Certa pessoa fez o seguinte comentário:
As testemunhas de Jeová estão praticamente sozinhas em propor 607 Antes
da Era Comum como a data correta da destruição de Jerusalém. A grande maioria
dos historiadores discorda dessa data.
Porém, mesmo que a data de 607 estivesse correta, não seria possível
usá-la como ponto de partida para os chamados ‘sete tempos dos gentios’, que as
Testemunhas de Jeová computam como sendo 2.520 anos que culminam em 1914 de
nossa Era. Isso porque a Bíblia menciona os "tempos dos gentios"
(Lucas 2124), mas não "SETE tempos dos gentios". Portanto, não dá
para relacionar os "tempos dos gentios" com os “sete tempos” do sonho
de Nabucodonosor da árvore, que foi interpretado por Daniel. (Daniel 4:16) Falta
o elemento principal: Onde a Bíblia indica que a interpretação do sonho teria mais de uma interpretação, ou seja, a
interpretação da interpretação?
Veja o caso envolvendo José no Egito. Ele interpretou os sonhos do Faraó,
que profetizaram sete anos de fartura seguidos de sete anos de escassez. Aquela foi a interpretação dos sonhos.
Por que teríamos de procurar uma interpretação adicional, a interpretação da interpretação?
Acredito que o sonho de Nabucodonosor previu sua doença mental, o que
acabou sendo um golpe na arrogância do rei, o que é claramente mostrado no
contexto. Nabucodonosor, que antes se exaltava por causa de todas as suas
obras, acabou reconhecendo que o Deus de Daniel tinha o poder de dar e tirar, e
que ele, o rei, estava sujeito a esse poder. Havia uma lição a ser aprendida. Não há motivos para crer que esse
sonho tivesse mais alguma interpretação.
Resposta do apologista:
Essa pessoa parte de uma falácia: a de que a grande maioria está certa,
o que não é necessariamente verdade. Se fosse, a grande maioria das pessoas
estaria no caminho estreito. Mas Jesus disse que não é assim:
Mateus 7:13, 14: “Entrem pelo portão estreito, porque largo é o portão e
espaçosa é a estrada que conduz à destruição, e muitos entram por ele; ao
passo que estreito é o portão e apertada a estrada que conduz à vida, e poucos
a acham.”
Quanto à chamada "interpretação da interpretação", essa pessoa
mostra desconhecimento do conteúdo da Bíblia: O texto de Isaías 49:6, na parte
que diz "eu te dei também por luz das nações", foi interpretado
primariamente como se aplicando a Jesus Cristo:
Isaías 49:6: E ele [Jeová] disse: ‘Você não é apenas o meu servo para reerguer as tribos de Jacó e
trazer de volta os sobreviventes de Israel. Eu também o dei como
luz para as nações, para que a minha salvação chegue até os confins da
terra.’”
Isaías 42:1, 6: “Vejam o meu servo, a quem apoio! Meu escolhido, a quem aprovo! Pus nele o meu espírito; ele trará justiça às nações. ‘Eu, Jeová, chamei você em justiça; eu o peguei pela mão. Eu
o protegerei e o darei como pacto para o povo e como luz para as
nações.’”
Mateus 12:18: “Vejam o meu servo a quem escolhi, meu amado, a
quem aprovo! Porei sobre ele o meu
espírito, e ele esclarecerá às nações o que é justiça.”
Lucas 2:30-32: “Meus olhos viram teu meio de salvação [Jesus], que preparaste à vista de
todos os povos, uma luz para remover o
véu das nações e uma glória para o teu povo, Israel.”
Contudo, a mesma passagem
depois foi interpretada por extensão como se aplicando aos discípulos dele:
Atos 13:47: “Pois Jeová nos deu esta ordem: ‘Eu designei você como luz para as nações, para que leve
salvação até os confins da terra.’”
Adicionalmente, as palavras de 2 Samuel 7:14, que foram dirigidas a
Salomão, filho do Rei Davi, foram reinterpretadas pelo escritor de Hebreus como
se referindo a Jesus Cristo:
2 Samuel 7:4, 5, 12-14: “Naquela mesma noite, Natã recebeu a seguinte
palavra de Jeová: ‘Vá e diga ao meu
servo Davi: “Quando chegar o fim dos seus dias e você descansar com os seus
antepassados, farei surgir o seu
descendente, seu próprio filho, e estabelecerei firmemente o
reino dele. É
ele quem construirá uma casa para o meu nome, e eu estabelecerei firmemente
o trono do seu reino para sempre. Eu me tornarei seu pai e ele se tornará meu
filho.”’”
Hebreus 1:5: Por exemplo,
a qual dos anjos Deus disse alguma vez: ‘Você é meu filho; hoje eu me tornei
seu pai’? [Salmo 2:7] E
novamente: ‘Eu me tornarei seu pai e ele
se tornará meu filho’ [2 Samuel 7:14]?”
Outra coisa: a árvore foi aplicada a Nabucodonosor, não por ele ser um
rei soberbo, e sim por se ter tornado rei do "reino da humanidade".
Da 4:20-22, 25: “A árvore que o senhor viu, que
cresceu e ficou forte, cujo topo atingiu os céus e era visível a toda a terra, que tinha bela folhagem, frutos em abundância e
alimento para todos, debaixo da qual moravam os animais selvagens e em cujos
galhos residiam as aves dos céus, é o senhor,
ó rei, porque
o senhor se tornou grande e ficou forte; a sua grandeza cresceu e atingiu os
céus, e o seu domínio [atingiu] os confins da terra. O senhor será expulso do meio dos homens e a sua
morada será com os animais selvagens; receberá vegetação para comer, como os
touros, e será molhado pelo orvalho dos céus; e passarão sobre o senhor sete tempos, até que reconheça que o Altíssimo é Governante no reino da
humanidade e que ele o dá a quem quiser.”
Daniel 4:17: “Isso é por
decreto dos vigilantes e o pedido é declarado pelos santos, para que todos os que
vivem saibam que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser, e estabelece sobre ele até mesmo o mais humilde dos homens.”
Por Nabucodonosor ter se tornado como uma fera do campo, e passar a
comer vegetação, ele se tornou, por assim dizer, “o mais humilde dos homens”.
Depois de ter passado por tamanha humilhação, o Altíssimo Jeová Deus lhe
restituiu o reino. Dessa forma, num cumprimento típico, o Altíssimo mostrou que
dá o “reino da humanidade” a quem Ele quiser, até mesmo ao mais humilde dos
homens.
Acontece que este mesmo reino da humanidade é dado a Jesus Cristo.
Daniel 7:13, 14: “Continuei olhando nas visões da noite e vi alguém parecido
com um filho de homem vir com as nuvens dos céus; ele obteve acesso ao
Antigo de Dias e foi conduzido à sua
presença. E foi-lhe dado domínio, honra e um reino, para que os povos, nações e línguas o
servissem. Seu domínio é um domínio
eterno, que jamais terminará, e seu reino não será destruído.”
Apocalipse 11:15: “O sétimo
anjo tocou a sua trombeta. E houve vozes altas no céu, dizendo: ‘O reino do mundo se tornou o Reino do nosso Senhor e do seu
Cristo, e Ele reinará para todo o sempre.’”
Jesus, por ter aceitado voluntariamente se despojar de sua divindade no
céu e vir à Terra, assumindo a forma de escravo, tornou-se, efetiva e
absolutamente, o mais humilde dos homens. Sua humildade não foi resultado de
uma humilhação imposta, como foi o caso de Nabucodonosor, mas foi voluntária.
Filipenses 2:7, 8: “Ele [Jesus como o “Verbo”] abriu mão de tudo que tinha, assumiu a forma de escravo e se tornou humano. Mais do que isso, quando veio como homem, ele se humilhou e se tornou obediente a ponto de enfrentar a
morte, sim, morte numa estaca.”
Todo esse conteúdo bíblico aponta para um cumprimento do sonho da árvore
na pessoa de Jesus Cristo.
A expressão "tempos dos gentios" se refere ao período em que
as nações dominariam 'pisando Jerusalém':
Lucas 21:24: “E eles
cairão pelo fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e Jerusalém
será pisada pelas nações até
se cumprirem os tempos determinados das nações [“os tempos dos gentios, ACRF].”
Evidentemente não se referia à Jerusalém da Palestina, e sim, ao que ela
representava: a “cidade do grande Rei”, Jeová Deus. (Mateus 5:35), a capital do
reino típico de Deus.
Quando o Reino de Deus, representado pelo reino típico de Judá, tendo um
descendente de Davi como rei começou a ser 'pisado'? Quando Nabucodonosor
destruiu Jerusalém e levou os judeus para o exílio. E quando haveria de novo um
descendente de Davi governando? Quando Jesus começasse a reinar. Isso seria no
tempo do fim, conforme Apocalipse 12:7-, 12:
“Irrompeu uma
guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalharam
contra o dragão, e o dragão e os seus anjos batalharam, mas eles não venceram, nem se achou mais lugar para
eles no céu. Assim, foi lançado para baixo o grande dragão, a serpente original, o chamado Diabo e Satanás, que
está enganando toda a terra habitada. Ele foi lançado para baixo, à
terra, e os seus anjos foram lançados para baixo junto com ele. Ouvi uma voz alta no céu dizer: “Agora se
realizou a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade
do seu Cristo, porque foi lançado para baixo o acusador dos nossos irmãos,
que os acusa dia e noite perante o nosso Deus! Por essa
razão, alegrem-se, ó céus, e vocês que residem neles! Ai da terra e do mar, porque o Diabo desceu a vocês com grande ira, pois sabe que lhe resta pouco tempo.”
Todo esse fundo montado pelo conteúdo bíblico nos ajuda a entender que o
sonho de Nabucodonosor foi profético da ruína e do restabelecimento do Reino de
Deus nas mãos de um descendente de Davi.
Salmo 89:35, 36: “Na
minha santidade, jurei de uma vez para sempre; não vou mentir a Davi. Sua descendência permanecerá
para sempre; seu trono durará como o sol diante de mim.”
Daniel 2:44: “Nos dias
desses reis, o Deus do céu estabelecerá um reino que
jamais será destruído. E esse reino não passará para as mãos de nenhum outro povo. Vai esmigalhar e pôr um fim a todos esses reinos, e somente ele permanecerá para sempre.”
Jeremias 33:21: “Assim diz
Jeová: ‘Se vocês pudessem invalidar o meu pacto do dia e o meu pacto da noite,
para que não houvesse dia e noite no tempo determinado, só nesse caso
poderiam ser invalidados o meu pacto com
Davi, meu servo,
para que ele não tivesse um filho reinando no seu trono.”
Lucas 1:32, 33: “Ele [Jesus] será grande e será chamado Filho do
Altíssimo, e Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e
ele será Rei sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu Reino.”
Explicação da sigla usada:
ACRF: Almeida Corrigida e Revisada
Fiel.
A menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada.
Contato: oapologistadaverdade@gmail.com
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