João 1:1, Tradução Interlinear do Reino
O que a regra de Colwell prova? Qual a sua utilidade?
O primeiro artigo desta série
mostrou que a chamada “Regra de Colwell” não consegue determinar que um
substantivo anartro (sem artigo) no caso nominativo com função de predicativo e
que precede o verbo seja definido ou não. (Clique AQUI para ver o artigo
anterior.)
Portanto, longe de sustentar a doutrina falsa da Trindade, a regra
de Colwell apenas explica porque, na referida estrutura de sentença, o grego
bíblico não usa o artigo definido quando o
contexto determina que o substantivo anartro é definido. Ou seja, na
estrutura ‘substantivo anartro no caso nominativo tendo a função de predicativo
e precedendo o verbo’ tal substantivo não precisa de artigo para ser definido,
desde que o contexto indique que esse substantivo é definido. Destarte, a regra
de Colwell não prova doutrina, apenas explica a gramática.
Mas, e quando o contexto determina
que o substantivo anartro não é definido? Nesse caso, diversas traduções
utilizam o artigo indefinido nas línguas que o possuem para mostrar que o
substantivo anartro não é definido, auxiliando assim a compreensão do leitor.
Regra de Colwell – regra ou exceção?
Sobre a dita “regra” de Colwell, Daniel
Wallace diz:
Em
referência à Regra de Colwell, apenas os predicados nominativos, anartros e
pré-verbais foram estudados e previamente determinados com maior probabilidade
de ser definido por seus contextos. Não foram estudados todos os casos de
predicados nominativos anartros e pré-verbais. Mas, a conversa da regra,
comumente realizada na academia do NT [“Novo Testamento”] assume que todas as
construções tenham sido examinadas. – Daniel Wallace, em Grammar Greek beyond the Basics, p. 261.
Ademais, em sua pesquisa
Colwell também não incluiu casos em que o predicado é um nome próprio ou um
substantivo monádico, os quais normalmente são definidos. Além disso, ele
excluiu outros usos de PNAPV.
De acordo com Harner, dos 53
usos de PNAPV no Evangelho de João, 40 deles não são definidos. – HARNER,
Phillip. Qualitative Anarthrous Predicate Nouns: Mark 15.39 and John
1.1 (“Substantivos Predicativos
Anartros Qualitativos: Marcos 15:39 e João 1:1”), p. 83.
Dixon analisa todos os casos
de predicativos anartros, independente da posição do predicado em relação ao
verbo, não se restringindo aos casos de PNAPV. Sua conclusão é tal como ele
escreveu:
O
uso do predicativo nominativo anartro em João é significativo. Ele é
qualitativo em 65 das 74 ocorrências [portanto, não é definido], ou seja, 88%
das vezes. Quando um predicativo nominativo anartro precede o verbo [PNAPV] ele
é qualitativo em 50 de 53 ocasiões, ou seja, 94% das vezes [não sendo definido].
Quando ele segue o verbo, o predicativo nominativo anartro é qualitativo em 13
das 19 ocorrências, ou seja 68% das vezes [não sendo definido]. – Paul Dixon, em The significance of the anarthrous
predicative nominative in John (“A significância do predicativo nominativo
anartro em João”), p. 54.
Grande parte das críticas a
Colwell incide em que ele não tratou de exemplos em que a mesma construção
sintática é tida por alguns estudiosos como não sendo nem definida nem
indefinida, mas qualitativa. Sobre a questão da qualitatividade em um PNAPV,
veja o artigo “A Palavra era Deus, um deus ou divina?”
O último artigo desta série irá
analisar o uso da Regra de Colwell na cláusula joanina, debaixo do subtópico:
Que dizer de João 1:1?
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