Fonte da ilustração:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/revistas/wp20131101/mentira-tornou-deus-cruel-inferno/
“Pois aquele que
morreu foi absolvido do seu pecado.” – Romanos 6:7.
O contexto de
Romanos 6:7 mostra claramente que a aplicação feita por Paulo foi em sentido
figurativo. (Romanos 6:1-6) E a própria organização de Jeová reconhece isso. A
revista A Sentinela de 1.º de setembro de 1975
comenta:
A consideração dos textos circundantes revela que o apóstolo
Paulo estava falando dos cristãos ungidos pelo espírito que viviam naquele
tempo. Enquanto ainda vivos, haviam sido batizados em Cristo Jesus e recebido a
perspectiva válida da vida celestial. A fim de serem ungidos com espírito santo
e aceitos como filhos espirituais de Deus, tinham
de morrer para com seu proceder anterior na vida como humanos imperfeitos,
tinham de receber o perdão de seus pecados por Deus e a imputação de perfeição
humana. – Página 543, sob “Perguntas dos Leitores”; negrito acrescentado.
Contudo, uma
ilustração ou uso figurado tem de se harmonizar com a realidade. Podemos ver
isso na visão dada a Pedro em Atos 9:10-16. Tal visão dizia respeito a animais
impuros sob a Lei mosaica terem sido purificados. Pedro entendeu que a
aplicação dizia respeito a ‘não chamar nenhum homem [de outra raça] de aviltado
ou impuro’. (At 10:28) Mas, visto que uma ilustração tem de se harmonizar com a
realidade, se os animais impuros sob a Lei não tivessem sido realmente
purificados, tal ilustração não serviria ao propósito de provar que os gentios
haviam sido purificados. O que Pedro entendeu (e nós também devemos entender) é
que, uma vez que os animais impuros sob a Lei haviam sido purificados, o mesmo
havia ocorrido com os gentios. A Lei, que servia qual “muro” de separação entre
judeus e gentios, havia sido ‘abolida’ por meio de Cristo, ‘reconciliando ambos
os povos com Deus’. – Efésios 2:11-18.
Veja
outro exemplo: Isaías 11:6-9 tem inicialmente um cumprimento figurado na
mudança de condição na personalidade dos israelitas que retornaram do exilio
babilônico. Essa mudança de comportamento foi ilustrada pela mudança do
comportamento dos animais no Paraíso restabelecido. Entretanto, se isso só
tivesse um sentido figurado, não sendo indicação de que os animais serão mansos
na Terra restaurada, a ilustração dos animais mansos não serviria ao propósito
intencionado. Afinal, se os animais nunca ficarão mansos, não serviriam para
ilustrar a mansidão na humanidade. Portanto, uma ilustração tem que se
harmonizar com o que está sendo ilustrado.
O
mesmo se dá com relação a Romanos 6:7. A aplicação figurada expressa uma
verdade, ou realidade. Ou seja, uma vez que alguém que figuradamente morreu
para com seu proceder anterior “foi absolvido do seu pecado”, do mesmo modo uma
pessoa que morreu literalmente igualmente foi ‘absolvida do seu pecado’. A
referida Sentinela acima diz:
Para fazer este comentário com respeito aos cristãos
ungidos, Paulo usou uma ilustração natural e real. Na sua aplicação ampla,
poder-se-ia dizer corretamente que aquele que morreu foi absolvido de seu
pecado. – Página 543.
Assim, o que Paulo
quis dizer é que, uma vez que aquele que morre literalmente é absolvido do seu
pecado, o mesmo ocorre em sentido figurado: quem morre para com um
comportamento pecaminoso (no sentido de deixar para trás tal comportamento) é
absolvido (perdoado) dessa vida pregressa. Igualmente, Romanos 6:23 afirma
que “o salário pago pelo pecado é a morte”, um fato tanto em sentido figurado
quanto literal.
No entanto, se a
pessoa continuasse a ser torturada após a morte física e literal, ela ainda
estaria pagando por seus pecados. Portanto, Romanos 6:7, 23 mostra claramente
que a doutrina do tormento eterno não é bíblica. Uma vez que a Bíblia é
harmoniosa, e a verdade expressa nesses dois versículos não pode ser negada,
quaisquer outros textos que superficialmente pareçam sugerir a ideia do inferno
de fogo eterno (devido ao conceito preconcebido infundido por séculos de
apostasia) precisam ser interpretados em harmonia com Romanos 6:7, 23.
Além disso, esses
dois versículos mostram que o chamado “Dia do Juízo”, ou dia do julgamento, não
é um período de 24 horas. (Atos 17:31) Os ressuscitados precisarão de um
período suficiente para adotar um novo modo de vida, a fim de serem julgados
pelo que farão após terem sido ressuscitados. (Apocalipse 20:12) Ademais, o
texto também acumula evidência de que a Terra será um Paraíso e que pessoas
justas habitarão a Terra eternamente. (Salmo 37:29) Pois, visto que tais
ressuscitados terão uma segunda chance de optar por um novo modo de vida, fica
claro que tal ressurreição não será no céu, recompensa esta que é oferecida a
quem recebe a chamada celestial e mantém até a morte um proceder fiel como
cristão, para então no céu atuar como rei junto com Cristo, ‘reinando sobre a
terra’. – Apocalipse 2:11; 3:21; 5:10; 2 Timóteo 2:12; Re 1:6.
Assim, diversas
verdades podem ser extraídas de Romanos 6:7, 23. Cabe ao leitor que até então
tinha um conceito diferente decidir se aceitará tais claras e lógicas verdades
ou se continuará a ater-se aos ensinos pagãos e não bíblicos da imortalidade da
alma e do tormento eterno. – João 8:32.
A
menos que haja uma indicação, todas as citações bíblicas são da Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada
pelas Testemunhas de Jeová.
Os artigos deste site podem ser citados ou republicados, desde que seja citada a
fonte: o site www.oapologistadaverdade.org
Comentários
Boa consideração Apologista.Jeová continue a te abençoar.
Em Romanos 8 *Rm 8:5,6,27*
A expressão "intenção do espírito" do verso 27 é a mesma em grego usada no verso 6 para a "mentalidade segundo a carne" e a "mentalidade segundo o espírito"? Qual a diferença entre o "phronema" de espírito e o "phronema" de carne? Digo isso porque poderíamos dizer que assim como o espírito tem "intenção" *Rom 8:27 Almeida* assim também a carne tem intenção, vontade ou algo assim? A carne estaria sendo personificada assim como o espírito no contexto de Romanos 8.
φρονέω:
1) ter compreensão, ser sábio 2) para sentir, pensar 2a) para ter uma opinião de si mesmo, pensar em si mesmo, para ser modesto, não deixe uma opinião (embora apenas) de si mesmo exceder os limites de 2b modéstia ) pensar ou julgar o que uma opinião é 2c) para ser do ie mesma mente concordaram juntos, acalentar os mesmos pontos de vista, de 3 harmoniosa) para direcionar a mente para uma coisa, para procurar, lutar pela 3a) para buscar um de juros ou vantagem 3b) ser de seu partido, do lado dele (nos assuntos públicos)
Em harmonia com as várias definições acima, a NM traduz por ‘fixar a mente’.
Já o versículo 6 usa o substantivo frónema, que tem sido definido como “O que se tem em mente, os pensamentos e propósitos”. Assim, a NM traduz por “mentalidade”. O mesmo substantivo é usado no versículo 27, sendo na NM traduzido por “sentido”, ao passo que a nota remissiva diz sobre frónema: “Ou ‘a ideia; o pensamento’.”
De fato, como você trouxe à atenção em seu comentário, tanto o espírito quanto a carne são personificados. Portanto, tentarem os trinitaristas provar a suposta personalidade do espírito santo usando essa passagem implica em também ter que aceitar a suposta personalidade da carne!
A respeito dessa passagem, o artigo “Estudo sobre Pneumatologia – Parte 5” (neste blog, no link http://oapologistadaverdade.blogspot.com.br/2012/09/estudo-sobre-pneumatologia-parte-5-o.html) fez o seguinte comentário:
“No que diz respeito a contrastes, ou antíteses, o espírito santo é contrastado com “código escrito” (“letra”, Al; Rom. 2:29; 7:6; 2 Cor. 3:6), e com “tinta” (2 Cor. 3:3); com o pecado e a morte (Rom. 8:2), e com a “carne”. (Rom. 8:4-6; Gál. 5:16-18; 6:8) Nenhuma dessas coisas é uma pessoa, do mesmo modo como o espírito santo não é. Nesse respeito, a Bíblia personifica tanto o espírito quanto a “carne” como tendo “desejo”. (Gál. 5:17). Há um contraste entre ‘ficar embriagado [cheio] de vinho’ com ‘ficar cheio de espírito’. – Efé. 5:18.”
Com respeito à ressurreição física, como ser humano, temos o fato de que, das nove ressurreições relatadas na Bíblia, oito foram físicas. (1 Rs 17:17-24; 2 Rs 4:32-37; 13:20, 21; Mt 28:5-7; Lu 7:11-17; 8:40-56; At 9:36-42 e 20:7-12) Apenas a ressurreição de Jesus Cristo foi como ser espiritual, tendo em vista que ele já havia sido um ser espiritual no céu antes de ter vindo à Terra. (1Pe 3:18; Jo 3:13) Assim, a ressurreição é predominantemente terrestre. Apenas os chamados para governar com Cristo terão uma ressurreição celestial, espiritual. (2Ti 2:12; Re 20:4) A respeito dos ressuscitados para a vida espiritual, a Bíblia diz: “Sobre estes a segunda morte não tem autoridade.” (Re 20:6) Isso indica que não haverá punição para os que recebem tal ressurreição. Não serão submetidos à “segunda morte” (a destruição eterna), muito menos a um tormento eterno. Em outras palavras, não haverá injustos na ressurreição espiritual.
Também, para haver um tormento eterno, TODOS os que já morreram teriam de ser ressuscitados – uns para a salvação e outros para o tormento eterno. Mas não é isso o que a Bíblia ensina. A Palavra de Deus diz o seguinte a respeito daqueles que são ímpios incorrigíveis: “Morrendo eles, NÃO TORNARÃO A VIVER; falecendo, NÃO RESSUSCITARÃO; por isso os visitaste e destruíste, e apagaste toda a sua memória.” (Is 26:14, ACRF) Por isso é que Jesus falou dos “CONTADOS DIGNOS DE GANHAR aquele sistema de coisas e A RESSURREIÇÃO dentre os mortos”. (Lu 20:35) Não seria assim se todos os que morrem fossem ressuscitados.
Mas que dizer de Daniel 12:2? Prova esse texto que TODOS serão ressuscitados? Não! Note a fraseologia usada no texto: “E MUITOS [não diz “todos”] dos adormecidos no solo de pó acordarão, estes para a vida de duração indefinida e aqueles para vitupérios e para abominação de duração indefinida.”
Uma vez que a ressurreição é para os que têm oportunidade de se corrigir (Is 26:14; Lu 20:35), e uma vez que os ressuscitados serão julgados à base do que FIZEREM após sua ressurreição (Ro 6:7, 23; Re 20:12), esses “MUITOS” só podem ser pessoas com potencial de herdar a vida eterna na Terra. Então por que é que se diz que alguns “acordarão … para vitupérios e para abominação de duração indefinida”?
Evidentemente porque não aproveitarão a oportunidade que lhes será concedida. Mesmo nas melhores das condições, decidirão se rebelar contra a Soberania de Jeová. Como diz Isaías 26:10: “Ainda que se mostre favor ao iníquo, ele simplesmente não aprenderá a justiça. Na terra da direiteza ele agirá injustamente e não verá a alteza de Jeová.” Assim, a ressurreição de tais mostrará ter sido “para vitupérios e para abominação de duração indefinida”, uma vez que serão submetidos à “segunda morte” – a morte eterna. – Re 20:14, 15.
Foi muito esclarecedora.
Abraços!
Samuel
Também poderiam questionar qual a realidade por trás da visão profética das almas que clamam sob o altar do Apocalipse no capitulo 6 após a abertura do quinto selo [Ler do 9-11].
Conforme sabemos, o Seol-Hades (a sepultura comum da humanidade) é o lugar que se encontra no solo da terra, abaixo da superfície. (Núm 16:31-33; veja também o Apêndice da Tradução do Novo Mundo, p. 1514.) Assim, por semântica (estudo da evolução do sentido das palavras através do tempo e do espaço) Seol (Hades) passou a representar figuradamente uma condição de rebaixamento profundo. (Mt 11:23; Jó 11:7, 8; Estudo Perspicaz das Escrituras, volume 2, p. 278) Esse evidentemente é o sentido usado na referida parábola. Estudo Perspicaz (volume 2, p. 278) declara: “O ‘rico’ da parábola é mencionado como ‘enterrado’ no Hades, o que fornece evidência adicional de que o Hades refere-se à sepultura comum da humanidade”, mas, nessa parábola, o Hades é usado em sentido figurado – de condição de rebaixamento. Ou seja, há uma realidade – a sepultura comum da humanidade – usada em sentido figurado, como ocorre em Romanos 6:7, 23. O “rico” (pessoa de posição social plutocrática) é uma realidade neste sistema de coisas, usada para representar a opulenta e dominadora classe clerical dos judeus. (Lu 16:14, 15) “Lázaro” é um nome próprio real usados para humanos, que provavelmente é a forma grega do nome hebraico “Eleazar”, que significa “Deus Ajudou”. (Estudo Perspicaz, vol. 2, p. 666) Assim, a escolha, por parte de Jesus, desse nome para representar o povo comum oprimido e espiritualmente faminto pelo visto se deve a seu significado etimológico, para representar a ajuda dada por Deus mediante Cristo a esse povo. (Mt 9:36) A morte – um evento real – também foi usada em sentido ilustrativo, de mudança de condição. (Ef 2:1, 5) Portanto, a conversa envolvida na parábola, da parte do “rico”, é um claro exemplo de prosopopeia. Segundo o Dicionário Michaelis, prosopopeia é definida como “figura pela qual se atribui qualidade ou sensibilidade humana a um ser inanimado e se fazem falar as pessoas ausentes e até os mortos.” A mesma figura da prosopopeia se aplica à passagem de Isaías 14:3-23.
No caso das “almas” descritas em Revelação 6:9-11, sabemos que as palavras originais traduzidas por “alma” (hebraico né•fesh e grego psy•khé) significam primaria e diretamente um ser vivo (humano ou animal), que se move e que respira. (Gn 1:20; 2:7) Então, por semântica (ou afinidade de conceitos) a palavra também passou a significar a vida usufruída pela criatura, ou ser vivo respirante, a exemplo de Gênesis 35:18 e Mateus 16:25. (Veja a nota de rodapé na Almeida Corrigida sobre Mateus 16:25.) Uma vez que a vida é simbolizada pelo sangue, esses dois termos – “alma” e “sangue” – passaram a ter uso intercambiável. (Gn 9:4; Le 17:11) Visto que a passagem de Revelação, capítulo 6, menciona que tais “almas” se encontram “por baixo do altar” (versículo 9), o significado de “alma” nessa ocorrência tem a ver com o sangue, o qual era derramado “junto à base do altar” de sacrifícios. (Le 4:7) Por conseguinte, trata-se de outro uso de prosopopeia (personificação), como em Gênesis 4:10, onde Jeová declarou: “O sangue de teu irmão está clamando a mim desde o solo.” O altar (algo real) simboliza a morte sacrificial dos cristãos com esperança celestial. (Fil 3:10; 2:17) Tais cristãos foram perseguidos por “Babilônia, a Grande” – o império mundial da religião falsa , como descrito em Revelação 17:6: “E eu vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus.” Assim, é apropriado o quadro de o sangue (alma) de tais cristãos prosopopaicamente ‘gritando com voz alta’.
Veja o verso 8 que mostra esse fato, Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
Romanos 6:8 ARA
Aquele que morreu com Cristo foi perdoado. Não tem mais culpa.