Fonte da ilustração:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/revistas/wp20120901/dia-do-julgamento/
“E, em resposta, um dos anciãos me disse: ‘Quem são
estes que trajam compridas vestes brancas e donde vieram?’ Eu lhe disse assim
imediatamente: “Meu senhor, és tu quem sabes.” – Apocalipse 7:13, 14.
O primeiro artigo desta série apresentou as
características da grande multidão de Apocalipse 7:9-17. Neste último artigo da
série, analisaremos a identidade dessa classe de salvos tomando como base tais
características. Você, como leitor(a), atuando com sinceridade e atenção, está
convidado(a) a ponderar sobre como tais características nos ajudam a
identificar a grande multidão.
1. Antítese com os 144.000
A descrição da grande multidão patenteia um
contraste com o grupo mencionado anteriormente – os 144.000, que constituem um
número definido, determinado, ao passo que a grande multidão é incontável. (Apocalipse
7:4, 9) Os 144.000 são “dos filhos de Israel” (ainda que em sentido simbólico),
mas a grande multidão é “de todas as nações”.
2. Distinta dos 144.000
Após o quadro descritivo dos 144.000 selados, João
prefacia a menção da grande multidão com a expressão “depois destas coisas eu vi”, que em grego é Μετὰ ταῦτα εἶδον. No
apocalipse, quando João
usa essa expressão, ele introduz algo inteiramente novo em relação ao quadro,
ou visão, anterior. (Apocalipse 4:1; 7:1; 15:5; 18:1) Portanto, com base nessa
característica do estilo do escritor, a grande multidão é colocada como classe distinta, separada da
classe anterior dos 144.000, constituindo uma categoria inteiramente nova em
relação à primeira.
Outro pormenor que destaca a distinção entre os
dois grupos é a descrição da grande multidão como tendo “palmas nas suas mãos”.
(Apocalipse 7:9) Essa é uma clara alusão à Festividade das Barracas. Levítico
23:40 prescrevia: “E no primeiro dia tendes de tomar para vós o fruto de
árvores esplêndidas, as folhas de palmeiras e os galhos de árvores ramosas, e
choupos do vale da torrente, e tendes de alegrar-vos perante Jeová, vosso Deus,
por sete dias.” Após ter feito o pacto da Lei com a nação de Israel, Jeová
providenciou três festividades anuais para a nação:
1) a Páscoa e a Festividade dos Pães Não
Fermentados, que aponta para o sacrifício de Cristo qual “Cordeiro de Deus” e
antitípica “páscoa”, (João 1:29; 1 Coríntios 5:7) e como sendo retratado
pelas primícias da colheita da cevada, a primeira colheita do ano em Israel. –
Levítico 23:6-14.
2) a Festividade das Semanas
(Pentecostes), que retrata profeticamente os discípulos de Cristo com esperança
celestial – os 144.000 – os quais o espírito santo, derramado nessa ocasião em
33 EC, ungiu e gerou para serem filhos espirituais de Deus e irmãos de Cristo
(Romanos 8:15-17), prefigurados pelos dois pães fermentados movidos diante de
Jeová em cada Pentecostes. — Levítico 23:16, 17, 20.
3) a Festividade das Barracas. (Levítico
23:34-43) Uma vez que as duas primeiras festividades dizem respeito aos que
comporão o Reino celestial – Jesus e os 144.000 –, essa terceira festividade
aponta em especial para os que herdarão a vida eterna na Terra. Visto que a
grande multidão é apresentada como tendo "palmas" (folhas e ramos de
palmeiras) nas mãos, ela é enquadrada profeticamente nessa terceira
festividade, sendo, portanto, uma classe com perspectiva de vida eterna na
Terra.
Ademais, enquanto que a Bíblia afirma que os
144.000 foram “comprados DA TERRA” e
“DENTRE A HUMANIDADE”, uma vez que deixarão o cenário terrestre para se juntar
a Cristo no céu, não se assevera o mesmo sobre a grande multidão, a qual é
mencionada como tendo ‘lavado as suas vestes compridas e as embranquecido
no sangue do Cordeiro’. – Apocalipse 14:1, 3, 4; 7:14. [1]
3. Sobrevivem ao “fim do mundo” aqui mesmo na Terra
Apocalipse 7:14 declara sobre a grande multidão:
““Estes são os que saem da grande tribulação.” A expressão “os que
saem”, em grego, é οἱ ἐρχόμενοι (hoí
erkhómenoi), literalmente ‘os vindo’, ou ‘os que vêm’. Erkhómenoi é
particípio de érkhomai (vir). Uma vez que essa classe vem da
grande tribulação, isso indica que tal grupo vivencia tal tribulação e
sobrevive à ela. A menção que Jesus Cristo faz da grande tribulação indica que
haverá sobreviventes terrestres dela – seres de “carne”. (Veja Mateus 24:21,
22.) Logo, esse pormenor sobre a grande multidão indica que ela realmente é uma
classe terrestre.
Outra
prova que se une a essa para indicar a destinação terrestre da grande multidão
se encontra em Apocalipse 7:15c, que reza: “O que está sentado no trono estenderá sobre eles a
sua tenda.” O texto no Apocalipse que traz uma ideia paralela é o de Apocalipse
21:3, que diz: “Com isso ouvi uma voz alta do trono dizer: ‘Eis que a tenda de
Deus está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão os seus povos.
E o próprio Deus estará com eles.’” Esse último texto descreve a relação de
Deus com os que viverão aqui na Terra. Outro paralelo incide entre Apocalipse
7:17 e 21:4. O primeiro texto diz sobre a grande multidão: “Deus enxugará toda
lágrima dos olhos deles.” E o segundo afirma sobre o que Deus fará pela
humanidade salva: “E enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais
morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já
passaram.”
Visto que a grande multidão sobrevive à grande
tribulação, que será o clímax dos eventos que levam ao fim do sistema mundial
satânico, essa classe existe no tempo do fim. Não inclui os servos de Deus
pré-cristãos. Prova adicional disso é a menção de que ‘embranqueceram suas
vestes no sangue do Cordeiro’. (Apocalipse 7:14) Portanto, são pessoas que
exercem fé no sacrifício de Cristo. (João 3:16, 36) Além disso, Apocalipse 7:17
diz que ‘o Cordeiro os pastoreará e os guiará a fontes de águas da vida.’
Assim, são servos cristãos de Deus com esperança de sobreviver à grande
tribulação e viver no paraíso na Terra.
Essa classe também possui conhecimento da
identidade do Deus Todo-Poderoso, pois os membros desse grupo sabem fazer
distinção entre Deus e Cristo. (Apocalipse 7:10) Podem dizer assim como Jesus:
“Nós adoramos o que conhecemos.” (João 4:22b) Ademais, não atribuem salvação ao
espírito santo, visto que sabem que não se trata de uma pessoa divina, mas da
impessoal força ativa de Deus. – Gênesis 1:2.
Mas, que dizer a afirmação registrada em Apocalipse
7:16, de que os membros da grande multidão “não terão mais fome, nem terão mais
sede, nem se abaterá sobre eles o sol, nem calor abrasador”? Essas palavras
foram emprestadas de Isaías 49:8, 10, profecia que o apóstolo Paulo aplica como
tendo cumprimento desde o estabelecimento do cristianismo. (2 Coríntios 6:2) De
fato, o verdadeiro cristianismo fundado por Jesus sacia plenamente "os
famintos e sedentos da justiça”, (Mateus 5:6) e não se abate sobre tais o calor
do desagrado divino. Assim, os da grande multidão têm compreensão de verdades
fundamentais a respeito da identidade do Deus Criador, de Seu nome, de Sua
soberania e de Seus propósitos.
A existência da grande multidão no tempo do fim
indica que uma grande atividade de colheita espiritual está em andamento.
Muitos estão se beneficiando do progressivo conhecimento bíblico, que tem se
tornado “abundante” em nossa época. (Daniel 12:4) Em adição, a menção de tal
classe lança luz sobre uma variedade de textos bíblicos, que apontam para a
sobrevivência de humanos à destruição divina que ocorrerá sobre os
ímpios. – Salmo 37:9-11, 22, 29, 34;
Provérbios 2:21, 22; 10:30; Isaías 13:9; 24:1, 3, 4-6; 35:4-6; Jeremias
25:31-33; Joel 1:15; 2:1, 18, 21, 22; Sofonias 1:18; 2:1-3; 3:8, 9, 12; Malaquias
4:1-6; Mateus 24:21, 22; Apocalipse 11:18; 19:17, 18, 21; 20:2, 3; 21:1, 3, 4.
Sem dúvida alguma, fazer parte
dessa visionada grande multidão deve ser um privilégio ímpar, pois significa
ter a perspectiva de sobreviver ao “fim do mundo” e presenciar a transformação
da Terra num paraíso, sem ter que experimentar a morte adâmica. Contudo, mais
importante do que isso, significa estar entre pessoas que estão numa restaurada
relação com o Criador Jeová por meio de Jesus Cristo, uma amizade que está
acima de qualquer privilégio que possa existir.
Notas:
[1] Veja o artigo Vida eterna no céu e na Terra – as bases bíblicas
(Parte 3), sob o
ponto número 16, com o tema “Os ‘comprados’ e os
‘lavados’”, neste site.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Eu fiz uma busca rápida em escritos de Ellen White (Os adventistas tem em suas literaturas de vez em quando palavras sobre um paraíso terrestre, embora aparentemente não foquem muito nisso -eu creio que não, pois em sites adventistas os vejo falando mais sobre o céu- ) e não vi uma distinção clara entre os dois grupos ou uma explicação satisfatória sobre o que significam. Como ela é a base das doutrinas da IASD, significa que eles não tem [ou não devem ter, não sei] uma interpretação definida sobre o caso.
A Igreja Catolica aparentemente gosta de visões preteristas sobre a interpretação do Apocalipse, como por exemplo interpretar Babilonia como Roma e a Besta como Nero e coisas do genero mas creio que não é dogmática quanto a suas interpretações da Revelação de João, não sei se tem uma interpretação oficial sobre os 144 mil e a Grande Multidão.
As igrejas protestantes então...
Eu já vi se falar que 144 000 são "todos os salvos em todos os tempos" e e que a Grande Multidão seria "Os martires, os salvos já mortos no céu". E pior uma inversão "os 144 mil selados são os salvos na Terra" e a "grande multidão são os salvos já no céu",
Tem a interpretação que são AS MESMAS PESSOAS, sob dois pontos de vista (A grande multidão são os 144000) e por fim a mais obvia os 144k são os judeus e a Multidão são os gentios.
Existe quem distinga os dois grupos mas diz que NÂO SABE a diferença entre os dois e "prefere não especular", BUT, "com certeza ambos irão ao céu"
O ridículo é quando se faz uma publicação anti-tj que se dispõe a refutar a doutrina delas, mas FALHA em dar uma alternativa. SE NÂO SE SABE o que são, até mesmo a visão das TJ deveria ser considerada válida, MAS O CASO É que como se nega que são relativamente poucas pessoas que serão premiadas com a vida celestial, então os textos que numeram os selados e comprados da Terra como um número definido se tornam um problema para os evangélicos, eles estão comprometidos com sua visão preconcebida. Não é que deixam a Escritura interpretar a si mesma, a sua doutrina pré-concebida com que se comprometeram é que CENSURA que se interprete de forma satisfatória os versos em questão.
É similar a se poder interpretar textos bíblicos APENAS dentro dos Credos Niceno, Atanasiano e Cal cedonio. Sendo assim, MATEUS 24:36 fica comentado mui tortamente com explicações ridículas, incoerentes e absurdas. Por que? Pois o sentido ÓBVIO dele não pode ser aceite pois bate de frente com as ideias preconcebidas que tem referente a "trindade". Logo fica naquela situação "Não sei, mas só sei que a Trindade existe, e a seita TJ está errada" . E o sentido desses textos qual é?
R = É mais um MISTÉRIO de Deus.
No meio protestante existe uma falha notória e generalizada causada por não verem que os "Filhos de Deus" que geraram os "Nefelins", eram anjos caídos, isto afeta seriamente certas passagens do NT sobre os espíritos em prisão e os anjos no tártaro. E a Trindade e a Alma-Imortal causam uma confusão patologica para se entender a promessa de Jesus ao ladrão, onde e como estava Jesus quando estave morto, céu, limbo, inferno, seio de abraão...etc
Eu ouvi que seu espírito estava no céu (sua parte divina)ao mesmo tempo que sua alma estava no inferno (sua parte humana), mas ele disse a Madalena que não tinha subido ao céu ainda, pois só podia dizer que tinha ido ao céu quando fosse com seu corpo ressuscitado, essas coisas....que se você perguntar muito cairá finalmente no R = É outro mistério de Deus.
Meu tempo é escasso. Respondo aos e-mails conforme possível. Quanto às questões que você levantou, há diversos artigos na categoria TRINDADE. Caso após lê-las ficar ainda alguma dúvida, é só me escrever.
Abraços.