam nos ensinar valiosas
lições morais. (Romanos 15:4; 1 Coríntios 10:11) Podemos dizer que este é o
caso do relato envolvendo Tomé. Que lição este relato visa ensinar-nos? Podemos
ver claramente o objetivo do relato nas palavras de Jesus a Tomé em João 20:27:
”Põe o teu dedo aqui, e vê as minhas mãos, e toma a tua mão e põe-na no meu
lado, e para de ser incrédulo, mas torna-te crente.”
A palavra grega para “crente” neste texto é πιστός (pistós), que significa “fiel”, “confiável”,
e “digno de confiança”. (G.D.) No âmbito do cristianismo, tal palavra é
aplicada aos conversos, os convertidos à fé cristã. Por exemplo, Paulo exortou
Timóteo a ‘tornar-se exemplo para os fiéis”, quer dizer, para os cristãos. (1 Timóteo
4:12) Fala-se da mãe de Timóteo como “mulher judia crente” (γυναικὸς Ἰουδαίας πιστῆς;
gynaikós Ioudaías pistês), usando-se
o feminino de pistós, que
é πιστή (pisté). E o que
está essencialmente envolvido em ser pistós,
ou “crente” (fiel)? Quem é pistós,
ou “crente”, tem πίστις (pístis),
palavra grega para “fé”. Fé em quem? Evidentemente em Cristo. Este é um
requisito fundamental para se ser cristão. Mas tal fé é baseada na aceitação de
que verdade?
1 João 5:5 nos fornece a resposta. Este texto declara:
“Quem é que vence o mundo senão aquele que tem fé [ὁ πιστεύων ; ho pisteúon] em que Jesus é o
Filho de Deus?” Portanto, a base da fé é reconhecer a Jesus, não como o Deus
Todo-Poderoso, mas como “o Filho de Deus”. O pistós, ou “crente”, tem tal πίστις (pístis), ou “fé”.
Portanto, ao exortar Tomé a ‘tornar-se crente’, Jesus não
tencionava fazer Tomé aceitá-lo como sendo o ‘seu Deus’. Inclusive o próprio
contexto do Evangelho de João identificou o motivo de este relato, bem como de
os demais, terem sido registrados. Logo em seguida à narrativa envolvendo Tomé,
João conclui: “De certo, Jesus efetuou muitos outros sinais, também diante dos
discípulos, os quais não estão escritos neste rolo. Mas, estes foram escritos
para que creiais [pisteúete] que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que, por crerdes [pisteúontes],
tenhais vida por meio do seu nome.” (João 20:30, 31) O verbo “crer” (πιστεύω; pisteúo) tem ligação com a
palavra “fé” (pístis) em grego.
Torna-se assim claro que o relato não visava provar que Jesus é o Deus
Todo-Poderoso, mas sim que o verdadeiro seguidor de Cristo deve ser pistós, ou “crente”, crendo que “Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus”. De modo que a expressão exclamativa de Tomé não é o
que é relevante, e sim o objetivo do relato, que é provar “que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus”.
Mas, por que Jesus não repreendeu Tomé por este ter usado
a expressão “meu Senhor e meu Deus”? Em primeiro lugar, não há consenso entre
os peritos em grego sobre a quem Tomé se referiu ao usar tal expressão. Alguns
estudiosos afirmam que o grego original exige que as palavras sejam
consideradas como dirigidas a Jesus. Mas, por outro lado, outros peritos têm
encarado esta expressão como uma exclamação emocional de espanto falada diante
de Jesus, mas realmente dirigida a Deus, seu Pai. Seria semelhante a uma pessoa
exclamar “meu Deus!” diante de alguém ou de algo que o surpreende.
Os substantivos “Senhor” e “Deus”, na resposta de Tomé,
são precedidos de artigo no caso nominativo. Além disso, são acompanhados pelo
pronome possessivo “meu”. Não encontramos em nenhuma outra parte das Escrituras
Gregas Cristãs (“Novo Testamento”) uma construção similar. Também, a expressão
“meu Senhor” é aplicada a humanos (Gênesis 18:12), ao anjos (Zacarias 1:9; 4:4,
5, 13; 6:4), a Jesus (Mateus 22:44; Marcos 12:36; Lucas 1:43; 20:42; João
20:13; Atos 2:34; Filipenses 3:8) e a um dos salvos no céu. (Apocalipse 7:14)
No entanto, a expressão “meu Deus” (quando usada por um
fiel servo do verdadeiro Deus) em todo o restante das Escrituras é aplicada
somente ao Deus Todo-Poderoso Jeová, como Ser distinto do Filho. (Gênesis 28:21;
Êxodo 15:2; Deuteronômio 4:5;18:16; 26:14; Salmo 68:24; Romanos 1:8; Filipenses
4:19) Assim sendo, ela nunca foi aplicada a Jesus Cristo.
O sentido bíblico da expressão “meu Deus” foi determinado
pelo próprio Jesus Cristo, pelo que ele disse uma semana antes desta ocorrência
com Tomé a Maria Madalena: “Vai aos meus irmãos e dize-lhes: ‘Eu ascendo para
junto de meu Pai e vosso Pai, e para meu
Deus e vosso Deus.’” (João
20:17) Ademais, pouco antes da morte de Jesus, Tomé ouvira a oração de Jesus,
na qual se dirigia a seu Pai como “o único Deus verdadeiro”. (João 17:3) O
próprio Jesus deixou bem claro quem é o Deus dos cristãos. Assim, pelo
conhecimento que tinha, Tomé não pensava que Jesus era o Deus Todo-Poderoso. De
modo que o contexto bíblico aponta para o entendimento de que Tomé estava se
dirigindo a Jeová Deus ao fazer tal exclamação.
Até mesmo os teólogos da cristandade reconhecem o peso do
contexto. John Martin Creed, como Professor de Divindade na Universidade de Cambridge,
observou:
A exclamação
adoradora de S. Tomé “meu Senhor e meu-Deus” (João xx. 28) ainda não é a
mesma coisa que se dirigir a Cristo como sendo sem ressalva Deus, e precisa ser
equilibrada pelas palavras do próprio Cristo ressuscitado a Maria Madalena (v.
17): “Vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, e meu Deus
e vosso Deus.” – The Divinity of Jesus Christ (A Divindade de Jesus Cristo), de John
Martin Creed, página 123.
Mesmo que Tomé estivesse se referindo a Jesus como
“Deus”, isto não argumentaria a favor da Trindade, porque ser alguém mencionado
como “Deus” na Bíblia não prova, em si mesmo, que tal pessoa é o Deus
Todo-Poderoso. O termo “Deus” foi aplicado a Moisés, a anjos e a juízes
humanos. (Êxodo 4:16: 7:1; Salmo 8:5;
82:1-6; João 10:34, 35, ALA ) Moisés e
os juízes humanos receberam poder ou autoridade conferidos por Deus e agiram
como Seus representantes. Os anjos, além de serem representantes de Deus,
também possuem natureza divina. (Salmo 8:5) Por tais motivos, foram mencionados
como sendo “Deus’ ou “deuses”. E quando tal termo foi aplicado a Jesus, sempre
se esclareceu o sentido em que ele é referido como “Deus”. Por exemplo, em João
1:18 ele é referido como “Deus unigênito” (ALA, TB), literalmente, ‘o
único Deus gerado’, o que indica que mesmo na sua divindade ele teve princípio.
Isaías 9:6 refere-se a Jesus como “Deus forte” (ALA), ou “Deus
poderoso” (NM), ao
passo que somente Jeová é descrito como “Deus Todo-Poderoso”. (Gênesis17:1) Em João 1:1 Jesus é aludido como “Deus” (Als) sem o artigo definido,
em contraste com Aquele com quem ele estava no princípio, que é descrito como “o Deus”. Assim sendo, tal uso do
termo “Deus” descreve sua natureza e não identifica sua pessoa com o Deus
Todo-Poderoso. Jesus é mencionado como “Deus” na Bíblia por ter natureza divina
e por ser representante do Deus Todo-Poderoso.
Tomé tinha conhecimento do uso que as Escrituras
Hebraicas ("Velho Testamento) fazem do termo “Deus”. Portanto, se ele se
referiu a Jesus com a expressão “meu Deus”, ele meramente estava reconhecendo
em Jesus o Porta-Voz e Representante de Deus, assim como outros se dirigiram a
anjos como se fossem Jeová. (Compare com Gênesis 16:7-11, 13; 18:1-5, 22-33;
31:11-13; 32:24-30; Juízes 2:1-5; 6:11-15; 13:20-22.) Isto se dava porque o
mensageiro angélico atuava por Jeová, como Seu representante, falando em Seu
nome, talvez usando o pronome pessoal na primeira pessoa do singular e chegando
mesmo a dizer: “Eu sou o verdadeiro Deus.” (Gênesis 31:11-13; Juízes 2:1-5)
Mas, mesmo usando a primeira pessoa do singular, às vezes tais anjos explicavam
que o que estavam falando era “a pronunciação de Jeová”. (Gênesis 22:17; Números
14:28; compare com Gálatas 3:19; Atos 7:38, 53; Hebreus 2:2; veja também Zacarias
2:1-6; 3:6-4:1; 5:3-5.) Veja o artigo “Quem é o anjo de Jeová?” neste site.
Por conseguinte, a declaração de Tomé não pode ser usada
para sustentar a crença antibíblica da Trindade.
Explicação
das siglas usadas
G.D.:
Dicionário grego de Gingrich e Danker.
ALA: Almeida Revista e Atualizada.
Als: Versões Almeida Revista e Corrigida, Revista e
Atualizada e da IBB (Imprensa Bíblica Brasileira)
TB: Tradução Brasileira.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Este fato curioso fortalece a ideia das palavras em questão serem uma exclamação ou doxologia ao Pai.
De toda forma, não estavamos lá para prestar atenção na forma, tom, intenção e contexto completo em que Tomé as pronunciou, inclusive ele pode ter dito mais coisas em sua frase que não foram registradas pelo evangelista: "Meu senhor, Meu Deus, louvado seja!", se disse "Ó Adonay" , já saberiamos não ter Jesus em mente, já que Jesus é referido como "meu senhor" ADONI e nunca Adonay (Salmo 110:1; poderia ter recitado assim..."meu Senhor" curvado à Jesus "e meu Deus" olhando para o céu etc. A leitura simples sem audio e video é de difícil compreensão...percebemos que a fé de Tomé estava fraquejando e ver Jesus revivido a sua frente o reanimou : "Adonay e Meu Elohim! É verdade, o rabi está vivo! Eu creio agora, Yehohwa. Perdoa-me Yeshua, tu és o Mashiah!" etc etc etc
De toda forma o significado trinitarista no contexto do relato parece impossível, primeiro que se o rabi deles foi morto, sendo ressuscitado ou não nunca poderia ser Deus, pois Deus é imortal e sempiterno. De [1] ser ressuscitado para [2] ser Deus, vai uma distância infinita! Uma mente judaica não ia chegar numa conclusão dessas sozinha, se os trinitaristas hoje chegam em tais conclusões é que já estao condicionados desde sempre a tais conceitos.
O uso de "Senhor" no caso nominativo e não no vocativo é relevante, em vista do uso predominante no texto do "Novo Testamento", mas não é conclusivo. (Veja Revelação 4:11) Por esta razão, não há consenso entre os peritos. O ponto é que a gramática tem suas limitações. Por esta razão, os editores de nossas publicações oficiais frisam sempre a importância de se examinar o contexto bíblico como um todo. Mas, seu comentário como um todo é bastante interessante e informativo.
PRIMEIRO: O artigo se fundamenta na gramática, mas a defende como limitada para expressar um sentido definido. Ora, se a gramática é limitada não se pode ter certeza do que o texto diz. Entretanto, O Apologista está certo que a limitação da gramática lhe favorece. Isso, certamente demonstra que o argumento está mal montado.
SEGUNDO: A imposição da maioria: O texto não pode dizer que Jesus é Deus por que todas as vezes que a expressão "Meu Deus" é usada ela se refere a Jeová. Logo, Tomé jamais poderia ter usado a expressão a Jesus Cristo, por que ela só pode ser usada a Jeová. Há um certo círculo vicioso aqui, não acha?
Para concluir, acredito que o dogma veio antes do argumento e a conclusão foi dada na premissa, desse modo:
1. Jesus não pode ser Deus;
2. Tomé usa a expressão "Meu Deus"
Logo, Temos um dilema.
3. Entretanto, Jesus não pode ser Deus;
Logo, Tomé não usa a expressão "Meu Deus" para Jesus.
Bem viciado esse argumento.
Fico contente de que tirou tempo para ler o artigo e para fazer uma avaliação pessoal dele. Respeito suas colocações e as encaro como críticas construtivas. Contudo, valho-me do direito de discordar de algumas delas.
Primeiro, porque o artigo não se fundamenta na gramática, e sim, no contexto – no contexto do próprio capítulo do versículo em questão (João 20:27), no contexto do próprio Evangelho de João (17:3; 20:30, 31), no contexto dos escritos de João (1 João 5:5) e no contexto da Bíblia como um todo, conforme outros textos citados no artigo.
Segundo, o que o senhor chama de “imposição da maioria”, a meu ver, pode ser melhor vertido como o ‘peso do contexto’ bíblico, o qual indica que o único Deus Todo-Poderoso e Supremo é Jeová. (Gên. 17:1) Ademais, o artigo tem caráter dissertativo, analisando os vários termos e expressões usados na passagem em pauta, o que pode dar a aparência – mas não a realidade – de viciosidade. Além disso, o artigo se propõe a algo mais abrangente do que meramente examinar expressões, tais como a expressão “meu Deus”. Pois, como o artigo mostrou, mesmo que essa expressão tivesse sido aplicada por Tomé a Jesus, isso não alteraria a verdade bíblica sobre quem é o Deus Supremo – Jeová.
No entanto, o senhor está certo quanto à afirmação de que a proposição veio antes do argumento. Pois, na ciência bíblica, partindo da premissa de que não há contradição na Palavra de Deus, quando o contexto geral estabelece uma verdade fundamental, tal como a de que o Filho (Jesus Cristo) não é o Deus Todo-Poderoso, as passagens são examinadas tendo como referencial a relacionada verdade já claramente estabelecida.
Desejo-lhe felicidades, e convido-o a ler os demais artigos deste blog.
Quanto a Kyrie x Kyrios, eu ainda proponho uma outra dúvida.
Será que existe alguma relação entre estar nas nossas cópias gregas "Kyrie" ou "Kyrios" e no original (estes nós não temos) estar o Tetragrama ?
Não quero nunca dizer que Tomé falou "meu Jeová", pois essa expressão é impossível e nunca aparece nas Escrituras (Meu Adonay pode. Mas em APO 4:11, a Wachtower tem a crença de que no original essa passagem não deveria dizer nem "Kyrie" e nem "Kyrios" e sim "YHWH"! Assim ela não considera veridicas nem a leitura do Textus Receptus e nem do Critico (E que eu saiba eles DIFEREM aqui, temos uma polêmica de variante textual).
As traduções de que se diz terem se baseado no Texto Crítico (NVI, NTLH, ALA) não apresentam diferença textual significativa em relação às que se baseiam no Texto Recebido, como as versões Almeida Corrigida e Rei Jaime, no que concerne ao ponto em questão. As cópias do “Novo Testamento” de que dispomos até o momento usam Kýrios (“Senhor” no caso nominativo), em Revelação 4:11.
Um dos critérios usados por diversas comissões de traduções (inclusive pela Comissão de Tradução do Novo Mundo) ao usar o nome divino, Jeová, em lugar de kýrios, se baseia no uso de Kýrios no genitivo sem o artigo. Por exemplo, em Mateus 1:20, a expressão grega ἄγγελος κυρίου (ággelos kyríou) literalmente é “anjo DE Senhor”. Numa nota sobre o texto, The Holy Scriptures (As Escrituras Sagradas), de J. N. Darby, 1920 (correspondendo à Bíblia alemã chamada “Elberfelder Bibel”, 1891), diz: “‘Senhor’ sem o artigo, significando, como muitas vezes acontece: ‘Jeová.’ ” A expressão “anjo de Jeová” soa coerente, o que indica que algum copista substituiu o nome divino por Kýrios, resultando na desconcertante expressão “anjo DE Senhor”. – Mt 1:20, NM n.
Quanto ao uso do nome divino, Jeová, em Revelação 4:11 (e em outros no “Novo Testamento”) na Tradução do Novo Mundo, encontramos a explicação adicional da Comissão de Tradução nessas palavras: “Para saber onde o nome divino fora substituído pelas palavras gregas Κύριος e Θεός, verificamos onde os inspirados escritores cristãos citaram versículos, passagens e expressões das Escrituras Hebraicas, e depois voltamos ao texto hebraico para ver se o nome divino aparecia ali. Assim determinamos a identidade a dar a Ký•ri•os e a The•ós, e a personalidade com que revesti-los. Para não ultrapassar os limites de tradutor para o campo da exegese, fomos muito cautelosos na tradução do nome divino nas Escrituras Gregas Cristãs, sempre cuidadosos de tomar as Escrituras Hebraicas como fundo. Procuramos concordância das versões hebraicas para confirmar nossa tradução. Tal concordância das versões hebraicas foi encontrada em todos os 237 lugares onde o nome divino foi restabelecido nas Escrituras Gregas Cristãs.” – Apêndice, pp. 1504-1505.
As versões que serviram de base para o uso do nome divino em Revelação 4:11, conforme a introdução da Tradução do Novo Mundo, foram as seguintes:
Escrituras Gregas Cristãs em 12 idiomas, inclusive hebr., de Elias Hutter, Nurembergue, 1599.
Escrituras Gregas Cristãs, hebr., de William Robertson, Londres, 1661.
Escrituras Gregas Cristãs, hebr., de A. McCaul, M. S. Alexander, J. C. Reichardt e S. Hoga, Londres, 1838.
Escrituras Gregas Cristãs, hebr., de J. C. Reichardt, Londres, 1846.
Escrituras Gregas Cristãs, hebr., de J. C. Reichardt e J. H. R. Biesenthal, Londres, 1866.
Escrituras Gregas Cristãs, hebr., de Isaac Salkinson e C. D. Ginsburg, Londres.
The New Covenant Commonly Called The New Testament — Peshitta Aramaic Text With a Hebrew Translation, publicado pela Sociedade Bíblica, Jerusalém, 1986.
Mas eu fui apresentado a um fato novo sobre o texto tema da matéria.
Segundo a famosa LEI DE SHARP, João 20:28 estaria diferenciando duas pessoas, uma é "Meu Senhor" e a outra é "Meu Deus". (Como os próprios trinitaristas criaram essa regra, para aplica-la teriam de abrir mão de um de seus melhores textos nos Evangelhos) Para a regra de Sharp aqui teriamos a distinção de duas pessoas ligadas por KAI por serem duas palavras com artigo definido (Literalmente "O Senhor de Mim" e "O Deus de Mim" ]então o texto falaria do "meu senhor" E DO "meu Deus". Muito irônico.
OBS: O engraçado é a parcialidade na fidelidade as "suas regras", pois aplicam a leis como Sharp em Tito 2:13 (Deus e Salvador) mas não em II Tim 1:2 (Senão quebraria a Trindade seria Sabelianismo, Unicismo - PATROS KAI KRISTO = Pai e Cristo) e nem em Jo 20:28 (O meu senhor e o meu Deus). Sobre Jo 1:1 fazem outra regra, mas não deixam de acrescer artigo indefinido em outros textos, etc.
OBS: Ainda sobre a questao de passagens ligadas por KAI. Uma vez eu fiz um comentário neste blog sobre como verter Judas 4, pois em português na ACF (Receptus) ele parece trinitário, mas tenho um DADO NOVO, ao ver a passagem em outras linguas essas impressão desaparece. A KING JAMES (A ACF é tipo uma cópia da KJ, só que passando do inglês pro PT) distingue neste verso o "Senhor Deus" [Lord God] do "Senhor Jesus" [Lord Jesus]. Sendo por isso que em inglês, este texto não costuma ser usado pelos trinitários. O ponto é que mesmo na leitura do Receptus, a passagem ainda não fica trinitária, digo isso com apoio da própria KJ! Vejo que traduções baseadas no Texto Crítico entendem que aqui os dois senhores, o "Despotes" e o "Kyrios" se refiram a mesma pessoa, enquanto que as baseadas no Receptus entenderam que "despotes" é referência a pessoa de Deus e que "kyrios" é referência à pessoa de Jesus, duas pessoas.
Estarei preparando futuramente um artigo sobre a Regra de Sharp, em especial com o foco em Tito 2:13.
Com relação a Judas 4, essa passagem não se enquadra na supracitada regra, uma vez que os elementos separados por kaí não se encontram no mesmo caso gramatical. O texto-padrão de Westcott e Hort distingue claramente o “nosso Deus” de “nosso único Dono e Senhor, Jesus Cristo”. Traduções que se baseiam no Texto Crítico também o fazem. Contudo, algumas destas parecem tendenciosamente dar apoio à Trindade numa sutil tentativa de igualar Cristo a Deus. Fazem isso por traduzirem a palavra despótes (aplicada no texto a Cristo) por “Soberano”, fazendo essa parte do texto rezar: “O nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.” (IBB, NVI, ALA, VP, CNBB) Embora esse substantivo grego seja aplicado “a alguém que possui autoridade suprema, ou posse absoluta e poder sem limite” (Estudo Perspicaz das Escrituras, vol. 3, p. 612, com base em Vine’s Expository Dictionary of Old and New Testament Words, 1981, Vol. 3, pp. 18, 46), esse significado não tem caráter absoluto, mas está dentro dos limites contextuais que cercam o uso do termo, uma vez que o mesmo também é usado para humanos – donos de escravos. (1 Tim. 6:1, 2; Tito 2:9; 1 Ped. 2:18) Pode ser traduzido por “Soberano” quando a referência é a Deus, o Pai. (Luc. 2.29; Atos 4:24; Rev. 6:10) Mas, visto que o quadro total apresentado nas Escrituras sobre a pessoa do Filho o coloca numa condição de subordinação ao Pai, o termo despótes, quando aplicado ao Filho, seria corretamente traduzido por “dono” ou “mestre”, como fazem diversas traduções. – Veja Sociedade Bíblica Britânica; NTLH; Bíblia Ave Maria, BJ, The New American Bible; NM.
ACF - Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.
KJ - For there are certain men crept in unawares, who were before of old ordained to this condemnation, ungodly men, turning the grace of our God into lasciviousness and denying the only Lord God, AND our Lord Jesus Christ.
VALERA - Porque algunos hombres han entrado encubiertamente, los cuales desde antes habían estado ordenados para esta condenación, hombres impíos, convirtiendo la gracia de nuestro Dios en disolución, y negando á Dios que solo es el que tiene dominio, y á nuestro Señor Jesucristo.
DIODATI - Perciocchè son sottentrati certi uomini, i quali già innanzi ab antico sono stati scritti a questa condannazione; empi, i quali rivolgono la grazia dell’Iddio nostro a lascivia, e negano il solo Dio e Padrone, il Signor nostro Gesù Cristo.
OSTERVALD - Car il s'est glissé parmi vous certains hommes, dont la condamnation est écrite depuis longtemps; des impies, qui changent la grâce de notre Dieu en dissolution, et qui renient Dieu, le seul Dominateur, et Jésus-Christ, notre Seigneur.
Das versões comparadas, apenas a em PT abre brecha à Trindade.
Agora:
VULGATA - Subintrojerunt enim quidam homines qui olim præscripti sunt in hoc judicium impii Dei nostri gratiam transferentes in luxuriam et solum Dominatorem et Dominum nostrum Jesum Christum negantes
pareisedusan gar tineV anqrwpoi oi palai progegrammenoi eiV touto to krima asebeiV thn tou qeou hmwn carin metatiqenteV eiV aselgeian kai ton monon despothn qeon kai kurion hmwn ihsoun criston arnoumenoi
παρεισεδυσαν γαρ τινες ανθρωποι οι παλαι προγεγραμμενοι εις τουτο το κριμα ασεβεις την του θεου ημων χαριν μετατιθεντες εις ασελγειαν και τον μονον δεσποτην θεον και κυριον ημων ιησουν χριστον αρνουμενοι
Em Grego Moderno
Διοτι εισεχωρησαν λαθραιως τινες ανθρωποι, οιτινες ησαν παλαιοθεν προγεγραμμενοι εις ταυτην την καταδικην, ασεβεις, μεταστρεφοντες την χαριν του Θεου ημων εις ασελγειαν, και αρνουμενοι τον μονον Δεσποτην Θεον και Κυριον ημων Ιησουν Χριστον
A conclusão é que o texto é considerado de polêmica tradução e não apenas de variante de manuscritos, senão ele seria sempre vertido com um sentido claro e não ambíguo, se são uma ou duas pessoas. A famosa Vulgata não tem a palavra "Deus" ali no meio confundindo a passagem tal como ela consta na ACF.
Hoje minha mãe em interjeição em papo [ou discussão?] com minha irmã soltou o seguinte:
" Ó meu Deus, Jesus "
Sendo que ela não é trinitarista, ela disse tal coisa apenas como expressão de momento, soltando uma interjeição emocionada na hora
(Outras pessoas soltam palavrões...)
Me lembrei imediatamente do caso de Tomé, rs, no caso dele não estávamos lá e não sabemos a entonação de como ele disse e com qual intenção.
Vejamos:
-"Ó meu Deus!! Jesus!"
-"Oh! Meu Deus...Jesus"
-"Ó meu Deus. [Ó] Jesus"
-"Ó meu Deus [e ó] Jesus"
???????????????????????
Rsrsrsrrs ..
Nos Atos dos Apóstolos é nos citada a cura milagrosa do coxo por Pedro e João. Mas quando o povo, cheio de admiração e de espanto, olhou para eles quase como uns semi-deuses, Pedro foi pronto em negar qualquer direito à admiração deles, desviando-lhes imediatamente a atenção para Cristo. “Vós, homens de Israel”, disse ele, “por que olhais para nós como se pela força ou poder houvéssemos feito este homem andar? O Deus de Abraão, e o Deus de Isaac, e o Deus de Jacó, o Deus de nossos Pais, glorificou seu Filho Jesus” (At 3, 12-13). Deveremos dizer que Cristo, era menos honesto do quer os seus Apóstolos? Impossível. Contudo, longe de repudiar as palavras a Ele dirigidas por São Tomé, “MEU SENHOR, MEU DEUS”, Jesus aceitou-as e aproveitou a ocasião para dizer:“Porque viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”.
São Paulo não tinha dúvida quanto ao que os cristãos deviam crer. Escrevendo aos Romanos, declarou que CRISTO era “DEUS BENDITO ETERNAMENTE” (Rm 9, 5); e a Tito declarou que CRISTO era “NOSSO GRANDE DEUS E SALVADOR” (Tt 2, 13)
Que Jesus é Deus (Yahweh) está claro, a partir do fato de que o Novo Testamento aplica a Jesus, de modo consistente, passagens e atributos que no Antigo Testamento eram aplicáveis apenas a Javé (compare Êx 3.14 com Jo 8.58; Is 6.1-5 com Jo 12.41; Is 44.24 com Cl 1.16; Ez 43.2 com Ap 1.15; Zc 12.10 com Ap 1.7).
“Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: “Vós sois deuses”’? Se ele chamou ‘deuses’ aos contra quem se dirigia a palavra de Deus, e, contudo, a Escritura não pode ser anulada, dizeis a mim, a quem o Pai santificou e mandou ao mundo: ‘Blasfemas’, porque eu disse: Sou Filho de Deus?” - Jo 10:34-36.
Não importa o que os judeus entenderam, e sim o que Cristo disse sobre si mesmo. Ele não disse ser Deus, e sim “Filho de Deus”. Assim, você precisa analisar de que lado você está. Sobre isso, veja o artigo, neste blog, intitulado “Você é a favor de Jesus Cristo ou dos inimigos dele?” no link http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2013/07/voce-e-favor-de-jesus-cristo-ou-dos.html
Quanto ao caso envolvendo Tomé, a questão não gira em torno da aceitação de Cristo, e sim da expressão “Meu Senhor e meu Deus”. Como ela deve ser entendida? Veja o artigo “ ‘Meu Senhor e meu Deus!’ – em que sentido?”
http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2012/06/meu-senhor-e-meu-deus-em-que-sentido.html
Quanto a quem é o “Grande Deus” em Tito 2:13, veja o artigo “Jesus Cristo é o ‘grande Deus’ mencionado em Tito 2:13?”
http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2012/07/jesus-cristo-e-o-grande-deus-mencionado.html
E quanto a quem se aplica a expressão “Deus bendito eternamente”, leia o artigo “ ‘Deus bendito eternamente’ – Quem? (Romanos 9:5)”
http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2012/12/deus-bendito-eternamente-quem-romanos-95.html
É óbvio que Jesus tinha uma relação especial com o Pai. Quanto a ser o filho único de Deus, isso não procede. Os anjos são também chamados de “filhos de Deus”. (Jó 1:6; 2:1; Sal 89:6) Mas Jesus era o Filho especial de Jeová por ser a primeira criação de Deus. (Re 3:14)
Quanto aos textos que você citou, eles realmente não identificam Jeová com Jesus.
Para um estudo sobre os mesmos, recomendo os links abaixo:
http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2011/09/duas-regras-uma-falsa-e-uma-verdadeira.html
http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2011/09/uma-regra-biblica-desconsiderada-pelos.html
http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2012/01/joao-858-identifica-jesus-com-jeova.html
Apocalipse 2:8
“Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: ‘Aquele que é o primeiro e o último, que foi morto e ressuscitado, faz as seguintes afirmações: ..veja você mesmo, Jesus Cristo é o "primeiro" e o "último"(alfa e ômega), ele é o próprio Deus.
Que Jesus Cristo foi "criado por Deus" pode-se ver claramente na descrição que a Bíblia faz dele como a Sabedora personificada em Provérbios 8:22, a passagem diz que ele foi CRIADO, conforme a versão grega da Septuaginta. Ele é o “primogênito de toda a criação” e o “princípio da criação de Deus”, expressões que significam claramente que ele teve um início. (Colossenses 1:15-18; Apocalipse 3:14) Portanto, não se trata de um novo evangelho, e sim do puro Evangelho bíblico.
Quanto a Apocalipse 2:8, o contexto diz respeito à morte e ressurreição de Cristo; pois, após usar a expressão “o Primeiro e o Último”, ele usa a expressão “aquele que morreu e voltou a viver”. Assim, Jesus foi o PRIMEIRO a ser ressuscitado DIRETAMENTE por Jeová para a vida espiritual, imortal, e o último ressuscitado assim. Os demais são ressuscitados por meio de Jesus.