Fonte da figura:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/biblia/nwt/apendice-b/monte-templo-primeiro-seculo/
“E gritavam com voz alta, dizendo:
‘Devemos a salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao
Cordeiro.’” – Apocalipse
7:10.
Um
texto que tem sido apresentado como alegada prova de que a grande multidão não
pode ser uma classe terrestre é a passagem de Apocalipse 11:2, que declara: “Mas,
quanto ao pátio que está de fora do santuário do templo [naós], lança-o
completamente fora e não o meças, porque foi dado às nações, e elas pisarão a
cidade santa por quarenta e dois meses.” Quais são os argumentos colocados com
base nesse versículo?
Os
conceituadores da destinação celestial da visionada grande multidão afirmam que
tal grupo não poderia estar na Terra – num pátio terrestre – porque arguem, à
base do referido texto, que o pátio
terrestre simboliza um período de opressão e que os que o ocupam são inimigos
(não cristãos); que tal pátio é uma referência ao pátio dos gentios e que o ato
de ‘lançar o pátio fora’ significa rejeitá-lo. Vamos, portanto, examinar tais
afirmações e ver se são verossímeis.
Apocalipse
11:2 é uma alusão ao Pátio dos Gentios?
O
Pátio dos Gentios foi construído pelo rei edomita Herodes e se destinava aos
gentios incircuncisos que queriam fazer ofertas a Deus. Jesus às vezes falou às
multidões naquele pátio. Assim, o uso que se fazia desse pátio não se harmoniza
com a descrição de Apocalipse 11:2, que descreve as “nações” (os gentios) como
sendo hostilizadores (inimigos) da “cidade santa”. Não era o caso dos gentios
que se reuniam em Jerusalém no Pátio dos Gentios. Eles iam até esse pátio para
prestar adoração a Deus. Consequentemente, os “gentios” mencionados em Apocalipse
11:2 não conferem com os gentios que se reuniam no Pátio dos Gentios. Desse
modo, Apocalipse 11:2 não é uma referência ao Pátio dos Gentios.
O
“pátio” de Apocalipse 11:2 é ocupado por inimigos?
O
referido texto afirma que o pátio “foi dado às nações, e elas pisarão a cidade
santa”. Se somente as “nações” pagãs (os gentios) ocupassem tal “pátio”, elas
não teriam servos de Deus a quem ‘pisar’, ou oprimir. O livro de Apocalipse
menciona a “cidade santa” como sendo a celestial “Nova Jerusalém”. (Apocalipse 21:2,
10) Uma vez que seria impossível que inimigos terrestres de Deus pudessem
hostilizar tal figurativa “cidade” celestial, é lógico depreender que Apocalipse
11:2 descreve um ataque contra os representantes terrestres da “cidade santa”.
Estes estariam ocupando o figurativo “pátio”, sendo oprimidos pelas “nações”.
A
natureza e a extensão desse pisoteio, ou ataque, é descrito nos versículos à
frente, que falam da “guerra” travada pela “fera” (“besta, Al) contra as “duas
testemunhas” de Jeová e do desprezo e desdém feito a elas pelos “dos povos, e
tribos, e línguas, e nações”.
(Apocalipse 11:2-10) Os “quarenta e dois meses” em que a “cidade santa” é
pisada equivalem em tempo aos “mil duzentos e sessenta dias” em que as “duas
testemunhas” realizam a sua atividade, sugerindo que se referem ao mesmo
período, indicando que a razão da hostilização por parte das nações se deve ao
ministério realizado pelas “duas testemunhas” quais representantes da celestial
“cidade santa”.
‘Lançar
o pátio fora’ significa rejeitá-lo?
A
expressão ‘lançar fora’, em Apocalipse 11:2, é tradução do verbo grego έκβάλλω (ekbállo), que pode ter um
sentido pejorativo e ser traduzido por “expulsar” (como no caso de expulsão de
demônios, Lucas 11:20), e “desdenhar” (Lucas 6:22); mas também pode ter
conotação positiva, no sentido de “enviar” (Lucas 10:2), e de “impelir” (como
em Marcos 1:12, que diz que ‘o espírito impeliu Jesus a ir para o ermo’); e ainda ser traduzido por ‘colocar [ou trazer]
para fora’ pessoas que estão num determinado ambiente (Atos 9:40), e coisas boas
e más (Mateus 12:25; 13:52), mas não num sentido pejorativo. Então,
perguntamos: em que sentido o pátio é lançado fora?
Evidentemente,
não é no sentido de ser rejeitado. Caso o fosse, tal “pátio” não faria parte da
“cidade santa”, ou de sua representação terrestre. Mas, por que se ordenou a
João que ele não medisse o pátio?
A
medição de algo, nas profecias, indica o estabelecimento de um propósito
definido em relação ao objeto bem com a afirmação inequívoca do cumprimento
desse propósito. (2 Reis
21:13; Jeremias 31:39; Lamentações 2:8; Zacarias 2:2-8) Visto que o naós (templo) mencionado em Apocalipse
11:2 está ligado a realidades celestiais, isso é uma expressão certa do
cumprimento do propósito divino para com tal templo e os associados com ele no
céu. Contudo, o pátio diz respeito a coisas terrenas; os que se encontram na
condição retratada pelo pátio ainda precisam ser provados e achados fiéis –
irreversivelmente qualificados para estar inalteravelmente dentro do propósito
divino para eles. Por essa razão, foi ordenado a João não medir o pátio.
Assim, nosso escrutínio
imparcial das questões suscitadas concernentes a Apocalipse 11:2 torna inequívoco que o “pátio” terrestre mencionado nesse texto diz respeito a uma
condição que retrata representantes terrestres da “cidade santa”, os quais
sofrem ataque por parte dos inimigos de Deus. Nada no texto pode ser usado
verazmente como prova de que a grande multidão não é uma classe terrestre. Mas,
afinal, qual é a real identidade da grande multidão? O próximo e último artigo
desta série analisará esta pergunta crucial.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
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fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
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